É para os portugueses do mundo inteiro, um dos mais importantes acontecimentos históricos. Pois, esta reviravolta histórica mudou a vida da maioria dos portugueses, tanto fora como dentro do país.
Estima-se que em 1974, mais de meio milhão de portugueses fugiram para França, a maior parte deles de forma ilegal através do, infelizmente famoso, “Salto” que se fazia sob a ameaça policial da ditadura salazarista, a PIDE, amontoados em carros e camiões, por vezes em pé, abrigados em celeiros, mal alimentados. No final, dava-se a passagem dos Pirenéus debaixo de todos os temporais, por vezes à mercê de passadores desonestos e sem esquecer o risco de serem abandonados pelo caminho. O Salto representa o momento em que milhares de portugueses se arriscavam a ser presos pela polícia, e deixavam os seus entes queridos em busca de uma vida melhor, longe da ditadura e das suas opressões.
Hoje, para festejar este dia da Liberdade, a Cap Magellan procurou pôr a luz sobre os portugueses que por razões políticas, económicas ou pessoais se encontravam em França quando soprou este vento de liberdade em Portugal. Procuramos, então saber como ouviram e souberam desta notícia pela primeira vez, já que na época havia uma certa falta de comunicação entre Portugal e França, tanto pelo facto de ser oneroso como pelo facto de ser pouco acessível, e por vezes até perigoso para os desertores. Questionámo-nos então sobre como esta notícia chegou até os lares daqueles que deixaram Portugal à procura de uma vida melhor em França, e como este dia mudou as suas vidas.
Apresentamos abaixo excertos dos 9 retratos que põem em destaque a história destas pessoas que, como tantas outras, deixaram o seu país em busca de uma vida melhor e viveram um dos dias mais importantes da nossa história longe dos seus e das suas origens.
« Lorsque la Révolution des Oeillets a eu lieu, nous vivions dans le 20e arrondissement de Paris. Nous avons appris la nouvelle au journal télévisé. J’étais trop jeune pour mesurer l’ampleur de l’évènement. Avec du recul, j’avoue que j’aurais aimé être plus âgée pour me réjouir davantage de cette nouvelle. » – Altina Ribeiro
« Ayant connu le Portugal avant 1974 lorsque j’y suis retourné pendant mes vacances, tout avait changé : l’œillet que les soldats portaient à la boutonnière et au bout de leur fusil était devenu l’emblème du pays. Les gens s’exprimaient librement (…) » – António Lopes
« Dans un premier temps, j’ai senti un peu d’inquiétude pour tous ceux qui sont restés au Pays, surtout pour ma famille, mais dès que les soldats ont pris le pouvoir, j’ai eu un sentiment de liberté et l’idée que bientôt je pourrais me rendre au Portugal, libre (…) » – António Pereira de Oliveira
« Les informations montraient des gens qui avaient l’air heureux. (…) C’était la liesse générale de se débarrasser de la dictature de Salazar. Pour nous, qui vivions en France, il n’y a eu que peu de changements. Mais nous étions contents pour le pays et nos proches qui vivaient là-bas. » – Gina Rebelo Silva
« Estávamos feliz por ter acabado, mas apesar do 25 de Abril e da revolução, a família toda ficou em Franca e só voltamos a Portugal de férias. (…) Nós decidimos ficar a viver em França porque embora o regime salazarista tivesse acabado, a vida lá na nossa aldeia continuava a ser difícil. » – Laurinda Dos Anjos Nabais
« L’information, je l’ai entendue rapidement au travail puis elle m’a été confirmée à la maison et je l’ai vécue avec joie. » – Maria da Luz Vieira Monteiro Almendra
« J’ai suivi ces jours avec une joie profonde et soulagé pour ce peuple qui avait tant souffert de la dictature. » – José Almendra
« Quando recebemos a notícia do 25 de Abril, foi uma explosão de alegria muito grande, os canais franceses divulgaram o que estava a acontecer na televisão e foi uma coisa fantástica ver o país a ser libertado. (…) Apesar de não ter realmente noção, eu sei e lembro-me que foi uma alegria tremenda. » – Ramiro Dias da Silva Jesus
« (…) Quando ouvimos a notícia na rádio sobre o golpe de estado em Portugal, a nossa preocupação foi enorme. Não tenho palavras para explicar, pois tivemos todo o dia sem nada saber mais nada visto que não podíamos comunicar com os nossos familiares como se faz hoje. » – Rosalina e José Janeiro
Podem encontrar as versões completas na nossa página Facebook “Cap Magellan” ! Agradecemos aos que aceitaram participar e aqui fica a nossa celebração deste dia tão especial. Ficamos muito felizes por colocar em destaque os portugueses que estão em França, e que apesar de estarem longe dos seus e do seu país, viveram este dia com a mesma ansiedade e alegria.
Autoria:
Elsa Macieira
Emma Silva
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