Em Portugal também se estão a sentir os efeitos deste fenómeno, com as taxas de juro da dívida a disparar. A dívida nacional está, de resto, entre as mais penalizadas pela fuga ao risco. Segundo o Público, os investidores dos mercados financeiros internacionais acabam, por colocar o seu dinheiro nos ativos que veem como mais seguros, fugindo daqueles onde consideram haver risco. Ao nível do mercado da dívida pública europeia, a avaliação de risco realizada pelos investidores continua a ser dominada pela distinção entre os países do centro e os chamados países periféricos, algo que acaba por penalizar Portugal.
Várias companhias aéreas reduzem, em grande escala os seus voos, como é o caso da companhia, low-cost, ryanair. O presidente executivo da TAP, Antonaldo Neves, também já se pronunciou sobre este tema, “um momento de preocupação e incerteza causados pela Covid-19”, pandemia que gerou “uma crise sem paralelo. Na missiva, Antonoaldo Neves sublinha que, “além das profundas consequências na aviação e no turismo”, o novo coronavírus provocou “a nível global uma crise com forte impacto na saúde dos povos e na sua economia”.
A reprogramação da operação da companhia, face às indicações das autoridades de saúde nacionais e dos países onde opera, tem obrigado todos a um esforço adicional, reconhece o presidente executivo da TAP, considerando a “união de todos” fundamental para vencer as dificuldades e regressar à normalidade.
Porém, alerta para que o desafio que a TAP tem pela frente “é enorme”, pois tão importante como salvaguardar o interesse dos acionistas, públicos ou privados, e dos trabalhadores, a companhia assume-se como “a mais importante empresa nacional” convocada “para defender os interesses de Portugal”.
Afirma ainda, estar consciente de que “os sacrifícios não acabam no momento do regresso à normalidade sanitária global” e que “será ainda necessário que haja um regresso aos níveis de procura normais, sem esquecer que as consequências negativas na saúde financeira da indústria se repercutirão por muito tempo”.
Já no Brasil, existe uma grande incerteza local, que indicia o quarto ano consecutivo de fraco crescimento. Nas últimas semanas, bancos e consultorias começaram a rebaixar as previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020. No início do ano, as expectativas mais otimistas previam que a economia brasileira pudesse crescer até 3%. Hoje, a maioria dos analistas projeta apenas uma alta entre 1,5% e 2%. Se as projeções se confirmarem, será o quarto ano de crescimento do Brasil na casa de 1% – um desempenho bastante fraco depois uma recessão tão forte como a que ocorreu no biênio 2015 e 2016.
Por trás de um novo ano de pessimismo está uma combinação perversa: a economia global está desacelerando, com o risco de recessão diante do avanço do coronavírus, e, internamente, o Brasil lida com uma grande incerteza sobre capacidade de o governo avançar com uma agenda de reformas que garanta a solidez fiscal e melhore o ambiente de negócios do país.
Apesar dos cenários económicos se traçarem negros, a prioridade deve ser apenas uma, a Saúde pública.
Découvrez cet article (et bien d’autres) dans l’édition d’avril 2020 du CAPMag N°298 : https://capmagellan.com/wp-content/uploads/2020/03/CAPMag-298-WEB.pdf
Vitória Calado
Estudante no Instituto Politécnico de Leiria – ESTM
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