
Candidatos franco-portugueses Em Marcha! integram “revolução na política francesa”
14 juin 2017
Seis candidatos de origem portuguesa confirmados na corrida à segunda volta
14 juin 2017A Deputada lusodescendente Christine Pires Beaune (PS) conseguiu resistir à “vaga Macron” e foi apurada para a segunda volta das eleições legislativas francesas, enquanto Patrice Carvalho foi logo eliminado e não vai poder cumprir um terceiro mandato na Assembleia.
Face a um cenário em que o PS sofreu uma derrota histórica, a socialista Christine Pires Beaune conseguiu 27,27% dos votos, atrás de Mohand Hamoumou (29,87%), candidato de A República em Marcha! do Presidente Emmanuel Macron, e está confiante na segunda volta. “Tenho uma reserva de votos. O candidato de Esquerda, da França Insubmissa, teve 15,72% dos votos, mas não se vai apresentar. Por isso, tenho essa reserva de votos que me é favorável”, explicou a lusodescendente.
Christine Pires Beaune, que aderiu ao PS em 1998, considerou que “os eleitores julgaram que o PS trabalhou mal nos últimos cinco anos” e há que “reconstruir o Partido”.
“A guerra interna no PS não ajudou. Hoje, vemos o resultado, mas atenção que as ideias não estão mortas e vamos reconstruir qualquer coisa em torno de todos os Progressistas. É preciso que todos os que têm ideias de Esquerda se juntem para construir um projeto e trabalhar porque o PS se esqueceu de trabalhar nos últimos anos”, afirmou.
Presidente cessante do Grupo parlamentar de amizade França-Portugal e Secretária cessante do Grupo parlamentar de amizade França-Angola, a lusodescendente está determinada em “vencer a batalha no terreno com um trabalho de convicção junto dos eleitores para ganhar no próximo domingo”.
“Quando se pertence a uma família política que só faz 10% dos votos, só podemos ficar dececionados. Não escondi a etiqueta socialista na primeira volta e não a vou esconder agora. Os eleitores que votaram por mim sabem quem eu sou”, descreveu a filha de emigrantes da Guarda que chegaram a França no início dos anos 60.
Patrice Carvalho
eliminado Com uma elevada abstenção na sexta circunscrição de Oise, o Deputado comunista Patrice Carvalho não conseguiu passar à segunda volta com 18,86% dos votos, atrás de Carole Bureau-Bonnard (30,04%), candidata Em Marcha!, e de Michel Guiniot (21,02%), candidato do partido de extrema-direita Frente Nacional.
“Fui afetado com a vaga Macron, com A França Insubmissa, mas não estou assim tão desiludido. Pelo menos, vou continuar autarca e conselheiro distrital”, afirmou aquele que é, desde 1989, Maire de Thourotte (60), a uma centena de quilómetros a norte de Paris.
O lusodescendente de 65 anos recandidatou-se a um assento parlamentar, com as cores do Partido Comunista Francês (PCF), e teve nove adversá- rios, incluindo à Esquerda, nomeadamente de A França Insubmissa, Luta Operária e Europa Ecologia – Os Verdes.
Antigo mecânico, o Deputado cessante ficou conhecido, em 1997, por se ter vestido com um fato-macaco na Assembleia no primeiro dia de mandato por ser “o único operário eleito” e afirmou à Lusa que “o enterro do PCF – a que aderiu em 1967 – ainda não aconteceu”.
Ainda que seja candidatado às legislativas “desde 1978”, Patrice Carvalho só teve um assento na Assembleia entre 1997 e 2002 e, a partir de 2012, foi Vice-Presidente dos Grupos parlamentares de amizade FrançaPortugal e França-Guiné-Bissau.
Além de Patrice Carvalho e Christine Pires Beaune, houve um terceiro lusodescendente no parlamento francês cessante: Carlos da Silva era o suplente do antigo Primeiro-Ministro Manuel Valls, tendo sido Deputado entre 2012 e 2016, passou a assistente parlamentar de Valls quando este regressou ao Parlamento, em 2017.
Fonte : Carina Branco, Lusa.