2017 promete ser um ano muito intenso e cheio de novos projetos para Lisboa! Em junho de 2016 foi ratificada em La Paz, na Bolívia, a proposta apresentada para eleger Lisboa como capital ibero-americana da cultura deste ano. Esta é a segunda vez que Lisboa assumirá esse projeto, tendo a primeira vez sido em 1994. Este acontecimento é organizado pela UCCI – União de Cidades Capitais Ibero-americanas. A UCCI é uma organização internacional não governamental e sem fins lucrativos. Os seus principais objetivos são estimular as relações entre as cidades-capitais do território ibero-americano e o desenvolvimento e solidariedade entre estas cidades. Entre os membros encontramos as capitais e outras grandes cidades ibéricas e latino americanas como Bogotá (Colômbia), Buenos Aires (Argentina), Brasília e São Paulo (Brasil), Havana (Cuba), Madrid e Barcelona (Espanha) e muitas mais. No conjunto de todas as cidades, a UCCI reúne mais de 120 milhões de pessoas.
Se 2016 foi o ano de Andorra, este ano é o ano da capital portuguesa. Este acontecimento será o mote para a promoção de um ano artisticamente inovador, em que se terão em conta os processos históricos e a troca de conhecimentos que enquadram as relações entre as cidades da Europa e das Américas. A programação associada a esta celebração está desenvolvida a partir de instituições culturais da Câmara Municipal de Lisboa, EGEAC e da Casa da América Latina. A programação foi montada no prazo de seis meses e com orçamento de 1,5 milhões de euros (3 milhões se contarmos com o que os vários equipamentos trazem). Serão cerca de 150 eventos, entre os quais 38 concertos e espetáculos, 31 exposições, 5 ciclos de cinema, 7 colóquios e mais uma serie de atividades espalhadas por 50 espaços em Lisboa, que vão desenvolver 390 artistas e convidados internacionais e 250 nacionais. Num programa que junta a questão indígena, afrodescendente e migrações à criação contemporânea, Lisboa vai vivenciar um ano cheio de eventos artísticos sob a direção do comissário-geral António Pinto Ribeiro.
“Passado e Presente Lisboa Capital Ibero-Americana de Cultura, 2017” é o nome que deram a este acontecimento que se inaugurará no dia 7 de janeiro de 2017 no Padrão dos Descobrimentos. Aí vai encontrar-se um mural feito propositadamente pelo artista mexicano Demián Flores ao qual pôs o nome de “Al Final del Paraíso” dando um ponto de partida a este ano cultural. O mural vai ilustrar a chegada dos Europeus às “ĺndias ocidentais” que ficaram fascinados com o paraíso que ali encontraram. Mas o paraíso não iria durar muito sendo que foi preciso derramar muito sangue para que a América fosse construída. Logo no primeiro dia é possível atestar a viagem entre o passado e o presente. Sem intenção de “branquear” a memória, Pinto Ribeiro propõe-se apresentar as visões de um passado colonialista e esclavagista, a complicada relação com os povos indígenas, a influência dos muitos fluxos de migração que cruzam o Atlântico, tantas vezes fruto de guerras, e o modo como, ainda hoje, esse passado está presente.
Como disse o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, “em vez de construir muros, é preciso construir pontes” entre cidades, países e culturas. E é isso que se propões fazer esta programação de capital ibero-americana. Se estiver em Lisboa em 2017, não perca a oportunidade de assistir a um dos eventos organizados!
Astrid Cerqueira
Fontes: www.lisboacapitaliberoamericana.pt; ciudadesiberoamericanas.org
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