“Depois de uma estadia emocional e intelectualmente forte em Portugal, entre 1982 e 1984 mantinha uma ligação forte com o país, através de traduções, artigos e livros e criei naturalmente esta livraria, dedicada primeiramente a Portugal e, depois, à lusofonia”, explica Michel Chandeigne, livreiro, editor e orador, especialista em países lusófonos e em história dos Grandes Descobrimentos e antigo professor de Biologia.
Junto da entrada, poderá identificar uma mesa com vários livros mais velhos do que a própria livraria, que podem ser adquiridos por um preço simbólico rondando os três euros. Passando a porta de entrada, ouve-se falar tanto francês como português e um rosto simpático ilumina o espaço. Joanna, responsável pela livraria quando M. Chandeigne se ausenta, acolhe os visitantes. Muitos, turistas curiosos, admirados pela atratividade da vitrina, outros, têm um propósito mais específico. Um jovem desloca-se para a estante de Mia Couto. “A parte da África Lusófona representa 8,8% da oferta, mas mais de 14% das vendas. O autor mais procurado é de longe Mia Couto, seguido de Agualusa, Ondjaki, Paula Chiziane, Pepetela, Germano Almeida, Arménio Vieira, Sum Marky, Luandino Vieira, Conceição Lima, etc”, conta o fundador do espaço.
A oferta literária está dividida por zonas geográficas. À direita do balcão, uma prateleira voluminosa dedicada a África. Para M. Chandeigne, o lugar da literatura africana na literatura de língua portuguesa “é muito importante, pela renovação dos temas e da escrita que traz à cultura portuguesa e brasileira. Também com um público leitor mais jovem”. Apesar de temas como a aculturação e a procura de identidade serem recorrentes, não são exclusivos.
Para o dono desta livraria, a literatura africana está muito presente em França, não apenas da África francófona, mas também da África anglófona, contudo, revela que a África lusófona, por outro lado, lhe parece estar sub-representada.
O Salon du Livre Africain contará com a presença da Librairie Portugaise & Brésilienne através de um stand, motivada pelo facto do sector africano da livraria ser muito dinâmico, insuficientemente conhecido e de a oferta em português e em francês poder rapidamente ganhar um publico novo e largo. “E porque em geral aborrecemo-nos menos num salão africano do que nos outros!”, ri Michel Chandeigne. Fora este quem elegeu Ondjaki como o representante da literatura africana lusófona, escolha esta impulsionada pela recente tradução do livro “AvóDezanove e o Segredo do Soviético” para francês.
Eva Nizon Araújo
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