Portugal colocou 1500 milhões de euros, montante máximo anunciado, em Bilhetes do Tesouro a seis e 12 meses a juros negativos no prazo mais curto, mas superiores em ambos os casos aos dos anteriores leilões comparáveis.Juros continuaram negativos nos títulos com prazo de seis meses. Na dívida a 12 meses subiu face a Setembro.
Segundo a página da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) na Bloomberg, a 12 meses foram colocados 1250 milhões de euros em Bilhetes do Tesouro (BT) à taxa de juro de 0,005%, de novo positiva e mais alta do que a registada em 21 de Setembro, quando foram colocados 1750 milhões de euros a uma taxa negativa (-0,014%).A seis meses, foram colocados 250 milhões de euros em BT à taxa de -0,027%, quando a 21 de Setembro foram colocados 500 milhões de euros a uma taxa de -0,033%.
A procura atingiu 1960 milhões de euros para os BT a 12 meses, 1,57 vezes superior ao montante colocado, e 985 milhões de euros para os Bilhetes do Tesouro a seis meses, 3,94 vezes o montante colocado.
O IGCP tinha anunciado para hoje dois leilões de BT a seis e 12 meses entre 1250 milhões de euros e o montante máximo de 1500 milhões de euros com maturidades em 19 de Maio de 2017 e em 17 de Novembro de 2017, respectivamente.
Segundo o responsável pela negociação de dívida no Banco Carregosa, Filipe Silva, “as taxas subiram ligeiramente face aos leilões anteriores, num movimento que acompanha a curva de toda a dívida europeia nas últimas sessões”.”Houve um ajuste em praticamente todos os países e os Bilhetes do Tesouro seguem as obrigações”, referiu Filipe Silva, considerando que “a procura foi muito boa, dado que o risco – por se tratar de títulos de curto prazo – também não é grande”.
Filipe Silva considerou que, “ainda assim, é melhor ter dívida de curto prazo com um juro negativo de 0,027% do que depositá-lo no BCE e perder 0,4%”.”Aqui pode residir a explicação para o sucesso deste leilão: as compras feitas pelos bancos que preferem estes BT a ter que depositar a liquidez no BCE”, concluiu o responsável do Carregosa.
Também Tiago da Costa Cardoso, gestor da corretora XTB, defende que não houve grandes diferenças entre as últimas colocações, sublinhando que, embora a procura tenha sido maior, a taxa gerada acabou por ser muito similar.
“Neste tipo de colocações de curto prazo é difícil assistir a grandes evoluções, sendo que teria sido interessante perceber de que forma uma colocação de longo prazo teria excedido as expectativas, já que o clima de apetite pelo risco é grande após a eleição de Donald Trump, com os índices (bolsistas) a subirem desde quarta-feira da semana passada e a aliviar as ‘yields’ [juros] dos periféricos”, afirmou ainda o gestor da XTB.
Por outro lado, a gestora de activos da Orey Financial, Marisa Cabrita, considerou que “na generalidade, considerando o sell off [venda] observado no mercado obrigacionista, um pouco por todo o lado, depois da eleição de Donald Trump, e que levou à subida das yields, os resultados do leilão de hoje podem ser considerados positivos”. “A deterioração ligeira (das taxas de juro) observada era de alguma forma esperada, considerando o cenário acima descrito”, concluiu Marisa Cabrita.
Explicação sobre a emissão de dívida pública
A noção de dívida pública menciona o conjunto de dívidas que mantém o Estado em relação a outro país ou a particulares. Trata-se de um mecanismo para obter recursos financeiros através da emissão de títulos de valores.A emissão de dívida pública, à semelhança da criação de dinheiro e dos impostos, são meios que o Estado tem para financiar as suas actividades. A dívida pública, de qualquer forma, também pode ser usada como um instrumento da política económica.
Mathieu Rodrigues
Fonte : publico.pt
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