“O mercado interno contribuiu com 21,1 milhões de dormidas (+6,2%; +6,9% em 2018) e os mercados externos com 48,8 milhões de dormidas (+3,3%; +1,8% em 2018). Os proveitos totais aumentaram 7,3% e os de aposento 7,1% (+8,3% e +9,3% em 2018)”, onde se verifica no comunicado do INE.
Além disso, o rendimento médio por quarto disponível (RevPAR) aumentou 2,0% para 49,4 euros (+3,8% em 2018), ainda segundo os dados da agência de estatística.
Os turistas britânicos continuaram a ser os que mais visitaram o território nacional no ano passado, sendo que representaram “19,2% das dormidas de não residentes”.
No mês de dezembro, o setor do alojamento turístico registou 1,6 milhões de hóspedes e 3,5 milhões de dormidas, correspondendo a variações de +10,2% e +8,2%, respetivamente (+12,6% e +7,4% em novembro, pela mesma ordem). As dormidas de residentes cresceram 4,6% (+14,7% em novembro) e as de não residentes aumentaram 10,4% (+4,3% no mês anterior).
Sabe-se que o turismo é uma grande fonte de receita económica para Portugal, com as cidades de Lisboa e Porto, que ocupam o primeiro lugar. Apesar da concentração se massificar nas grandes cidades, a tendência de dispersão do turismo é grande.
Somos, sem dúvida, um país muito atrativo, por fatores tal como a segurança, o clima, as praias e os preços. Para grande parte dos turistas, Portugal é considerado um país low cost. O que faz com que, nas épocas altas, os preços sejam por vezes abruptamente aumentados. Para os turistas estrangeiros, não faz muita diferença, no entanto, para os locais, o impacto é importante.
No que diz respeito ao arrendamento e à compra de casa nestas cidades, são quase impossíveis para o pequeníssimo orçamento das famílias portuguesas, considerando que atualmente, o ordenado mínimo nacional é de 635€, e as rendas muitas vezes ultrapassam os 2000€ na grande capital.
Para que o leitor tenha mais noção desta realidade, um quarto para arrendar em Lisboa pode ultrapassar os 800€, sem nenhum luxo. De acordo com um estudo do grupo de investigação de Morfologia e Dinâmicas do Território do Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), divulgado pelo jornal “Público”, a taxa de esforço das famílias a atingir é de 58% (enquanto em Berlim é de 40% e em Barcelona se fixou nos 45%). “O mais grave é o caso português, já que nas outras duas cidades é mais comum que mais trabalhadores se afastem, e por uma maior margem, do ordenado mínimo”, explica à mesma publicação Aitor Vareo Oro, membro da equipa de investigação.
Neste momento, os agregados familiares têm mais dificuldades em arrendar casa na cidade de Lisboa do que em Berlim e em Barcelona. Ao cruzar o valor das rendas e dos rendimentos de famílias compostas por um casal e um menor dependente, a residir num T2 de 95 metros quadrados nas três metrópoles, conclui-se que a taxa de esforço supera os 30% em todos os casos.
Ou seja, as famílias destinam mais do 30% dos seus rendimentos para pagar a renda mensal.
Muitos moradores, culpam o turismo pelo sucessivo aumento de preços nas grandes cidades.
Em Portugal, o turismo continua a crescer, pois a receita turística em Portugal subiu 6%, ultrapassando os 17 mil milhões de euros, no ano de 2019. São de facto números muito importantes : o turismo ajuda a impulsionar a economia, num país que tenta recuperar depois da Troika.
No entanto, há uma extrema necessidade de nivelar o degrau que separa os residentes locais e os turistas, principalmente estrangeiros, que por norma possuem um maior poder económico.
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Vitória Calado
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