Graça Morais, pintora portuguesa, nasceu a 17 de março de 1948 na vila de Vila Flor em Trás-os-Montes. É membro da Academia Nacional de Belas Artes e foi agraciada com o grau Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique atribuída pelo então Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, em 1997. É uma artista de renome mundial, pois expôs em vários continentes. Para além das suas obras, é conhecida pela sua arte pública, nomeadamente pela sua intervenção em azulejos no Edifício sede da Caixa Geral de Depósitos de Lisboa, entre outras.
La violence et la grâce é o novo projeto de Graça Morais, uma exposição que será exibida na delegação francesa da Fundação Calouste Gulbenkian de 31 de maio a 27 de agosto. Esta exposição foi comissariada por Ana Marques Gastão e Helena de Freitas.
A exposição vai apresentar principalmente desenhos realizados entre 1982 e 2016 dando a conhecer os temas principais da pintora como a identidade do lugar onde nasceu, a aldeia do Vieiro, e a sua relação com os poetas e escritores portugueses tais como Miguel Torga, José Saramago, Agustina Bessa-Luís, Vasco Graça Moura, Manuel António Pina, Sophia de Mello Breyner, entre outros. “Nesta terra longínqua, no norte de Portugal, que sofre de um clima rude e da crueldade da distância, do abandono e da pobreza, Graça Morais encontrou uma iconografia sem igual para expressar a sua representação do mundo à qual permaneceu fiel”, descreve o comunicado de imprensa. Nessa terra “periférica” do país que sofreu de muitos males no passado, a representação do mundo de Graça Morais compõe-se de valores sociais e culturais que se encontram plasmados nas suas obras.
Encontra-se também nos seus desenhos uma das suas temáticas recorrentes: a mulher. A posição singular da mulher, ora de força, ora de fraqueza, numa sociedade portuguesa em constante evolução. “Na sociedade portuguesa, a mulher vive um período de grande afirmação profissional. Ao mesmo tempo assistimos a uma enorme violência, por vezes com fins trágicos, já que alguns homens não conseguem aceitar essa independência ou a rejeição das mulheres perante uma situação de maus tratos […]”, segundo a autora numa entrevista dada à revista Cap Mag. Para sobreviver nessa sociedade, a mulher encontra-se com a necessidade de recorrer de forma persistente à metamorfose. A artista soube construir um sistema de imagens à volta do qual se inspiraram os mais brilhantes escritores portugueses da sua época, dando origem a obras literárias de primeiro plano. Foi a partir dessa singularidade e sobretudo da inversão da dinâmica entre a arte e a escrita que nasceu este projeto.
Esta exposição é a ocasião idónea de descobrir parte da obra, nomeadamente os desenhos, de Graça Morais. Através dos seus desenhos, o espetador realiza uma incursão na(s) sua(s) identidade(s), uns valores arraigados à alma da artista, uma alma de projeção internacional que se mantem fiel às suas origens transmontanas. Mais além dessa descoberta, a exposição permitirá observar de um olho crítico a situação das mulheres portuguesas, situação na qual se encontram mulheres de outros países europeus tais como Espanha.
Graça Morais
« La violence et la grâce »
De 31 de mai a 27 de agosto
39, boulevard Tour Maubourg
75007 Paris
Patricia Cabeço
Fonte : www.gulbenkian-paris.org ; www.dn.pt
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