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18 mars 2021Encontro com Luciano Cadô, cantor, guitarrista e um dos participantes do The Voice França.
Karollyne Hubert: Bom dia, Luciano. É um quiproquó e tanto sua história de vida! Poderia explicar para o público quais ventos lhe levaram até a França e como começou sua carreira de músico?
Luciano Cadô: Sou de Farroupilha, uma cidade do Rio Grande do Sul e com 7 anos, entrei na área musical através as aulas de piano. Além deste instrumento, também canto e toco guitarra. Estudei engenharia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e, graças a uma parceria com a Centrale Paris, vim estudar na França em 2009. Durante meus estudos, intercalei um ano na França e outro no Brasil e em uma dessas ocasiões conheci o músico Pablo Dias. Com ele, tive a oportunidade de fazer uma mini turnê no Brasil, e comecei a acreditar que seria possível viver da música.
KH : Como aconteceu essa passagem de engenheiro para músico?
É difícil se dedicar 100% em uma profissão artística, pois nunca sabemos se realmente temos talento… Na roda da família e amigos, o meu tocar e cantar sempre eram apreciados… Mas, elogios vindos de pessoas próximas, são sempre um pouco duvidosos (risos). Em 2019, as coisas tomaram um rumo diferente: participei, com a minha banda, de um concurso musical em Paris, e felizmente ganhamos. Um dos prêmios deste concurso era ter aulas de canto com uma professora muito conceituada na França, a Armande Athaï. Terminando as aulas, a própria professora Armande me propôs continuá-las dizendo que eu “tinha algo especial”; o que fez aumentar minha sede de continuar na música.
KH : Como foi sua seleção para participar do The Voice França?
Recebi uma ligação em 2019 para participar do The Voice e em março de 2020 realizei a audição e consegui passar para a próxima etapa do programa. Nessa primeira fase, todos os membros do júri “viraram as cadeiras”, fato que me reconfortou e me incentivou a continuar no programa. Agora é só esperar as próximas etapas — ainda há muitas — e ver no que vai dar… O importante é que agora estou aqui tentando minha chance.
KH : Dada a parada da cultura, as últimas manifestações aqui na França mostram que ainda há muito caminho a percorrer para que a arte ganhe reconhecimento essencial em nossas vidas. Antes de escolher um caminho artístico, você preferiu seguir uma carreira mais tradicional… Como está sendo essa adaptação?
Eu gosto muito da música, por isso estou tentando minha chance agora. É claro que gosto da engenharia também, mas segui esse rumo para ter um porto-seguro, pois como estamos constatando agora, o mundo artístico não é, e nunca foi fácil. Por hora, está todo mundo apostando que quando as coisas voltarem “ao normal” a arte vai explodir. Vamos ver, quem sabe tudo volte realmente a ser como antes, ou melhor, sendo mais valorizada. Escolher a carreira artística é um desafio e tanto, e sobretudo neste contexto, onde se deve digitalizar tudo. Estou tentando achar novas vias para continuar minha música, mas ainda estou aprendendo a fazer o trabalho de comunicação e marketing, que são tão importantes quanto o conteúdo. A qualidade do produto está sendo mais secundária desde a difusão em redes sociais; o que se tornou importante agora, é a forma como você comunica seu trabalho. Talvez seja interessante propor algo mais regular para manter um tipo de público — mesmo que você perca em números — ter um público fiel já é o suficiente para o artista.
KH : Que mensagem gostaria de passar para o público lusodescendente e lusófilo aqui na França? E para os artistas?
Não abaixem os braços. Nós não somos “non-essentiels”. Não é só a questão financeira que está em jogo. Para o artista, é importante ter um contato direto com o seu público e poder compartilhar a sua arte. É difícil ter paciência em momentos como este, onde a ausência de apoio é muito grande. No entanto, temos que manter o foco, e esperar que a nossa hora chegue.
A apresentação do Luciano Cadô no The Voice França está disponível no site da TF1.
Karollyne Hubert