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14 octobre 2024O fadista Duarte está prestes a editar um novo álbum, Venham Mais 20. Antes disso, estará em Paris, no dia 17 de Outubro de 2024, para atuar num concerto inédito na Salle Cortot. Cap Magellan estará presente e quis fazer algumas perguntas ao artista, que já conhece há vários anos…
Cap Magellan: Ola Duarte, espero que esteja tudo bem contigo. Estamos aqui para falar da tua vinda a Paris no dia 17 de outubro, na sala Cortot. Estás ansioso ?
Duarte: Eu fico sempre ansioso antes dos concertos e fico sempre muito ansioso antes dos concertos em Paris, que é para mim uma cidade muito especial e onde já tive grandes e felizes momentos de vida.
Cap Magellan: Porquê é tão importante Paris especialmente para ti?
Duarte: Para mim, o ser especial tem a ver com momentos que já vivi, com pessoas que já conheci, com momentos que foram marcantes e pela felicidade que sinto hoje pelos dias que vivi em Paris. Aliás, tenho pensado muito na minha carreira, agora que estou a fazer 20 anos, e os últimos 10 anos de carreira estiveram muito ligados a França e em particular à cidade de Paris. O público francês e os portugueses que estão em Paris já me deram tantas coisas boas que eu me sinto responsável pela devolução dessas coisas boas de cada vez que lá volto.
É também por isso que falo na ansiedade, porque tento ao máximo dar e poder entregar tudo o que de melhor consiga fazer quando lá vou.
Cap Magellan: E não duvido que vais conseguir. Em Paris, o teu público é composto sobretudo por lusófonos ou também franceses?
Duarte: Tenho cantado muito em França nestes últimos anos e a maioria do meu público é francês.
Cap Magellan: E consegues então falar em francês com o público de cá?
Duarte: Vou tentar algumas coisas em francês. Eu consigo perceber algumas conversas, mas para ser eu a falar ainda tenho algum receio. Nos concertos vou tentar dizer algumas coisas em francês.
Cap Magellan: Em 2019, participaste na noite de gala do Hôtel de Ville de Paris, organizado pela Cap Magellan. Como foi?
Duarte: Foi uma noite muito importante para mim. Foi uma noite em que fui muito feliz.
Cap Magellan: É uma grande oportunidade para um artista atuar na noite de gala?
Duarte: Para mim é sempre um privilégio quando eu posso cantar a minha música. Quando posso tentar presentear as pessoas que estão presentes na sala com as histórias de vida que eu tenho para contar. Essa foi uma noite especial: estar ao lado de pessoas de quem gosto, de pessoas que gostam de mim…
CM: Tu és fadista mas não és um fadista como os outros porque tens uma especificidade que é ser autor, compositor e intérprete, o que não é o caso da maioria dos fadistas. Mas porquê é pouco comum nos fadistas afinal?
Duarte: A minha matriz de construção, desde o princípio do meu caminho, assenta na tentativa de ir buscar as músicas daqueles dos fados tradicionais e tentar escrever sobre o meu tempo nesses mesmos fados. Ou seja, eu comecei logo desde o princípio da minha carreira a tentar escrever e a tentar encontrar letras que pudessem ser minhas, na visão que tenho do mundo e que pudessem ser cantadas nos fados tradicionais. Para complementar esse repertório, comecei também a tentar compor com qualquer coisa desse universo do fado. E foi assim que, muito naturalmente, fui começando a contar, a escrever e a compor mas sempre tendo em conta aqueles que são os ingredientes do fado tradicional.
Cap Magellan: De onde é que vem a tua inspiração para escrever?
Duarte: A maioria do que escrevo vem das histórias de vida. Vou buscar às histórias de vida que as pessoas muito gentilmente me vão dando muita da matéria inspirativa. Seja na minha vida pessoal, seja depois na minha vida profissional. As histórias de vida são, digamos, a minha principal matéria de construção.
O meu trabalho, quer na psicologia, quer nos fados, contribui em muito para esta missão de servir as histórias de vida que canto.
Em 2004, depois de acabar o curso de psicologia, fui para uma casa de fados (Senhos Vinho). Sabia que se fosse para a casa de fados antes de terminar o curso seria complicado. Foi aí que comecei a experimentar o que escrevia nas músicas dos fados tradicionais.
Cap Magellan: Integraste uma tuna académica. Foi uma boa experiência?
Duarte: Foi uma boa experiência de vida porque fiz bons amigos, divertia-me muito, tirava prazer de tocar, cantar e conviver à volta da música. Foi a minha forma de viver a tuna. Foi esse prazer que tive de poder tocar, de poder partilhar a música com outras pessoas que se tornaram amigos.
Cap Magellan: E agora estás a partilhar também com outras pessoas que são o teu público que são ainda mais pessoas, é ainda mais bonito, não é?
Duarte: Sim, lá está… Talvez a beleza do que faço não esteja no ser bonito cantar ou tocar, mas antes no poder servir o outro. No poder dar ao outro qualquer coisa que nós temos e que pode ser saboreado por outros. Um bocadinho como uma refeição que nós servimos… ou uma cerimónia que tem lugar.
Cap Magellan: Uma curiosidade minha: cresceste no Alentejo, uma região conhecida pelo cante alentejano. Já tentaste algo neste estilo musical?
Duarte: Há uns anos, no início da minha carreira, gravei um tema que se chama Terra da Melancolia com o Vitorino e com o Janita Salomé. Depois comecei a cantar esse tema com o Grupo de Cantares de Évora, que é um grupo de cante alentejano. Ao longo do meu caminho foram muitas as vezes em que eu já cruzei a minha música com o cante. No próximo disco vamos ter um tema sobre o Alentejo e sobre o vagar do Alentejo, para o qual convidei o Grupo de Cantares de Évora e um outro amigo (que é surpresa) também para cantar connosco.
Cap Magellan: Se não me engano, o teu último álbum No Lugar Dela saiu em 2021, ou seja, faz 3 anos que não temos álbuns da tua parte. O que podemos esperar? Quando é que vai sair?
Duarte: O meu próximo disco vai chamar-se Venham Mais 20. A ideia do disco surge por parte do meu manager: fazer um disco para celebrar o caminho. Esse disco de celebração acabou por se transformar num disco que anda à volta do conceito de vulnerabilidade. Se No Lugar Dela eu estava a construir sobre a empatia, neste Venham Mais 20 vou construir sobre a vulnerabilidade. A vulnerabilidade que também pode ter que ver com coragem.
Convidei amigos de outras áreas musicais que não os fados, para participar em alguns temas do disco, sendo que o disco não vai ser só com fados.
Deste próximo disco já antecipamos 3 singles: um primeiro single que se chamava Não Inventes, depois um outro single onde eu estou a cantar com o Vitorino e com o Filipe Raposo ao piano que se chama Maria da Solidão e há relativamente pouco tempo Estado Limite, acompanhado por uma guitarra elétrica.
Cap Magellan: A minha última pergunta é a pergunta que eu faço sempre no final das minhas entrevistas: tens uma mensagem geral para os jovens lusodescendentes?
Duarte: Pensando nesta nossa conversa, talvez faça sentido tentar não perder a empatia e o pensamento crítico. Pensar e conversar sobre as coisas é muito importante. A palavra pode mudar. A palavra pode mudar-nos. E ter a coragem de aceitar, mesmo e também aquilo que não controlamos.
CM: Muito obrigada Duarte ! Estou ansiosa por ver-te no palco dia 17.
Convidamos toda a gente a assistir ao concerto dia 17 de Outubro Salle Cortot. Compra os seus bilhetes.
Pode seguir Duarte nas suas redes sociais: Instagram, Facebook, Youtube, site.
Entrevista realizada pela Julie Carvalho,