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7 décembre 2020Marisa Matias apresenta a candidatura à Presidência da República
10 décembre 2020O atual Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa anunciou a sua recandidatura ao cargo que ocupa nas eleições de 24 de janeiro de 2021. A comunicação decorreu na pastelaria Versailles, em Belém, Lisboa. O caráter tardio do anúncio foi justificado pelo candidato dada a vontade de publicar as leis eleitorais, convocar as eleições e tomar decisões quanto à pandemia “enquanto presidente e não enquanto candidato”.
“São três as palavras que tenho hoje para vos dizer, tão simples e diretas como o sem-número de conversas que convosco tive ao longo dos últimos cinco anos, em qualquer recanto de Portugal, cá dentro e lá fora”, começou por dizer no seu discurso oficial, frisando que “cada português conta”.
O discurso foi feito na pastelaria Versailles, em Belém, Lisboa, o mesmo espaço onde, cinco anos antes, tinha feito sede de campanha às eleições que venceu.
Dos três pontos que quis enunciar, o primeiro confirmou o que já era esperado: “sou candidato à presidência da República”.
Seguiu-se a justificação para a recandidatura. “Porque temos uma pandemia a enfrentar. Porque temos uma crise económica e social para vencer. Porque temos uma oportunidade única de, para além de vencer a crise, mudar para melhor Portugal, na economia, mas sobretudo, no nosso dia a dia, reforçando a nossa coesão social e territorial”, continuou Marcelo.
Essas soluções, disse, conseguem-se “combatendo a pobreza e a exclusão, promovendo o emprego, com investimento, crescimento e melhor distribuição de riqueza”. De acordo com o agora candidato, tais objetivos terão de ser atingidos “com proximidade, com descrispação, com pluralismo democrático, mas diálogo e convergência no essencial”.
Marcelo disse de seguida que estas ações terão de ser tomadas “por um presidente independente, que não destabilize, antes estabilize, que não divida, antes una os portugueses, e que puxe o que de melhor existe em Portugal”.
“Porque não vou sair a meio de uma caminhada exigente e penosa, não vou fugir às minhas responsabilidades, não vou trocar o que todos sabemos irem ser as adversidades e as impopularidades de amanhã pelo comodismo pessoal ou familiar de hoje. Porque, tal como há cinco anos, cumpro um dever de consciência”, afirmou.
O caráter tardio do anúncio, referiu Marcelo, deu-se por três motivos. “Anuncio-vos isto só hoje porque quis promulgar as regras eleitorais antes de convocar a eleição e porque quis convocar a eleição como presidente antes de avançar como cidadão. E ainda, e sobretudo, porque, perante o agravamento da pandemia no outono, quis tomar decisões essenciais sobre a declaração do segundo estado de emergência, as suas renovações e a sua projeção até janeiro em tempos tão sensíveis como o Natal e o fim do ano, como presidente e não como candidato”, explicou.
No dia 24 de novembro, o Presidente da República marcou as eleições presidenciais para 24 de janeiro de 2021.
Seguiu-se “a segunda palavra” do candidato, dada para “agradecer a compreensão e o apoio manifestados desde 2016” aos portugueses.
“Sem eles, teria sido mais difícil lidar com o esforço de saída do défice excessivo e a crise na banca em 2016. Com a tragédia dos fogos em 2017. Com a lentidão de tantos em entenderem os movimento inorgânicos que irrompiam em 2018. Com o longuíssimo processo eleitoral iniciado nesse ano e concluído em 2019. E em especial, com a pandemia, a paragem económica e o desemprego em 2020”, enumerou o Presidente da República.
Marcelo quis especificar ainda o apoio “nos momentos mais sensíveis”, destacando a iniciativa da primeira declaração do estado emergência e sucessivas renovações e os momentos em que não pode estar “tão próximo como esperavam” e desejava, admitindo ainda os momentos em que terá agido “de menos ou de mais no propósito de antecipar ou evitar confrontos dispensáveis”.
“Podem ter a certeza de que tentei fazer sempre o melhor sabia e que podia, nos bons e nos maus instantes, e a pensar no interesse público e nunca no interesse pessoal”, garantiu.
Por fim, dando uso à “terceira palavra”, Marcelo quis assegurar “que quem avança para esta eleição é exactamente o mesmo que avançou há cinco anos”.
“Sou orgulhosamente português e, por isso, universalista. Convictamente católico e, por isso, dando primazia à dignidade da pessoa, ecuménico e contrário a um estado confessional. Assumidamente republicano e, por isso, avesso a nepotismos, clientelismos e corrupções. Determinadamente social-democrata e, por isso, defensor da democracia e da liberdade. Toda ela, a pessoal, a política, a económica, a social e a cultural”, disse o candidato.
Ao invés, Marcelo rejeitou a “democracia iliberal, que não é democrática”, assim como a “liberdade que não o é plenamente, por ser vivida na pobreza, na ignorância ou na dependência”.
Marcelo Rebelo Sousa declarou ainda que parte como candidato às eleições presidenciais de janeiro de 2021 “exatamente” com a mesma visão de Portugal, “como uma plataforma entre culturas, civilizações, oceanos e continentes”.
Mas, também, como a mesma visão da Constituição que lembrou ter votado “com orgulho” como deputado constituinte em 1976, que disse ter ajudado a rever e que jurou cumprir e fazer cumprir quando assumiu as funções de Presidente da República em março de 2016.
“E que fiz cumprir”, salientou.
“Tudo o que disse e escrevi em 2015 mantém-se por igual, como igual é o homem que o disse e o escreveu”, acrescentou.
No final do seu discurso, Marcelo disse que a escolha estava nas mãos dos portugueses. “Renovar a confiança em quem conheceis semana após semana, há pelo menos 20 anos, e em especial nestes cinco anos vividos em comum, feitos não apenas de palavras, mas também de atos, ou escolher alguém diferente, com uma visão diversa daquela que vos propus e que proponho para Portugal”, explicou.
“Humildemente aguardo o vosso veredito. Tenho a certeza que, seja ele qual for, será para o bem de Portugal, que o mesmo é dizer, o bem dos portugueses, todos eles. Porque nestes tempos de sacrifício, mais do que noutros de bonança, cada português conta”, terminou.
Prestes a completar 72 anos, no dia 12 de dezembro, Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito Presidente da República à primeira volta nas eleições de 24 de janeiro de 2016, com 52% dos votos expressos.
Professor catedrático de direito jubilado, antigo presidente do PSD e comentador político televisivo, assumiu a chefia do Estado em 9 de março de 2016.
A escolha sui-generis e a decisão dos debates
Marcelo Rebelo de Sousa começou por “pedir desculpa pela estreiteza e exiguidade do lugar” escolhido para este anúncio – registado em vídeo por dois repórteres de imagem, com a maioria dos jornalistas no exterior.
“É o retrato dos tempos de restrição que estamos a viver”, observou, perante dois repórteres de imagem, tendo como cenário as cores da bandeira nacional com a esfera armilar e o escudo em tamanho aumentado.
Fonte : sapo.pt