Les débats mensuels d’Adeline
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7 juillet 2021De Trás-os-Montes à Beira Alta são 157 Km com vista privilegiada sobre o Douro. Se já percorreu a A24, autoestrada que liga a fronteira de Vila Verde da Raia a Viseu, pôde admirar a região vinhateira do vinho do Porto, classificada Património Mundial da Humanidade. A Norscut foi responsável pela construção desta autoestrada, uma das principais portas de entrada para Portugal.
A propósito da 19ª edição da campanha de segurança rodoviária – Sécur’été 2020: Verão em Portugal, a Cap Magellan conversa com o Engenheiro Simão Pereira para perceber de que forma a Norscut contribui para o incremento da segurança e da sustentabilidade da A24.
Cap Magellan : Como considera que foi evoluindo a Norscut desde a sua formação?
Simão Pereira : Foram 20 anos muito preenchidos, com muitos desafios pela frente desde a criação da Norscut em dezembro de 2000. A fase da construção foi um período bastante longo, que só foi concluída em junho de 2007, com um atraso por razões ambientais, derivado a diretivas europeias sobre a parte ambiental e à definição da Rede Natura 2000, que e levou a que tivéssemos de desviar o traçado inicialmente previsto. A partir daí entrámos na fase de exploração da totalidade da autoestrada. Em 2011, por decisão exclusiva do Governo Português, foram introduzidas portagens na A24.
CM : Quais são as funções que estão no leque de tarefas recorrentes/permanentes da vossa equipa?
SP : Desde o primeiro dia, celebrámos um contrato de operação e manutenção com a entidade Egis Road Operation Portugal (EROP) para garantir a operação da autoestrada. Estamos diariamente no terreno e procuramos garantir o melhor serviço para o utente e para a manutenção da infraestrutura, que se pretende que perdure e se mantenha com um bom estado de conservação.
CM : Aproximando-se a época das férias de verão, o tráfego será mais acentuado. Como a estrada mata cerca de 1,35 milhões de pessoas por ano em todo o mundo, possuem estratégias que visam tornar a autoestrada cada vez mais segura?
SP : Monitorizamos permanentemente o comportamento da infraestrutura e o dos nossos utentes e fazemos o possível por promover a segurança da via. Temos vindo a melhorar os equipamentos e as inspeções, nomeadamente através de drones. Como temos altitudes elevadas, existem dias com possibilidade de formação de gelo e queda de neve. Portanto, implementámos uma manutenção invernal. O nosso foco é garantir que, em qualquer momento do ano, a circulação da A24 é realizada em segurança. Notamos que o nível de sinistralidade da A24 reduziu para 1/3 dos valores registados em 2007, ano da abertura da totalidade A24.
CM : A Norscut possui uma parceria com a nossa campanha de segurança rodoviária – Sécur’été 2020: Verão em Portugal, por que razão? Qual é a importância para a concessionária?
SP : Pretendemos evidenciar os 20 anos da Norscut, mas também é importante que os turistas e emigrantes tenham noção que a autoestrada A24 foi criada para facilitar os acessos na região Interior Norte e é uma porta de entrada do nosso país muito importante. Achamos que a Cap Magellan nos pode ajudar a transmitir essa mensagem aos utentes não só nacionais como internacionais. Nós identificamo-nos com o tema da segurança rodoviária, que é anualmente realçado pela associação.
CM : A A24 insere-se num ambiente de flora e fauna abundantes. Existe uma preocupação concernente ao impacto ambiental?
SP : A Norscut tem um foco muito importante que é contribuir para atingir os objetivos para um desenvolvimento sustentável, para isso, já construímos a infraestrutura pensando em como poderíamos reduzir a sua pegada ecológica. Instalámos painéis fotovoltaicos nos nossos centros de manutenção e nos túneis para garantir a produção de energia para autoconsumo. Estão em operação560 painéis, produzindo 230 000 Kw anualmente, ou seja, 15% da energia necessária para o funcionamento da via, o que já é um bom passo.
CM : Sabendo que as autoestradas provocam a contaminação dos solos e a alteração na qualidade das águas superficiais e subterrâneas, e uma vez que um dos principais pontos atrativos cruzados por esta via é o Douro Vinhateiro e que existe um contacto com águas termais, de que forma procuram proteger esta zona?
SP : Houve desde o início da construção da autoestrada, uma preocupação para minimizar os impactos quer da construção, quer da exploração da autoestrada. Assim, há desde o início este acompanhamento ambiental, com a criação de bacias de retenção para mitigar o risco de poluição das águas. Este processo tem o acompanhamento das autoridades ambientais, desde o início. Na zona vitícola, construímos um grande número de obras de arte para reduzir o impacto das zonas das vinhas.
CM : Ainda acerca dos impactos ambientais, o traçado atravessa um território de caça do lobo ibérico, integrado na Rede Natura 2000. Apesar de a caça ser proibida na Península Ibérica, esta espécie continua em perigo de extinção. A Norscut tem este aspeto em consideração aquando das ações no terreno?
SP : Sem dúvida. Desde o início da construção que a mitigação de eventuais impactos foi estudada, não só para esta espécie, mas para a fauna em geral. Consequentemente, foram criadas travessias – dezenas de obras de arte – que possibilitam a passagem da autoestrada para a fauna. Assim, através de arranjos paisagísticos procurámos encaminhar essas espécies para poderem transpor a autoestrada. O nosso objetivo também é proteger ao máximo quer a fauna quer a flora, e temos o dever de monitorizar periodicamente vários descritores ambientais.
CM : Quais serão os próximos passos da Norscut?
SP : Queremos evoluir na transição ecológica. A nível de infraestruturas, procuramos parcerias especialmente locais, de forma a utilizar a infraestrutura e os seus equipamentos para esse fim. Pretendemos que a energia proveniente de fontes renováveis seja cada vez maior e para consequentemente conseguirmos diminuir a utilização de combustíveis fósseis. Queremos deixar uma herança positiva na A24.
A Cap Magellan parabeniza a Norscut pelos já vinte anos de excelente trabalho e consciencialização relativa ao Planeta e à segurança rodoviária. A associação orgulha-se de ter como parceria agentes do bem comum e agradece por esta conversa.
Eva Nizon Araújo