Pétition : Non à ceux qui voudraient instrumentaliser l’histoire de l’immigration portugaise !
19 janvier 2018Os voluntários da Cap Magellan, uma família unida!
30 janvier 2018Tal como a tradição dita, o mês de Janeiro é, para a Cap Magellan, un momento de retrospectiva sobre o ano anterior. Assim, apresentamos as personalidades que marcaram o ano de 2017.
Cidadania
Bombeiros – PORTUGAL
Este ano, decidimos dar destaque aqueles que, pelo seu trabalho, força e luta protejeram a população de um ano particularmente difícil de combate às chamas em Portugal. Um ano que registou cerca de 3 mil incêndios florestais, com um total de 442 hectares de espaços florestais e 264 hectares de povoamento ardidos em todo o território nacional.
As datas mais marcantes foram as dos incêndios de 17 de Junho de 2017, em Pedrógão Grande, que durou 8 dias, e os 440 fogos do dia 15 de Outubro de 2017. A área ardida, durante o ano, aumentou de 428% relativamente à média dos últimos 10 anos.
Para além dos números e para além dos dados assustadores, é preciso reconhecer o trabalho incessante, muitas vezes de dias sem descanso em situações de risco extremo de todos os bombeiros, durante o decorrer de todo o ano de 2017. É, também, preciso reconhecer que estre trabalho torna-se ainda mais esgotante quando o número daqueles que o fazem é reduzido para combater tamanhos incêndios.
Durante o período crítico do Sistema de Defesa da Floresta contra Incêndios, que recobre os meses do Verão, estiveram envolvidos 9 740 operacionais e 2 065 viaturas, apoiadas por 48 meios aéreos e 236 postos de vigia da responsabilidade da GNR.
Aquando dos incêndios do mês de Outubro, durante a fase Delta, que normalmente corresponde à fase menos crítica, a mobilização dos meios foi reduzida para 5 518 elementos e até 1 307 veículos. Nesta fase, os meios aéreos eram 22 até 5 de outubro, 18 até 15 de outubro, e dois até 31 de outubro. Este protocolo por parte das autoridades, não preveu, nem se alarmou com o risco de incêndios no contexto de seca extrema.
A esta falta de meios junta-se a falta de bombeiros profissionais. O ano passado, cerca de 90% dos bombeiros portugueses era bombeiros voluntários. Assim, durante os meses de verão, o corpo de bombeiros vê-se alargado com aqueles que praticam esta profissão nos seus tempos livres. Este facto, apesar de ser positivo pois exprime a vontade e o engajamento de muitos nesta actividade, leva, também, à falta de preparação para os meses mais críticos, impossibilitando uma resposta mais eficaz.
Ainda devido à falta de meios, principalmente aéreos, no combate aos incêndios durante toda a época de seca, que dificultou o trabalho dos bombeiros, foi necessário recorrer a ajudas Europeias, sendo a participação mais activa oriunda dos países mais próximos como Espanha e França. Também, alguns fundos da UE foram redirecionados para comprar equipamento para os bombeiros.
Foi visível a participação e mobilização da sociedade civil, no que diz respeito à arrecadação de mantimentos, através de apelos municipais, correntes e projectos solidários. Mais indirectamente, foi o concerto no «Juntos por Todos», em solidariedade com as vítimas dos fogos florestais, que angariou 1 153 milhões de euros, revertendo a favor da União de Misericórdias Portuguesas para reforçar o apoio às populações afetadas.
Não é apenas quando há incêndios que os bombeiros vêm ao nosso socorro para apagarem o fogo. O trabalho dos bombeiros vai para além disso: são estes homens e estas mulheres que ajudam a encontrar um abrigo quando as populações perdem suas casas pelas chamas, que trazem roupa, alimentos e produtos de higiene para os desamparados e que, ainda no meio desta correria, têm de vir ajudar aqueles que perderam as chaves de casa ou atender a qualquer outro pedido de emergência.
Este trabalho todo é, infelizmente, muito pouco compensado uma vez que, hoje em dia, um sapador ganha entre 750 e 850 euros e o ordenado de um municipal fica entre os 500 e os 600 euros. Isto acaba por explicar a falta de bombeiros, a falta de investimento, já que é nítida a desvalorização de uma profissão onde se correm graves riscos. Para além do reduzido salário, também a idade de reforma dá do que falar: 66 anos e quatro meses, para os bombeiros profissionais, recordando que quase 200 bombeiros ficaram acidentados nos incêndios deste verão e que lhes retiraram a bonificação que permitia antecipar cinco ou seis anos a reforma.
Tal como Rui Silva, presidente da APBV, disse ”Não chega só chamarem-nos heróis”.
Política
Mário Centeno – Portugal
Professor de economia e ministro das finanças português, formado em Harvard, Mário Centeno é o mais recente eleito a presidente do Eurogrupo. Com 51 anos, Mário Centeno que assume este cargo por um período de dois anos e meio, representa os esforços de recuperação económica e a saída de Portugal de uma longa e grave crise que assolou o país nos últimos anos. Assim, deverá presidir as reuniões mensuais dos ministros, com o objectivo de asseguar a coordenação das políticas económicas dos países da Zona Euro.
Por muitos considerado como um novato na política uma vez que a sua entrada no governo português data apenas de 2015, Mário Centeno rápidamente tornou-se um ponto forte do poder executivo português. Foi o sucesso do seu trabalho de excelência que o levou à posição de favorito ao cargo da presidência do Eurogrupo por grande parte dos países europeus, que até o chama de “Cristiano Ronaldo das Finanças” e de “Super Mario”.
Assim, a partir de Janeiro, Mário Centeno deverá conduzir os trabalhos para a reforma da Zona Euro, que consiste na conclusão da União Bancária, a «capacidade orçamental» para a Zona Euro e, ainda, a simplificação das regras orçamentais europeias.
Progressita
Beatriz Gomes Dias – Portugal
Beatriz Dias nasceu em Dakar em 1971 e é formada em Biologia, com um mestrado em Comunicação da Ciência. Até aqui apresenta um percurso normal de professora de Biologia do ensino básico e secundário. Beatriz Dias destaca-se, assim, no seu papel enquanto presidente e membro fundador da Associação de Afrodescendentes, Djass. Foi como activista desta associação que levou o projecto da Djass a ser aprovado pela população lisboeta com 1.176 votos na proposta do Orçamento Participativo de 2018.
Este projecto consiste na construção, na Ribeira das Naus, de um memorial às vítimas da escravatura. Sendo assim o primeiro monumento em homenagem aos milhões de africanos escravizados ao longo de quatro séculos, em Lisboa. Esta proposta de projecto vai além da memória histórica. Trata-se de uma resposta à omissão do Estado português em relação ao seu passado colonial e escravagista e, também, numa luta contra o racismo na sociedade actual, que, tal como refere Beatriz Dias, vai além da segregação económica, remontando a um passado esclavagista e colonial.
Não é apenas no que diz respeito à concientização da sociedade civil do passado violento de Portugal, mas Beatriz Dias luta diáriamente para ver o fim do racismo nas escolas em Portugal.
Música
Salvador Sobral – Portugal
2017 foi o ano de Salvador Sobral. Após alguns anos conturbados desde a sua participação, em 2009, nos Idolos, Salvador Sobral chega em 2017 com todo o seu talento. A 5 de Março encanta o Festival da Canção com a composição da sua irmã, Amar pelos dois. Foi com este sucesso que chegou à primeira semi-final da Eurovisão em Kiev, a 9 de Maio, vencendo com 370 pontos.
Portugal permitiu-se sonhar com uma vitória na final do concurso, fenómeno que nunca aconteceu, desde o início da participação do país, em 1964. Sobral superou as expectativas, vencendo, a 13 de Maio, com a unanimidade dos votos do juri e dos telespectadores, regressando a Portugal com o Prémio de Melhor performance Artística, e sua irmã, Luísa Sobral, regressou com o Prémio de Melhor Composição. Uma vitória em família, por Portugal!
Com um transplante de coração, efectuado no início de Dezembro de 2017, esperamos voltar a ouvir a voz de Salvador brevemente, com mais títulos musicais.
Literatura
Ana Teresa Pereira – Portugal
Ana Teresa Pereira, nasceu em 1958 no Funchal, onde actualmente vive. Obteve, pelo seu romance Karen, o primeiro prémio literário Oceanos dos Prémios de Literatura em Língua Portuguesa, levando para casa o prémio de cem mil reais (aproximadamente 25 mil euros).
Para além de ser a quarta portuguesa a levar para casa o primeiro prémio literário Oceanos, é também a primeira mulher a obter este reconhecimento em 15 anos de história dos Prémios Oceanos.
Nesta premiação, que é organizada pelo Instituto brasileiro Itaú Cultural, Ana Teresa Pereira era uma autora desconecida pelo juri e pela maioria dos leitores brasileiros uma vez que nenhum dos seus livros foi publicado no Brasil, situação que mudará no primeiro trismestre de 2018 com a publicação da obra vencerdora na editora Todavia. No entanto, não foi preciso muito tempo para reconhecer o sólido trabalho de Ana Teresa Pereira no seu próprio género fictício mais próximo do estilo anglo-saxónico do que da ficção portuguesa.
Arte
Sebastião Salgado – Brasil
Sebastião Ribeiro Salgado é um fotógrafo brasileiro nascido em Aimoés, no Estado do Minas Gerais, em Fevereiro de 1944. Vive em Paris há 48 anos. Sebastião Salgado sempre fotografou em preto e branco, deixando os sujeitos que fotografa passarem muitas mais emoções do que as cores poderiam fazer. Com uma obra fotográfica que testemunha a dignidade fundamental do ser humano, Sebastião Salgado denuncia as violações desta dignidade ao fotografar cenários de guerra, pobreza, trabalho escravo e outras injustiças.
Para além do seu trabalho fotográfico, Sebastião Salgado, juntamente com a sua mulher, criou o Instituto Terra (1998), com o objectivo de replantar a mata atlântica. O instituto tem também uma vocação pedagógica junto dos responsáveis ambientais e na sensibilização dos cidadãos para as questões do desenvolvimento sustentável.
Em Dezembro, Sebastião Salgado, foi recebido na Academia das Belas Artes em Paris, tendo, assim, o seu trabalho reconhecido pela maior instituição artística de França.
Licínio Azevedo – Moçambique
Nascido em Porto Alegre em 1951, Licínio Azevedo é um cineastra brasileiro que vive em Moçambique há quase quatro décadas. Azevedo iniciou a sua carreira como jornalista antes de trabalhar com de Ruy Guerra, Jean-Luc Godard e Jean Rouch no Instituto Nacional de Cinema de Moçambique nos anos que seguiram a independência do país.
Este ano recebeu quatro prémios no Festival Internacional de Cinema de Cartago, na Tunísia, com o filme “Comboio de Sal e Açúcar”. Assim, além de ter vencido o “Troféu de Ouro”, o mais importante prémio na distinção da melhor longa-metragem de ficção, o filme ganhou os prémios “Federação Internacional de Críticos de Cinema” e “Federação Africana de Críticos de Cinema”, bem como a distinção de “Melhor Fotografia”.
DESPORTO
Cristiano Ronaldo – Portugal
2017 foi um ano de mais vitórias para Cristiano Ronaldo. As mais recentes vitórias foram a sua quinta Bola de Ouro, igualando Leonel Messi, e a vitória colectiva com o Real Madrid do Campionato do Mundo dos Clubes. Foi também com o Real Madrid que Cristiano Ronaldo venceu os Campionatos Espanhóis da Super Taça Espanhola e Liga Espanhola, tal como os Campeonatos europeus da Super Taça Europeia e Campionato da Europa. A nível individual, e para além da Bola de Ouro, Cristiano Ronaldo também se consagrou melhor jogador da FIFA e melhor marcador do Campeonato Europeu.
Inês Henriques – Portugal
Foi a portuguesa Inês Henriques que conquistou a primeira medalha de ouro dos 50 quilómetros de marcha dos Mundiais de Atletismo, em Londres. A atleta de 37 anos, venceu a primeira competição de marcha de 50 quilómetros, uma vez que, anteriormente, na categoria de marcha feminina apenas se competia até os 20 quilómetros.
Até chegar a Londres, Inês Henriques tinha no currículo três participações olímpicas, a última das quais no Rio em 2016, onde alcançou o 12.º lugar nos 20 quilómetros de marcha. A atleta conta ainda um sétimo lugar nos Mundiais de 2007 e um nono lugar nos Europeus de 2010, sempre na distância dos 20 quilómetros.
Etiene Pires Medeiros – Brasil
Etiene Pires de Medeiros é uma nadadora brasileira de 27 anos. Primeira mulher do país a conquistar uma medalha de ouro em um Campeonato Mundial de Natação e em Jogos Pan-americanos. É a recordista mundial dos 50 metros costas em piscina curta. No ano de 2017, Etiene Medeiros conquistou a medalha de ouro ao vencer a final dos 50 metros costas no Mundial de Esportes Aquáticos, em Budapeste, com o tempo de 27s14,conseguindo, assim, o novo recorde das Américas e consagrando-se como a primeira brasileira campeã mundial em piscina longa.
Miguel Oliveira – Portugal
Miguel Ângelo Falcão de Oliveira é um jovem de 22 anos de Almada. Iniciou a sua carreira muito cedo, com a idade de 9 anos, chegando a 4€ lugar no Mini GP Troféu. Mas foi em 2011 que competiu pela primeira vez no Campionato mundial de velocidade moto na categoria 125 cm3 na equipa Andalucía-Cajasol team.
Em 2017, dois anos após se ter juntado à equipa Red Bull KTM Ajo, Miguel Oliveira leva a sua KTM ao lugar mais alto do pódio no Grande Prémio da Austrália, tornando-se o primeiro português a vencer em Moto2.
Ainda no decorrer do ano, Miguel Oliveira iniciou dois projectos pioneiros em portugal: cria o Oliveira Cup, Troféu Escola de motociclismo, dirigido a jovens dos 10 aos 14 anos, tal como prepara jovens talentos, sob a chancela da Miguel Oliveira Fan Club Racing Team. Estes projectos pedagógicos tem como fim encontrar aquele que poderá ser o seu sucessor.
Florence Oliveira
capmag@capmagellan.org