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24 mars 2022No dia 8 de março celebra-se o Dia Internacional das Mulheres, mais conhecido por “dia da mulher” em Portugal e denominado “Journée internationale des droits des femmes”, em francês. Um dos acontecimentos que está na origem deste dia e que marcou a história das sufragistas passou-se nos Estados Unidos. Ficou conhecida como “A marcha de Nova Iorque de 1908” aquela que reuniu 15 mil mulheres que exigiam condições de trabalho dignas, melhores salários e o direito de voto. No ano seguinte, celebrou-se o dia nacional das mulheres no mesmo país, no dia 28 de fevereiro.
No entanto, foi no ano de 1975 que o Dia Internacional das Mulheres foi celebrado pela primeira vez pelas Nações Unidas.
Embora seja um dia oficial celebrado a nível internacional, sempre ouviu-se dizer que não se devia consagrar um só dia às mulheres, mas sim, todos os dias do ano. O dia da mulher é todos os dias. As mulheres devem ser respeitadas e tratadas com dignidade todos os dias do ano, e não num só dia simbólico. E quando digo tratadas com dignidade, refiro-me a receber um salário digno do seu trabalho, que não seja nem mais nem menos por uma questão de género.
Remuneração igual por trabalho igual ou de igual valor
Segundo a Comissão Europeia, “a falta de transparência salarial” é uma das razões pelas quais muitas mulheres não estão conscientes da discriminação salarial no seu trabalho. A igualdade de remuneração por trabalho igual ou de igual valor é um dos princípios fundadores da União Europeia (UE), consagrado no artigo 157 do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (TFUE). Tal implica que os Estados-membros da UE têm que conciliar esforços e medidas para combater a discirminação de género em diversas áreas, entre as quais na laboral.
A proposta de diretiva da Comissão Europeia para reforçar a aplicação do princípio da igualdade de remuneração por trabalho igual ou de igual valor entre homens e mulheres através de mecanismos de transparência salarial e de aplicação é um exemplo de uma medida concreta que se tomou neste âmbito. No entanto, a realidade está longe de corresponder a estes objetivos, não ganhassem as mulheres na UE, em média, 16 % menos por hora do que os homens. No que toca às pensões das mulheres, estas são 30,1 % inferiores às dos homens.
O impacto da pandemia da Covid-19 nas mulheres
A pandemia da Covid-19 tem trazido vários desafios para as mulheres, que enfrentam situações de desigualdade e precariedade acrescidas. De acordo com um relatório da Comissão Europeia, desde o primeiro confinamento em março de 2020, vários Estados-membros, com destaque para a França, registaram um aumento da violência doméstica. O relatório demonstra ainda que as mulheres que trabalharam “na linha da frente” na luta contra a pandemia sofreram um aumento sem precedentes da sua carga de trabalho (86% dos trabalhadores em cuidados de saúde são mulheres). Por fim, concluiu-se que o confinamento teve um impacto significativo no equilíbrio entre vida pessoal e profissional das mulheres. Atualmente, 75 % das tarefas domésticas e dos cuidados não remunerados são efetuados por mulheres.
Em suma, este dia em que homenageamos as mulheres em todo o mundo é também um que acaba por nos levar a colocar algumas questões. Será que algum dia vamos alcançar a “igualdade plena”? Até lá vou continuar a viver com os desafios que tenho de enfrentar por ser mulher, mas também aproveitar a liberdade de escolhas e todas as oportunidades que estão por vir, que as minhas antepassadas ou tantas outras mulheres nos dias que correm não tiveram e não têm, pelo simples facto de serem mulheres.
Ceci est un article d’opinion qui n’engage pas Cap Magellan.
Janice chantre Raposo
Étudiante à iaelyon School of Management
Fontes: : Estratégia Europeia para a Igualdade de Género 2020-2025, Comissão Europeia, Comissão Europeia
Retrouvez cet article dans le CAPMag du mois de mars 2022.
Publié le 05/03/2022