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3 avril 2024De acordo com os dados do Eurostat, Portugal é o 3.º país da União europeia com mais trabalhadores precários, ultrapassado só pela Espanha e pelos Países Baixos.
Segundo um estudo do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), o peso dos contratos precários aumentou para 17,8% no 1.º trimestre de 2024, o que representa 756 mil trabalhadores em situação de precariedade. A média da UE é de 13,2% de precários no total do emprego. Apesar das alterações ao Código de trabalho que têm por objetivo restringir as possibilidades de renovação dos contratos a termo, o peso dos contratos de curta duração está em crescimento contínuo.
Os contratos por tempo limitado representaram quase 80% dos 110 mil empregos criados no último ano. A restauração, o alojamento e a construção civil são os setores mais afetados. Segundo o relatório do INE, a descida da taxa de desemprego deve-se principalmente ao crescimento muito significativo dos contratos a prazo. Observa-se também um aumento considerável do número de pessoas com empregos a tempo parcial ou com mais do que um emprego.
Há mais de 251 mil portugueses obrigados a ter dois empregos para fazer face às despesas diárias, ou seja uma subida de 7% no último ano. Trata-se do número mais alto desde 2011. Entre os setores mais afetados, dos trabalhadores afectados 14 900 são licenciados, tendo este segmento crescido 5,6%, mas são os menos qualificados os que têm maior aumento (+ 10,8%). Esta última categoria é também a mais afectada pelo desemprego, já que 42% dos desempregados não têm ensino médio ou superior.
No entanto, ter emprego não é suficiente para evitar a pobreza. De acordo com os dados da Pordata, 10,3% da população empregada em Portugal é considerada pobre, ou seja v ive com rendimentos inferiores ao limiar da pobreza (591 € mensais). Só 6 países da UE obtêm piores resultados: a Roménia (14,5%), o Luxemburgo (12,9%), a Espanha (11,7%), a Itália (11,5%), a Grécia
(10,6%) e a Estónia (10,5%).
De modo geral, observa-se que por toda a UE o risco de pobreza diminui à medida que a escolaridade aumenta. Portugal não é excepção: o risco atinge os 24,1% para quem frequentou só a escola primária e cai para 6% para quem tem um diploma universitário. Os grupos etários mais vulneráveis são os idosos e os jovens. Os dados revelam de facto que mais de 20,5% da população com 65 ou mais anos e 20,7 % dos jovens até aos 18 anos vivem numa situação de pobreza extrema.
As famílias numerosas e as mulheres sozinhas com filhos também fazem parte das categorias mais precárias. Ao longo dos últimos dez anos, o salário mínimo nacional tem aumentado de forma contínua e substancial, mas esta medida não basta para lidar com a inflação gerada pela guerra na Ucrânia, nomeadamente ao nível do custo das matérias-primas e das energias.
Céline Crespy
Foto: © DR
Fontes : Eurostat : ec.europa.eu/eurostat
Instituto Nacional de Estatísticas (INE) : www.ine.pt
Pordata (base de dados Portugal contemporâneo) : www.pordata.pt