
Finisterra: o medo nos confins do mundo
12 septembre 2025
Patricia Dias Coelho leva Rondinart à Paris
12 septembre 2025Portugal, graças à sua diáspora, espalhou-se internacionalmente, deixando grandes histórias e nomes importantes em cada um dos países onde conseguiu semear o seu legado, mesmo em países onde não existe uma comunidade portuguesa. O que é que a Costa Rica tem a ver com Portugal? Vamos contar a história de uma das personagens mais importantes da política deste país da América Central, sendo um dos seus protagonistas um cidadão português nascido no Porto.
A Costa Rica, oficialmente República da Costa Rica, é um Estado soberano organizado como uma república presidencial unitária composta por 7 províncias. O seu dia nacional é celebrado a 15 de setembro, data em que foi estabelecida a sua independência do Reino de Espanha, em 1821.
Embora as relações comerciais e de navegação entre Portugal e a Costa Rica se tenham iniciado em 1853, o primeiro agente diplomático nomeado pela Costa Rica em Portugal foi em 1941. Atualmente, a representação em Lisboa é assegurada pelo embaixador acreditado no Reino Unido, enquanto Portugal mantém a representação em San José a partir da sua embaixada no Panamá.
Por isso, na história da Costa Rica, vamos falar sobre António Luiz Pinto Soares, conhecido como Tata Pinto, que nasceu no ano de 1780 no Porto e morreu a 6 de abril de 1855 em San José, Costa Rica. Era um marinheiro comerciante e estabeleceu-se na Costa Rica por volta de 1810, tendo sido chefe do Estado Livre da Costa Rica de 11 a 27 de setembro de 1842. Liderou a revolta popular que derrubou Francisco Morazán.
Casou-se com María del Rosario Castro Ramírez (1792-1882), em San José, a 26 de abril de 1813, e deste casamento nasceram quinze filhos.
Dedicou-se a atividades mineiras, à cultura do café e ao comércio, tendo também prestado eminentes serviços como militar, atingindo a patente de general. Foi chefe da artilharia das tropas republicanas de San José na Batalha de Ochomogo (1823), comandante da artilharia da Costa Rica, procurador do tribunal especial de 1823, segundo chefe do Batalhão Provincial de Milícias Disciplinadas, comandante geral interino e, finalmente, comandante geral das Forças Armadas. Desempenhou também um papel proeminente nas forças governamentais durante a segunda guerra civil (1835), tendo-se retirado do serviço militar mais tarde. Foi também presidente da Câmara Municipal de San José em várias ocasiões.
Em setembro de 1842, quando o descontentamento contra os excessos e erros do governo de Francisco Morazán tinha atingido o seu limite e o país estava à beira de uma guerra com a Nicarágua, liderou um movimento popular para o derrubar. Foi chefe do Estado Livre da Costa Rica de 11 a 27 de setembro de 1842, mas não ambicionava o poder e entregou-o pacificamente a José María Alfaro Zamora, eleito Chefe Provisório por uma junta de notáveis das principais cidades do país.
Durante o seu breve governo, foram restabelecidas relações oficiais com os outros países da América Central, que tinham cortado os laços com a Costa Rica devido à ascensão de Morazán ao poder e se tinham aliado contra ele no Pacto da Guatemala. O governo de El Salvador concedeu-lhe o posto de major-general. De setembro de 1842 a abril de 1844, voltou a ocupar o cargo de Comandante Geral das Forças Armadas. Teve sérias dificuldades com o governo de Juan Rafael Mora Porras, que em 1851 o acusou de ter falado contra ele e de ter falado em derrubá-lo. Por esse motivo, foi aberto um processo criminal contra António Pinto Soares e seu filho Liborio, mas o processo foi arquivado pouco tempo depois.
Hoje em dia, Portugal não tem mencionado a importância e o significado de António Pinto Soares na nossa diáspora, sendo um dos mais importantes na história da Costa Rica. É por isso que é importante dar a conhecer estes cidadãos portugueses que expandiram a nossa cultura nos diferentes países do mundo, mesmo naqueles que não são conhecidos pelos portugueses.
Marcos Ramos Jardim
Foto: Antonio Pinto Soares-Wikimedia




