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14 novembre 2022A europa e a educação das nossas crianças : O papel do Conselho Europeu
Com o intuito de se adotar formas de educação e medidas para educar mais concretas e, claramente, mais objetivas, o Conselho Europeu debruça-se agora sobre a forma de “punição” a que os pais devem recorrer quando perante um mau comportamento.
Como sabemos, o Conselho Europeu é a instituição que “define as orientações e prioridades políticas gerais da União Europeia”. Assim, a educação ocupa um lugar preferencial na ordem de primazias. Atualmente, a atividade do Conselho Europeu gera polémica na medida em que, segundo o jornal Le Figaro, o Conselho Europeu, “depois de ter recomendando aos pais, o castigo não violento, durante 15 anos, vem agora com a sua posição atrás.” A forma de punição aqui em causa é a chamada “time-out”, isto é: “uma estratégia e não um castigo [de per si] e tem como objetivo, acalmar não só a criança, como também os pais. Consiste em retirar a criança do local onde está a ocorrer o episódio problemático e levá-la para um outro local onde possa ficar sentada e sem distrações”, isto até os pais acreditarem ser apropriado retomar o diálogo.
Esta forma de “castigo” está inscrita nos textos do Conselho Europeu desde 2008 a título de recomendação a fim de orientar os pais na educação dos seus filhos.
Impulsionado por várias ONGs, o Conselho Europeu trouxe à discussão a legitimidade deste tipo de castigo e, principalmente, a sua utilidade. Segundo o jornal Le Figaro, “este método não representaria mais os princípios do Conselho Europeu e o mesmo preparava-se para o extinguir dos textos legais.”
Contudo, perante tal notícia, a Instituição veio a público afirmar que esta ideia seria falsa. Confirmando que os interesses e os direitos da criança, assim como a produção de verdadeiras ferramentas de educação para os pais, são os verdadeiros objetivos destes textos, o Conselho Europeu preferiu não adotar uma posição específica, nem para nem contra este tipo de punição. Alertando e sensibilizando sempre sobre uma prática de educação não violenta, vários foram os especialistas que quiseram dar a sua opinião quanto ao assunto.
Assim, a psicóloga Caroline Goldman relembra que “nenhum estudo científico descreve quando é nocivo o facto de enviar uma criança para um canto, ou para o seu quarto.” Pelo contrário, quando o Conselho Europeu integrou nos seus textos a recomendação de aplicação do “time-out”, foi baseado em “pesquisas rigorosas que levaram a um consenso científico, ainda hoje reclamados por especialistas e vários organismos de educação” que asseguram o verdadeiro efeito de uma separação física das partes em conflito, a fim de restabelecer a calma e desconstruir o problema.
Nas suas redes sociais, a especialista acrescenta que “uma horizontalidade total entre pais e filhos, sem um marco de sabedoria, defendida pelos treinadores de pais e outros vendedores de sonhos, em oposição aos psiquiatras infantis, uma vez que, segundo eles, toda a autoridade é abusiva.”
De facto, a educação das nossas crianças é e será sempre um tema delicado e difícil de discutir em sociedade. Pois, apesar de existir uma espécie de concordância mútua perante determinadas punições, o certo é que algumas demonstrações de autoridade, para alguns pais são abusivas e para outros, nem tanto. O que se deve ter realmente em conta é o superior interesse da criança, independentemente do background familiar dos pais, que nunca servirá de justificação para comportamentos abusivos
Joana Carneiro – Estudante em Mestrado:
Estudos sobre a Europa na Universidade Aberta
capmag@capmagellan.org
Fontes: Grancindapsi, Le Figaro, Le Parisien, 20 minutes