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25 novembre 2022A Inflação e a subida das Taxas de Juro
Na edição deste mês da rubrica “Vous et Vos Parents”, debruçamo-nos sobre o fenómeno da inflação e sobre a subida das taxas de juro, ambas com capacidade para castigar as famílias europeias.
Em primeiro lugar, cabe explicar o que é a inflação. Temos por inflação o aumento generalizado dos preços de bens e serviços. Desta feita, quando os preços dos bens e serviços aumentam, o dinheiro que cada família ganha é capaz de pagar menos bens e serviços, dando-se, em consequência, uma redução real do poder de compra das famílias, porque estas ficam impossibilitadas de comprar os mesmos bens que anteriormente compravam.
Dito isto, os dados do Eurostat mostram que a taxa de inflação anual da Zona Euro foi de 9,9 por cento em setembro, muito perto daquela que era a primeira estimativa (10,0 por cento), mas atingindo, ainda assim, um novo máximo da série. Em Portugal, a inflação ficou ligeiramente abaixo da média europeia, com 9,8 por cento. Se quisermos fazer um exercício de comparação, os 9,9 por cento de inflação anual na Zona Euro comparam-se com os 3,4 por cento do mesmo mês de 2021. Ainda assim, uma boa notícia para os nossos compatriotas radicados em França, foi que a taxa anual mais baixa registrada foi precisamente nesse país, com 6,2 por cento.
Como referido, Portugal foi um dos países onde a inflação aumentou, fixando-se nos 9,8 por cento, quando um ano antes era de 1,3 por cento. Em setembro, as maiores contribuições para a taxa de inflação homóloga da Zona Euro vieram do aumento dos preços da energia (+4,19 pontos percentuais), alimentação, álcool e tabaco (+2,47 p.p.), serviços (+1,80 p.p.) e bens industriais não energéticos (+1,47 p.p.). A taxa de inflação na Zona Euro tem vindo a acelerar desde junho de 2021, principalmente devido à subida dos preços da energia, e a atingir valores recorde desde novembro de 2021.
Outro aspecto que tem vindo a penalizar as famílias (sobretudo as Portuguesas) e a diminuir o poder de compra é o aumento das taxas de juro. O Banco Central Europeu (BCE) tem vindo, gradualmente, a subir as taxas de juro, com o intuito de controlar a inflação. Acredita o BCE que, com menos dinheiro na economia (sendo as taxas de juros mais altas, as empresas e as famílias vão pedir menos dinheiro emprestado) as famílias e as empresas vão consumir menos, fazendo baixar a procura dos bens e consequentemente os preços. Esta teoria económica acaba, no entanto, por penalizar duplamente as famílias num período muito complicado. Por um lado, os preços dos bens essenciais (alimentação e energia) subiram. Por outro, o custo dos seus empréstimos para a compra de habitação também subiu, em alguns casos quase 50%, pelo aumento das taxas de juro. Tal não se refletirá nas famílias cujos empréstimos sejam feitos a taxa fixa (que é a tendência nos países de centro da Europa, como a França), mas terá um efeito devastador nos de taxa variável, como são quase sempre feitos em Portugal.
Aguardemos, pois, com muita expectativa o desempenho das economias europeias em 2023, esperando que este duplo, duríssimo, choque nas famílias portuguesas não as remete para outra crise económica e social, como a que ainda há pouco tempo vivemos.
Rui Rodrigues
capmag@capmagellan.com