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Graça Morais nasceu em Vila Flor (Trás-os-Montes) em 1948. A sua carreira artística é brilhante e de renome mundial. É membro da Academia Nacional de Belas Artes e desde 1977, foi-lhe atribuída pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, o grau Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. A Cap Magellan foi ao seu encontro.
Cap Magellan : Viveu em Moçambique e França, os seus trabalhos são expostos em vários países tornando-a assim numa artista de projeção internacional. O que significa para si a palavra «lusofonia»?
Graça Morais : Nas minhas viagens por Moçambique, Angola, Cabo-Verde, Macau, Japão, Brasil, também em França, especialmente em Paris, emociono-me sempre que ouço falar português. Quando ouço a minha língua falada um pouco por todo o mundo, tenho um sentimento muito forte de identificação e afecto. O exemplo maior do significado da lusofonia foi encontrar em Cabo Verde pessoas que me pediam para lhes enviar jornais, mesmo antigos, porque eles gostavam e precisavam de ler português. A Lusofonia é um mundo sem fronteiras onde a língua une as pessoas de culturas diferentes.
CM : Viveu em Paris como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. Qual é a sua relação com a cultura e a língua francesa?
GM: É uma relação de grande proximidade e necessidade, de aprendizagem e valorização da minha cultura como artista. Visito com frequência Paris pela enorme oferta cultural que esta belíssima cidade tem, pelo ambiente de liberdade, pela sua multiculturalidade, pela surpresa constante na minha descoberta de livrarias, galerias, museus, cafés. Tudo nesta cidade me desperta os sentidos, é uma cidade onde me sinto muito realizada.
CM : A mulher é uma temática recorrente nas suas obras. No seu ponto de vista, qual é a relação da mulher com o seu entorno e sobretudo a posição que ocupa na sociedade de hoje?
GM: Neste século, na sociedade ocidental, a mulher ganha uma importância cada vez maior em várias áreas. Nas artes, a obra das mulheres é cada vez mais valorizada mas ainda são os homens que lideram as tabelas de valores no mercado da Arte. Na sociedade portuguesa a mulher vive um período de grande afirmação profissional. Ao mesmo tempo assistimos a uma enorme violência, por vezes com fins trágicos, já que alguns homens não conseguem aceitar essa independência ou a rejeição das mulheres perante uma situação de maus tratos.
CM: Encontra-se atualmente em Paris para inaugurar a sua exposição “A Violência e a Graça” que será exibida no Centro Calouste Gulbenkian de Paris de 31 de maio a 27 de agosto. Como nasceu esse projeto?
GM: Este projecto nasceu há três anos a partir de uma ideia do Dr. Guilherme d’Oliveira Martins, então presidente do Centro Nacional de Cultura, em Lisboa, que, conhecendo bem a minha obra e a relação criativa com alguns dos maiores vultos da literatura portuguesa contemporânea, estruturou uma exposição que apresentasse o encontro entre a minha pintura e a literatura para ser apresentada no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo no Brasil. A exposição actual, resulta de uma síntese dessa ideia, adaptada ao espaço da delegação da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris, dando um grande destaque a obras que foram publicadas em livros em co-autoria com as escritoras Sophia de Mello Breyner Andresen e Agustina Bessa-Luís. Também vão ser apresentadas várias séries realizadas entre 1982 e 2016. Helena de Freitas e Ana Marques Gastão são as comissárias da exposição e do colóquio que reúne conferencistas de grande valor, e ainda serão apresentados dois documentários sobre a minha obra e sobre a minha relação com os escritores.
CM: Quais são os seus projetos para o futuro?
GM: Pintar e descansar. Ter tempo para sentir o tempo.
Agradecemos a disponibilidade e simpatia de Graça Morais e convidamos os nossos leitores a descobrirem a sua nova exposição La violence et la grâce a partir do 31 de maio.
Patricia Cabeço
capmag@capmagellan.org