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30 mai 20168e Rallye Paper Photographique
31 mai 2016Na sexta-feira 13 de maio, um grupo de estudantes do Lycée Georges Braque em Argenteuil teve a possibilidade de entrevistar a fadista Luísa Rocha no Lusofolie’s.
Esta foi uma oportunidade proporcionada pela Cap Magellan que os colocou em contacto com a fadista. Luísa, que se encontrava em Paris para um concerto especial no sábado, dia 14, acedeu prontamente a responder à curiosidade dos alunos e ainda os convidou a assistir ao seu mini-concerto. Leiam abaixo as respostas a esta entrevista inédita.
Alunos Lycée Georges Braque (ALGB): Desde quando a Luísa tem esta vontade de ser fadista ?
Luísa Rocha (LR): Eu comecei a cantar muito nova e não tenho uma data definida mas perto dos 5 ou 6 anos. A música veio naturalmente na minha vida. Comecei por fazer concursos, coletividades, festas. Tudo o que havia para eu poder cantar. Mas pratico a música como profissional desde os 20 anos, mais o menos.
Alunos Lycée Georges Braque (ALGB): O que lhe deu vontade de cantar ?
Luísa Rocha (LR): Não me lembro, mas ainda na escola primária, eu já queria cantar e já cantava para os meus colegas. O fado foi um caminho por onde eu fui sem saber se era o certo, mas queria fazer isso e tive sucesso.
Alunos Lycée Georges Braque (ALGB): Houve alguns cantores que a inspiraram ?
Luísa Rocha (LR): Sim claro, os cantores antigos, para começar, como Amália Rodrigues que é uma fadista que me inspirou muito e que vai inspirar ainda por muito tempo. Também houve Carlos do Carmo, Fernando Maurício, Maria José da Guia, foram tantos… Eles inspiraram-me, gosto muito de perceber a linguagem deste fado antigo.
Alunos Lycée Georges Braque (ALGB): Que outros estilos musicais a Luísa ouve?
Luísa Rocha (LR): Ouço pop rock, hip hop. Tenho uma filha que gosta de me ouvir cantar fado, mas também ouve outros estilos de música, como eu.
Alunos Lycée Georges Braque (ALGB): O que você sente ao estar no palco ?
Luísa Rocha (LR): A sensação sempre é a mesma, uma carga de nervos que cada vez é pior. Depois, quando chego ao palco, aquele viver que o público nos dá, acalma-me. É como entrar numa dimensão especial. Quando você estiver num espetáculo e sinta vontade de se manifestar, faça-o que de certeza que o cantor vai ficar muito feliz.
Alunos Lycée Georges Braque (ALGB): Você já pensou em ter outra profissão?
Luísa Rocha (LR): Não, nunca pensei noutra coisa, desde pequena foi a primeira coisa que me deu vontade de fazer. Se bem que os meus pais quisessem outro futuro para mim, que eu terminasse o meu curso, que eu tivesse uma estabilidade profissional, sentimental, o que hoje em dia é impossível com o meu trabalho, uma vida mais calma… Mas não havia volta a dar. Eu não sei se eu fui que escolhi o fado ou se foi o fado que me escolheu a mim, ou até as duas coisas. Devo ter jeito para fazer outra coisa, mas escolhi ser fadista.
Alunos Lycée Georges Braque (ALGB): E o que a Luísa gosta mais na sua profissão ?
Luísa Rocha (LR): Eu gosto de tudo. Ser fadista também é uma forma de estar na vida. Tenho uma vida familiar de que também gosto muito, ou seja, o meu marido toca guitarra portuguesa e é ele que me acompanha no palco, depois tenho uma filha que no fundo é um fruto do fado. O fado não é uma vida com parâmetros, nós viajamos muito e estamos sempre nos aeroportos quer sejam 5h ou 10h da manhã, vamos para o mundo todo. Mas eu adoro isso, não conseguia imaginar ter outro tipo de vida. Também gosto de ir para casas de fado, para poder partilhar as experiências com outros fadistas, juntar-se e cantar todos juntos. Poder partilhar as nossas emoções é uma linguagem de fadista. A minha música é um desabafo sem eu ter que falar de mim.
Alunos Lycée Georges Braque (ALGB): Em que países já cantou ? Tem alguma preferência ?
Luísa Rocha (LR): Tanto faz como, por exemplo, amanhã vou sair de Paris e vou para Argentina, Colómbia e Canadá. Também já estive em várias cidades dos Estados Unidos, em Macau, na China, na Suíça, na Polónia, na Áustria, na Alemanha, na Espanha e muitos outros de que me devo esquecer. Já percorri uma boa parte do mundo mas não tenho nenhuma preferência. Todos os países têm a sua diferença mas o ar emocional é o mesmo. »
Alunos Lycée Georges Braque (ALGB): Como é que a Luísa descreve o seu fado ?
Luísa Rocha (LR): O meu fado é muito dentro da linha do tradicional porque sempre gostei muito. Identifica-se com a pessoa que eu sou. O fado tradicional tem uma liberdade que eu adoro, ou seja, cantar uma mesma música de várias formas diferentes. O meu fado é o nosso fado. A única diferença é a minha personalidade que me identifica.
Alunos Lycée Georges Braque (ALGB): Fale-nos, então, do seu álbum “Fado Veneno”.
Luísa Rocha (LR): “O fado veneno” foi feito pelo mesmo produtor do meu primeiro álbum e algumas letras pelo Carlos Malato. Todos os poemas são inéditos. É um disco com metade de fado tradicional e metade de fado musical. Eu já tive vários produtores, escolho por análise. Pedi a todos que escrevessem um poema sobre mim e que me explicassem como me viam. Daí eu ter percebido como eles me viam e neste álbum, foi o Carlos Malato que me identificou melhor como uma mulher muito forte e determinada.
Alunos Lycée Georges Braque (ALGB): Quais são as perguntas mais recorrentes dos jornalistas ?
Luísa Rocha (LR): A mais recorrente sobre o meu álbum é : porque se chama fado veneno ? Foi chamado assim porque fala de uma mulher forte. E como tomar um remédio: ele cura, mas se tomar a dose errada fica a ser veneno, e em termos de amor é igual, temos de arranjar as doses certas para o amor não se tornar veneno.
Cardoso Coelho Bruno
Costa Fernandes Ana Rita
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