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O grande cantor Fernando Daniel, autor dos famosos títulos Voltas, Espera, Melodia da Saudade e casa, estará no Grand Rex de Paris no próximo 10 de novembro. Quisemos obter informações sobre o show previsto e obtivemos uma entrevista exclusiva!
Cap Magellan: Olá Fernando. Espero que esteja tudo bem contigo. Estás aqui para falar do teu concerto em Paris no dia 10 de novembro no Grand Rex. Como é que te sentes?
Fernando Daniel: Sinto-me muito ansioso. Estou muito animado também. Será o meu primeiro concerto internacional no que toca uma tour. Já estive no Luxemburgo e na Suíça, mas foram sempre concertos isolados, nunca no meio de uma preparação de uma tour, ou seja, nunca tive de preparar nenhum espetáculo do zero para fazer uma tour internacional. Paris é a primeira cidade. Estou muito, muito ansioso.
CM: O que achas do público do exterior de Portugal?
FD: Costumo dizer que é uma sensação muito estranha porque, fazemos algumas horas de voo, estamos completamente em outro país, fala-se outro tipo de língua, o ambiente é totalmente diferente, mas parece que estou em casa na mesma. O público consegue ser ainda mais intenso do que o público que há no nosso país. Acho que isso se deve ao facto das pessoas lá fora, os nossos imigrantes, acabaram por sentir que é uma oportunidade única ou das poucas que vão ter. Então reagem com uma intensidade muito grande. Para quem está a atuar, que é o meu caso, e espera do público este entusiasmo, é ótimo.
CM: O nome da digressão é V.H.Session, em ligação com o teu último álbum V.H.S (vol.1), que saiu em maio de 2023. Porque decidiste escolher esse nome?
FD: Fui pai em 2021 e isso fez-me, curiosamente, viajar um bocadinho no tempo, até à altura em que nasci. Porque, é inevitável uma pessoa, quando tem um filho, começar a fazer comparações com os outros membros da família, ir ver fotos. Ao ver fotos dos anos 80, 90, veio-me aqui uma vontade de explorar algumas coisas dessa época. Os V.H.S eram aqueles leitores de cassetes que se usavam na altura. Também utilizei o V.H.S como uma sigla, que é quase como uma postura de vida, para todos os dias tentar alcançar o nosso melhor, todos os dias ir à procura de melhores condições para nós, para sermos melhores pessoas, melhores profissionais. Utilizei então essa sigla e, ao misturar um bocadinho com o conceito, surgiu o V.H.S, o disco.
Para esta tour internacional, decidi montar todo um conceito, tentei inspirar-me na capa do disco, do V.H.S, que é focada na natureza, e tentei explorar isso ainda ao máximo. Então, o conceito visual deste tour vai contar com uma fogueira, também com eu e mais dois músicos à guitarra e um piano. O que eu quero dar a sentir às pessoas é que vieram a um acampamento: estão junto de uma fogueira e todos cantamos canções de forma descontraída no meio deste cenário idílico onde se ergue uma árvore. A ideia aqui é passar uma descontração grande, esquecer os problemas que estão lá fora. Em termos sonoros, são músicas muito mais acústicas, muito mais despidas. Vou também cantar novas canções, nomeadamente as nove menos conhecidas do álbum e claro para além disso vou interpretar os meus grandes temas, que as pessoas ouviram desde o início, como o Espera, como a Melodia da Saudade, o Voltas, o Sentir, o Nada Mais. Essas músicas fazem parte da minha história, e uma vez que vou lá fora pela primeira vez, o intuito é levá-las até Paris também.
CM: Ficaste conhecido com programas de televisão como o Factor X Portugal, e The Voice Portugal. Agora és júri no The Voice. Foi um objetivo?
FD: Não tenho a certeza que posso dizer que estou a viver aquilo que sempre sonhei, que é fazer música. Acho que ser júri agora do The Voice acaba por ser um resultado daquilo que tenho vindo a fazer enquanto músico. De verdade, participei no Factor X duas vezes e não ficou bem. À terceira, no The Voice, correu, venci o programa, tive uma prova cega que se tornou viral no mundo inteiro. Hoje conta com mais de 130 milhões de visualizações. Foi uma coisa mesmo estrondosa, eu nunca imaginei que tivesse acontecido.
A partir daí permitiu-me abrir algumas portas, ter alguma relevância, ter a editora Universal a apostar em mim também. A partir daí as coisas foram sempre a subir. Acho que hoje em dia estar lá naquele sítio onde eu estive enquanto concorrente é um resultado de tudo aquilo que eu fiz depois de sair daquele programa. Acho que fui sugerido muito pela história que tenho com o programa, também pelo sucesso que eu tenho cá fora. Agradeço imenso ao The Voice por ter apostado em mim, porque acho que é uma história bonita para contar a todas as pessoas que vêm concorrer ao programa: tinha um sonho, concorri ao programa, venci o programa, continuei a lutar pelo meu sonho e agora estou sentado naquele programa a ajudar outras pessoas que têm o mesmo sonho que eu. Acho que a história em si é bonita e é um gosto fazer aquele programa. Já vou na quinta edição enquanto mentor e espero que continuem a vir muitas mais, porque eu gosto muito de fazer aquilo.
CM: Tens um conselho para os jovens que querem começar na música?
FD: O conselho que eu tenho para dar é façam. Quando se está a começar, existem muitas dúvidas: por onde é que eu começo, o que é que eu faço, a quem é que eu recorro, o que é que é suposto eu fazer. Portanto este façam é, não tenham medo de arriscar aquilo que vocês querem fazer.
No meu caso já fiz coisas das quais me arrependo, mas se se calhar não tivesse feito, não teria crescido enquanto músico. Por exemplo, há músicas que eu já não me identifico e agora já não gosto de as cantar, porque sinto que quando as canto já não sou essa pessoa que as escreveu. Portanto nunca vai ser sempre perfeito, estamos aqui para aprender, estamos só aqui de passagem até se provar o contrário. Portanto temos que aproveitar cada momento. Fazer as coisas sem qualquer receio, sei que vivemos numa era em que a crítica é muito fácil, qualquer pessoa pode criticar atrás de um computador, mas temos de explorar as nossas potencialidades, o nosso talento, estabelecer objetivos também. Portanto, a malta que está a começar é não ter medo de arriscar, é ir fazendo e ir crescendo com os erros.
CM: Em 2021 lançaste o single Raro com a tua namorada para anunciar a gravidez dela. Como é que nasceu essa ideia fantástica?
FD: Eu acho que tenho uma namorada lindíssima. Já disse várias vezes que ela devia aproveitar mais a beleza e a personalidade que tem para fazer algo. Se bem que ela agora está a começar a dar os primeiros passos a trabalhar com redes sociais. Eu sempre disse que gostava muito que ela participasse num videoclipe meu, acho que faz todo sentido. Muitas vezes falo com atrizes e modelos para fazer vídeos, quando tenho uma namorada tão bonita em casa e que pode ajudar-me nesse sentido. Só que ela nunca quis muito aparecer em videoclipes, ela gosta mais de estar sossegadinha no canto dela. Só que neste videoclipe, assim que soube que a Sara estava grávida, comecei a preparar esta canção para celebrar o nosso amor. Enquanto estava a escrever a canção, já estava a pensar no vídeo. Achava que faria sentido ela aparecer e sabia que desta vez ela não iria recusar. Além disso, eu sentia a necessidade de contar aos meus fãs, porque também não queria que eles ficassem desiludidos ao saberem através de revistas ou outras coisas quaisquer, preferia que soubessem por mim, que eu iria ser pai, ainda para mais da minha primeira filha.
Comecei a convencê-la e acho que ela gostou muito da ideia. Acho que se casou aqui duas coisas muito bonitas, que são as coisas que eu mais amo na vida, que é a música e a minha família, e consegui contrastar as duas coisas e fazer com que este momento fosse especial.
CM: És um artista de vários combates, muito próximo das pessoas, nomeadamente estás muito empenhado para as crianças e a doença do cancro. Por que achas tão importante estar empenhado, sobretudo enquanto cantor?
FD: É claro que ser cantor ajuda, porque posso chamar a atenção para algumas causas com as quais me preocupo através da minha música. As pessoas têm mais interesse em ouvir uma música que fale sobre uma causa do que estar a ler um panfleto ou um anúncio. Quero utilizar a minha imagem e a facilidade que tenho de escalar as pessoas e o número das pessoas que tenho a acompanhar-me para sensibilizar para estas questões. Acho que enquanto figura pública, enquanto pessoa famosa, quero utilizar a minha fama também para sensibilizar os outros, para alertar para causas que acho importantes. Escolhi estas, e acima de tudo, o cancro, seja ele infantil ou não. Sei que existem muitas mais pessoas a fazer sobre outras causas e acho que é bom existir esta diversidade. Acho que a Melodia da Saudade alerta um bocadinho sobre o facto de estarmos cá só de passagem e é bom aproveitar cada momento. Sei perfeitamente que, quando existe uma notícia de cancro na família, a notícia é uma bomba para todos, e não só para aqueles que estão a passar pela doença, mas também para quem os rodeia. Portanto, eu quero trazer sempre a minha imagem para alertar para todas estas coisas, para sensibilizar, e acho que é o meu dever também. Não tenho que usar a minha fama só para o meu proveito, para partilhar a minha música, para ter as minhas salas de concertos esgotadas, para fazer dinheiro, para ter carros, para ter uma casa, para ter os meus estúdios, etc. Tenho que também utilizar a minha fama para ajudar os outros. Acho que a fama vista desta forma é uma coisa boa, agora se só utilizamos para a fama como proveito próprio permanece uma coisa banal como tantas outras.
CM: Quais são os projetos a vir, a parte 2 do VHS?
FD: Esta digressão do VHS foi composta por dois anos. Todos os discos que eu fiz foram sempre dois anos de concertos. O VHS terá três, porque durante este ano estive a tentar preparar o volume 2, só que senti muita pressão, porque tinham muitas pessoas a pressionar-me. Sinceramente senti que o 2 não tem que vir logo a seguir, ou seja, eu posso lançar o VHS 2 daqui a 4, 5, 6, 10, 20 anos, o que é importante é que ele um dia chegue. Decidi fazer uma pausa no VHS e deixá-lo para daqui a alguns anos, quando sentir a necessidade de voltar a escrever e a ter em conta toda esta imagem vintage.
No entanto, estou a compor um disco novo, que virá também por aí e que será um novo projeto. Aliás, este concerto que eu vou fazer no Grand Rex, por exemplo, já vai ter um bocadinho o tipo de sonoridade que eu vou apresentar nos próximos trabalhos. Portanto, malta que venha, eu adorava esgotar o meu primeiro concerto parisiense. A par desta digressão também estou a fazer o disco, estou empenhada em fazer o The Voice, também vêm algumas colaborações por aí, os meus estúdios também… Gostava de os finalmente abrir para o ano. Está tudo encaminhado para que isso aconteça. Estamos neste momento a trabalhar com alguns investidores e patrocinadores para que as coisas acelerem um bocadinho o processo do estúdio. Quero muito que este estúdio fique de pé e que a escola de música que eu estou a abrir para pessoas com mais carência também fique de pé o mais rapidamente possível. Mais uma vez, quero utilizar a minha fama para chegar a mais pessoas e ajudá-las a conseguir aprender música e explorar o seu talento, portanto, quanto mais depressa as coisas se realizarem aqui nos estúdios, mais isso pode acontecer.
CM: Para acabar tenho uma última pergunta: tens uma mensagem geral para os jovens lusodescendentes como eu?
FD: Tenho duas irmãs que emigraram muito cedo também. Sei que a malta lusodescendente e os jovens, quando chega a altura do verão e percebem que vêm a Portugal, notam-se que são muito felizes aqui, e que ficam em parte a conhecer um bocadinho mais a história dos pais também, e dos avós. A minha promessa é tentar levar isso comigo até Paris, aliás a todos os sítios onde vou estar, mas neste caso até Paris. Vou tentar levar ao Grand Rex a energia portuguesa, aquilo que se faz aqui, tentar reduzir todas as distâncias. Quero dizer-lhes também que sei que o nosso país não é muito famoso e não apoia acima de tudo os jovens. As oportunidades que nós temos aqui em Portugal não são as mesmas que a malta tem em França. No entanto gabo a coragem de todos os que estão à procura de uma vida melhor aí fora, acho que fazem bem, mas peço também que aí num cantinho do coração guardem a vontade de um dia regressar porque o nosso país é encantador, é muito seguro e tem uma história lindíssima. Acho que nós somos um país maravilhoso, em que se come muito bem, que tem vistas magníficas, um povo super acolhedor e espero que a malta também guarde aí sempre no coração essa vontade de um dia voltar, não só no verão.
Convido mais uma vez toda a gente, desde os mais jovens lusodescendentes aos mais velhos. Vai ser um concerto incrível. No final do concerto terei também a oportunidade de estar com quem quiser estar comigo, vou levar merchandising que estará à venda, desde discos, tudo e mais alguma coisa que não é possível se calhar obter em França. Uma vez que vou ao vosso encontro, tentarei levar um bocadinho dessas coisas para aí. Ainda vou estar em Paris mais datas, que ainda não posso revelar, mas as pessoas têm que estar atentas. Aliás, se calhar em Paris eu depois revelo, mas não será para já, será para um bocadinho depois. Portanto, venham, o concerto está a ficar lindíssimo. Há uma música exclusiva que retrata bem aquilo que é Portugal, é uma música que toda a gente quando ouvir vai se lembrar dos avós, dos pais e das férias, portanto venham e prometo que vai ser incrível.
CM: Parabéns e obrigada. Acho que toda a gente vai querer vir agora, disseste mesmo tudo!
Convidamos toda a gente em comprar os seus bilhetes para dia 10 de novembro no Grand Rex. Mais informações em capmagellan.com e dyam.eu
A entrevista passou na sua totalidade no programa Tempestade 2.1 dia 19 de outubro de 2024.
Entrevista realizada pela Julie Carvalho,