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13 décembre 2023A Cap Magellan recebeu, na última sexta-feira, 17 de novembro, o Secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, nas suas instalações em Paris. Como pode ler no artigo sobre o assunto, Dr. Mário Campolargo foi entrevistado por Julie Carvalho, animadora do programa da Cap Magellan, Tempestade 2.1.
Cap Magellan : Como é que consegue incluir toda a população no desenvolvimento da digitalização, sabendo que em Portugal ainda há analfabetos, tal como pessoas que não se interessem pelo assunto da digitalização?
Dr. Mário Campolargo : Obrigado por esta oportunidade de conversarmos um pouco. A digitalização do país centraliza-se essencialmente em três pilares: o investimento nas pessoas, o investimento nas empresas e o investimento na administração pública. Mas para quê estes três pilares? Possam ter sucesso? Tenho que ter obviamente um conjunto de infraestruturas digitais como a banda larga, o 5G. Tenho que saber que as tecnologias como a analítica de dados ou a inteligência artificial têm que me ajudar neste processo. Acima de tudo, tenho que ter a consciência que essas infraestruturas têm que ser seguras e respeitar a privacidade dos cidadãos. Esta é uma lógica de autoria minha, nomeadamente quando investimos na administração pública, quando investimos em serviços digitais da administração pública para que as pessoas que tiveram literacia digital possam fazer aquilo que precisam de fazer para a administração pública através do seu telemóvel.
No fundo, o que fazemos hoje em Portugal é trazer a loja de cidadão para o nosso telemóvel. O que fazemos com as empresas é incentivar os jovens, para que sejam empreendedores dando vouchers para as pequenas empresas de carta inovadora que desenvolvem serviços sobre produtos digitais e com um pendor de sustentabilidade muito grande para que começam o seu novo negócio. Hoje damos as incubadoras, as aceleradoras a fazerem com que as pequenas empresas possam crescer e também ajudar aquelas que possam trazer os equipamentos e os desenvolvimentos que estão a fazer no laboratório para a realidade através desta ajuda. Temos um conjunto legado de mecanismos que permite, lado a lado com o investimento da administração pública, que a economia floresça. Mas nem a administração pública nem a economia podem florescer se eu não investir nas pessoas.
O investimento nas pessoas é um investimento na capacitação básica para que os idosos possam conhecer o mínimo possível e possam falar com a sua família através de uma rede social, mas que possam também, numa fase seguinte, ter acesso aos serviços que necessitam. Temos em Portugal uns programas absolutamente inovadores e um programa de pensamento computacional que é permite aos jovens das escolas primárias começaram a olhar para a matemática, o português, a geografia e também para os princípios que são os princípios do digital e terem uma mente que lhes permite não só seguir o digital como desenvolver os produtos do futuro. Depois, temos uma particular preocupação com o balance de gênero e temos programas como “As engenharias por um dia” que dão a ideia tão forte de que, para desenvolver tecnologias de informação, precisamos ter raparigas e rapazes e é nesta época de sistema de equilíbrio que vão crescer. Da mesma forma, continuamos a investir nos cursos de tecnologia de informação para termos bons engenheiros, para termos bons analistas de dados e, ao mesmo tempo, garantimos que os médicos, os psicólogos, aqueles vieram a trabalhar na iluminia, etc. também percebem que todos estes domínios de actividade precisam do digital como um catalisador para fazerem as funções. É neste investimento que é importante de enumerar.
Por exemplo: a minha avó, que não tem grandes conhecimentos, vive no interior de Portugal e a cultura não é ideal. Por isso é que estamos nestes catalisadores a tentar que, muito proximamente, façamos um concurso internacional para garantir que todas aquilo que se chamam as “zonas brancas do país”, as zonas onde não há boa cobertura de banda de 5G e de fibra óptica, o possam ter. E é assim, investindo numa infraestrutura segura acessível a todos e investindo nas competências digitais, que nós fazemos com que o digital com propósito seja uma realidade em Portugal, sem deixar ninguém atrás.
Cap Magellan: Novos regulamentos europeus saíram em agosto: o Digital Service Act e o Digital Markets Act. Como é visto em Portugal a posição da França como líder e qual é a posição de Portugal?
Dr. Mário Campolargo : Acho que também temos de olhar para factos. Portugal pertence ao conjunto das 10 nações mais avançadas no mundo na traiga de serviços digitais à administração pública, aos seus cidadãos e cidadãs. É inegável, somos um dos 10. Na Europa, temos a Estónia, a Dinamarca, Portugal e depois, no espaço europeu que não da União Europeia, temos o Reino Unido. Isto prova que Portugal está muito avançado nesta área. Mas seguramente que a França tem feito caminho – é um país muito grande com uma tradição quer tecnológica quer de conhecimentos muitos grandes – e, portanto, caminha lado a lado com qualquer outra nação como Portugal. Quando definimos ao nível europeu atos como o regulamento da proteção de dados, é para garantir a privacidade e a segurança das pessoas. Quando falamos nos dados, quando falamos da inteligência artificial, quando falamos da cibersegurança, influenciamos as decisões ao nível europeu, com as quais, obviamente, estamos de acordo. A Europa é um espaço de liberdade democrática em que a utilização do digital, quer através da inteligência artificial, dos dados, da segurança, deve ter um único propósito: satisfazer as necessidades dos cidadãos e das cidadãs e preservar as democracias em que vivemos com os valores humanos.
Cap Magellan: Muito obrigada pelo seu tempo.
Entrevista realizada pela Julie Carvalho,
Transcrição pela Sophie Abreu.