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8 décembre 2023Le mardi 3 octobre 2023, Cap Magellan s’est rendue au théâtre de Saint-Quentin-en-Yvelines pour assister au projet de Fado em movimento de l’Ensemble des Équilibres avec la grande fadiste Cristina Branco. Agnès Pyka, directrice artistique et premier violon de l’ensemble, Cristina Branco, fadiste de renom, et Bernardo Couto, grand guitariste portugais, nous ont accordé une interview mixte (en français et en portugais) pour parler de leur projet hybride.
Cap Magellan : Nous sommes au théâtre de Saint-Quentin-en-Yvelines, après votre présentation de Fado em movimento. Comment avez-vous trouvé cette soirée ?
Agnès Pyka : Je pense que les gens étaient, comme toujours, un petit peu surpris. C’est pour cette raison que je présente le projet au départ. C’est vrai que c’est une démarche qui est surprenante en elle-même. Pour l’instant, les retours que j’ai eu son excellent. Nous en sommes très contents ! Ce soir, il y avait également la création d’une pièce de Anne Victorino d’Almeida, qui est assez difficile. Je trouve que cela s’est très bien passé pour une première fois !
Cap Magellan : C’est en 2006 que vous avez créé l’Ensemble Des Équilibres. Pourquoi et comment cela s’est déroulé ?
Agnès Pyka : J’ai fait une grande partie de mes études à l’étranger et à l’époque je rentrais dans le sud de la France, d’où je suis originaire. Je ressentais un besoin d’une musique de chambre particulière. Nous sommes spécialistes de musique du XXe siècle et de musique contemporaine. La DRAC m’a demandé à l’époque de faire ce que les autres ne faisaient pas en créant un ensemble spécialisé là-dedans. Des Équilibres est un ensemble à géométrie variable, allant du duo à l’octuor, avec différents équilibres de chants.
Cap Magellan : En 2022, avec la saison France-Portugal, le fado apparaît. Pourquoi ce choix ?
Agnès Pyka : Nous travaillons beaucoup à l’étranger. Aller à la rencontre d’autres cultures musicales nous intéresse. Nous avons eu la chance d’être mis en contact avec Cristina et Bernardo, qui ont accepté le projet !
Cap Magellan: Como é que acolheram o projeto com Agnès?
Cristina Branco: Aceitamos com curiosidade. Acho que é sempre uma mais valia quando nos deixamos levar para fora de pé, quando tentamos domínios que não são exatamente a nossa área. Tenho sempre a sensação que se aprende alguma coisa, que traz qualquer coisa de novo para dentro do nosso próprio repertório. Quando surgiu o convite, foi nessa expectativa de misturar a nossa música com um gênero musical que não tem nada a ver com o fado e ver como é que estes dois universos tão diferentes se podem juntar.
Bernardo Couto: Também reage com muita curiosidade. A Cristina e eu somos parecidos. A possibilidade de entrar num universo musical que nos faz sair da nossa zona de conforto nos dá vontade. A experiência musical é muito enriquecedora e eu gosto muito.
Cap Magellan: Já conheciam a música contemporânea?
Cristina Branco : Sim, há anos atrás e durante muito tempo fizemos um projeto mercado com Ensemble Moderne de Frankfurt. Era uma criação de um compositor italiano, Stefano Gervasoni. Era música contemporânea onde eu cantava fados tradicionais exatamente como os fados eram e havia uma seção musical à volta que faziam algo completamente diferente do fado. Era uma mistura de universos diferentes a tentar encontrar um ponto comum, que naquele caso era o fado.
Cap Magellan: Faz muito tempo que vocês os dois trabalham juntos?
Os dois: Há vinte anos.
Bernardo Couto: O meu casamento nem durou tanto tempo, durou menos de vinte anos (risos).
Cristina Branco: Nem o meu! (risos)
Cap Magellan: Era a primeira vez que cantavam no palco só com a voz e a guitarra portuguesa?
Bernardo Couto: Não, já aconteceu. Nos concertos da Cristina, no passado, geralmente havia momentos assim.
Cap Magellan: Como é que se sente, enquanto fadista, a cantar só com guitarra portuguesa? Não é nada comum.
Bernardo Couto : Não é comum de todo, mas é super interessante. Eu gosto até porque toda a sonoridade da guitarra portuguesa é preponderante. Não há mais instrumento nenhum a tocar no fundo e isso dá-lhe outra personalidade, se é que é possível com a guitarra portuguesa que já tem uma personalidade tão importante, tão grande. Fica mesmo exposta e fica muito bonito. Na verdade, a voz e a guitarra portuguesa são dois instrumentos solistas.
Cap Magellan: Como é que a guitarra portuguesa consegue entrar com o trio de cordas?
Bernardo Couto: Tem que haver um processo de adaptação para perceber exatamente a maneira de tocar, etc. e é para isso que servem os ensaios. Mas de resto fica super bem. O trio é incrível! A diferença é que a música está toda escrita, o que é contra a minha natureza, porque faço tudo de música livre. A conjugação não é nada óbvia, mas acho isso desafiante e gosto muito.
Cap Magellan: Como é que funcionaram com música escrita e música não escrita?
Bernardo Couto : O Bernardo lê música, eu não. Tenho que aprender de orelha, pela insistência dos ensaios, por ouvir gravações, por ouvir a compositora a contar a sua própria composição, etc. Depois vou trabalhando em casa, com eles nos ensaios, etc. É tudo um trabalho de memória. Não tenho nenhum papel à minha frente, a não ser a letra do poema.
Cap Magellan : Comment ça a été pour vous cette expérience Agnès ?
Agnès Pyka : Pour moi, le plus difficile est surtout qu’on arrive à se mettre dans le son de ce qui est entre les deux. Cristina garde sa voix de fado et Bernardo son style de guitare portugaise. Le plus difficile pour nous est d’essayer de se mettre au milieu de ça. Lorsque nous jouons sur la partie contemporaine seule, nous ne jouons pas de la même façon qu’avec eux. C’est un mode de travail différent du nôtre, donc c’est très intéressant. D’un côté, je pense que nos textes sont plus difficiles, mais, de l’autre, eux ont un instinct que nous n’avons pas. Il faut réussir à impliquer ces deux choses. Nous allons à leur rencontre et cherchons leur intérêt. Quoiqu’il arrive, c’est
une expérience, mais visiblement qui marche !
Cap Magellan : Jeudi vous serez à Saintes, puis vous commencez l’enregistrement. Qu’avez-vous prévu ?
Agnès Pyka : Nous enregistrons bientôt et cela devrait sortir au printemps a priori. Il semblerait que d’autres concerts arrivent également. C’est une recherche, qui n’est pas exactement du fado, qui est entre ce que nous faisons et ce qu’ils font. Longue vie à ce projet !
Cap Magellan: Como é que escolheram os poemas?
Cristina Branco : Eu pedi ao Gonçalo M Tavares, que tenho a sorte de ser meu amigo, se gostava de escrever um livrete para esta encomenda. Escreveu muitos textos, mas depois foram as compositoras que escolheram os quatro que ouviram.
Cap Magellan : Que peut-on vous souhaiter pour la suite ?
Agnès Pyka : Que nous ayons plein de concerts !
Cristina Branco : E boa sorte para a gravação de sábado e domingo!
Bernardo Couto: Sim, e o Porto campeão nacional! (risos)
Cap Magellan: A minha última pergunta é, como sempre: têm uma mensagem para os jovens lusodescendentes?
Agnès Pyka : Qu’ils écoutent ce projet et cette musique qui fait rencontrer nos cultures et qui, de ce fait, agrandit l’Europe un peu plus chaque jour qui passe.
Cristina Branco : Acho que partilho a opinião da Agnès. O que quero dizer aos mais jovens que vivem aqui é que consideram realmente importante que haja estes intercâmbios entre países e entre línguas, entre músicas também. Espero despertar a curiosidade deste público mais jovem, também para novas descobertas.
Bernardo Couto : Se atrás deste projeto houver uma aproximação à cultura portuguesa, francesa, ao fado e à guitarra portuguesa, um pretexto para o público português ou lusodescendente que vive em França de ter uma aproximação com a cultura portuguesa, é um ótimo pretexto!
Cap Magellan: Muito obrigada! Merci beaucoup ! Nous continuerons à suivre votre projet !
Nous vous invitons à suivre l’Ensemble sur leurs réseaux sociaux, YouTube, Instagram, Facebook, ainsi que de visiter leur site internet pour en savoir plus : http://www.desequilibres.fr/
Entrevista realizada pela Julie Carvalho,