O candidato Tiago Correia do partido Livro responde às nossas perguntas
14 février 2024A candidata Rita Nóbrega e Luis Lopes do partido Bloco de Esquerda responde às nossas perguntas
14 février 2024Apresentamos as respostas completas de Joana Carvalho, candidata n°1 pela Coligação Democrática Unitária ao círculo Europa:
Participação eleitoral dos Portugueses no estrangeiro
Cap Magellan: Como pretende promover a participação eleitoral dos Portugueses no estrangeiro tendo em conta a abstenção de 88.6% nas últimas legislativas?
Joana Carvalho, Coligação Democrática Unitária: A CDU faz um forte apelo ao voto e o exercício deste direito fundamental para a nossa democracia, especialmente no ano que comemoramos os 50 anos do 25 de Abril! As eleições para a Assembleia da República no próximo dia 10 de Março são muito importantes, e também o são para as comunidades emigrantes portuguesas, porque são uma oportunidade de eleger deputados verdadeiramente empenhados e com provas dadas na defesa dos seus interesses e aspirações. Vemos com preocupação os valores da abstenção, mas estes têm que ser interpretados num contexto em que a maioria dos emigrantes portugueses se sentem abandonados pelo Estado Português…. A vida dos emigrantes, naquilo que depende do Estado português, na verdade, não tem melhorado. Naturalmente, esta desilusão traduz-se também, mas não só, na abstenção. Neste sentido, achamos fundamental que seja implementada uma política de proximidade, de resposta aos reais problemas das comunidades emigrantes portuguesas, apostando em medidas que incentivem a participação das comunidades portuguesas na vida política nacional. Os consulados, postos consulares, e até as associações de portugueses têm um papel fundamental.
Cap Magellan: Qual é a seu ver o peso eleitoral dos emigrantes e luso-descendentes?
Joana Carvalho, Coligação Democrática Unitária: Dados mais recentes do Observatório da Emigração reportam números extraordinários e mesmo preocupantes! 850 mil portugueses entre os 15 e os 39 anos vivem fora de Portugal. O número de nascimentos de filhos de mãe portuguesa no estrangeiro já representam 20% do total em Portugal. Em 20 anos, 15% da população portuguesa emigrou. Estes números fazem de Portugal o primeiro país da Europa, e o oitavo do mundo, com mais emigração. Consequentemente, este números têm um peso fortíssimo, ao denunciar, de forma tão veemente, que as políticas que têm vindo a ser seguidas têm conduzido a condições de vida dificílimas e que levam à emigração como a saída possível. Contudo, a emigração não pode significar o corte com as obrigações constitucionais com portugueses e luso-descendentes. Como já disse acima, a obrigação constitucional de garantir e acompanhar as Comunidades portuguesas é fundamental! Tal como é a promoção de uma acção política capaz de assegurar a sua ligação ao território, à língua e à vida política, social e cultural do país.
Cap Magellan: O que tem a dizer sobre os diversos problemas encarados pelos cidadãos portugueses no estrangeiro no que diz respeito ao ato eleitoral?
Joana Carvalho, Coligação Democrática Unitária: Há muito que a CDU acompanha esta questão. Aliás, propusemos medidas que, porventura não resolvendo todas as situações, iriam contribuir, a nosso ver, para a sua resolução. Propomos a descentralização das mesas de voto e a envolvência do Movimento Associativo, à semelhança do que se faz para a eleição do Conselho das Comunidades Portuguesas.
25 de abril e liberdade
Cap Magellan: No ano em que se festejam os 50 anos do 25 de abril, vemos em todo o mundo e também em Portugal, uma ascensão das forças políticas de extrema direita e, a nosso ver, um ataque aos valores de Abril. O que propõe para lutar contra estas derivas populistas que parecem também atrair os Portugueses da diáspora?
Joana Carvalho, Coligação Democrática Unitária: A ascensão destas forças em Portugal, mas também na Europa, não está desligada da prática política de governos sociais democratas, uns mais à direita que outros, que não dá resposta aos reais problemas com que os povos se confrontam. Falamos do acesso cada vez mais difícil à Saúde e à Habitação, mas também da promoção da política de salários baixos, à precariedade, ao desemprego, miséria, fome e guerra. A melhor forma de se combater a direita e a extrema-direita, não se faz pegando nas suas bandeiras, nos seus discursos, nas suas propostas, pensando que assim os estamos a combater. A melhor forma de se combater a direita e a extrema-direita é implementando e praticando políticas que efectivamente respondam aos problemas dos povos. Essas opções políticas têm que ser necessariamente diferentes das hoje praticadas em Portugal e na Europa. Para nós não existem dúvidas de que lado estamos.
Equilíbrio na representação eleitoral e relações com a Europa
Cap Magellan: No contexto das próximas eleições Europeias, de que maneira pretende desenvolver as relações do país com o resto da Europa? Tanto a nível socio-cultural como político.
Joana Carvalho, Coligação Democrática Unitária: Defendemos uma política de soberania nacional, paz, cooperação e amizade com o resto da Europa, mas também com todos os povos em geral, no respeito mútuo pelo direito de cada povo de decidir soberanamente o seu caminho. Portugal deve orientar as suas políticas no relacionamento com outros povos, centrada numa efectiva cooperação entre nações livres e Estados soberanos, iguais em direitos, e que seja um factor de desenvolvimento e um factor de segurança e de progresso social em todo o mundo.
Cap Magellan: Dos de 230 deputados da Assembleia da República, apenas 2 representam o Círculo eleitoral da Europa: Como pretende através de apenas 2 deputados do Círculo europeu representar os cerca de quase 1 milhão de eleitores?
Joana Carvalho, Coligação Democrática Unitária: A CDU, não tendo deputados eleitos nos círculos da emigração, tem tido sempre as comunidades portuguesas no foco da sua intervenção. Indo ao seu encontro, ouvindo as suas necessidades e anseios, fazendo propostas na Assembleia da República e no Parlamento Europeu. No nosso entender, o que as comunidades portuguesas precisam realmente é dedeputados, como aqueles que foram eleitos pela CDU, que estejam verdadeiramente do seu lado. Como o fizemos e continuaremos a fazer? Propondo medidas justas e necessárias, como a gratuitidade dos manuais escolares, ensino do Português, gratuitidade da propina, reforço da rede consular. Medidas estas, é importante dizer, que encontraram oposição do PS e PSD, partidos que elegem deputados pelos Círculos da Emigração e que rapidamente esquecem as suas promessas assim que são eleitos. A nossa postura na AR não é esta, e basta ver as propostas apresentadas pelos nossos deputados para chegar a esta conclusão.
Cap Magellan: A seu ver, deve ser equilibrada a proporcionalidade entre o número de eleitores e o número de deputados eleitos pelo Círculo eleitoral europeu?
Joana Carvalho, Coligação Democrática Unitária: A questão da proporcionalidade é, para nós, uma distracção, conveniente para muitos, e que nos desvia das questões centrais. Não faltaram oportunidades de melhorar as nossas condições de vida. Nada foi feito nos últimos dois anos, nada foi feito nas últimas décadas. O problema que as portugueses e luso-descendentes enfrentam é a falta de vontade política em implementar medidas há muito necessárias!
Cap Magellan: Que propostas/medidas desenvolveria de modo a originar a implementação de uma reforma hipotética no sistema político atualmente em vigor no que diz respeito à presença das comunidades Portuguesas no estrangeiro?
Joana Carvalho, Coligação Democrática Unitária: Cerca de 1,4 milhões de portugueses estão recenseados para votar no estrangeiro. Sabemos que apenas uma ínfima parte destes votou nas últimas eleições. Esta abstenção combate-se, a nosso ver, com a implementação das propostas da CDU. Foi a ausência de políticas dirigidas às comunidades emigrantes, na qual, PS, PSD e CDS são responsáveis, que nos trouxe aqui, e que aqui denunciamos.
Apoio aos jovens portugueses na Europa
Cap Magellan: As competências dos jovens portugueses acabam por passar despercebidas levando a taxas de emigração nunca antes vistas. De que maneira pretende incentivar os jovens portugueses a investirem na sua presença em Portugal?
Joana Carvalho, Coligação Democrática Unitária: Permita-me aqui que dê o meu exemplo… Saí, como muitos de nós saíram, na busca de melhores condições de vida, fugindo da precariedade e do desemprego, da falta de condições de trabalho, dos salários baixos e de condições de vida difíceis. Esta é a minha realidade e a de tantos outros com quem falamos! Emigrar não foi uma escolha verdadeiramente livre, e teve pesados custos pessoais. Por isso, a CDU propõe no seu Programa Eleitoral medidas que melhorem as condições de vida em Portugal, como um forte investimentos nos serviços públicos, combatendo a precariedade, o acesso à habitação, a defesa da saúde, educação, a criação de emprego e salários justos!
Cap Magellan: Segundo dados do Observatório de Emigração, um em cada três jovens nascidos em Portugal vive fora do país: de que maneira pretende garantir que os jovens portugueses encontram melhores condições de vida em território nacional ?
Joana Carvalho, Coligação Democrática Unitária: É uma realidade absolutamente preocupante e que nos choca. Não podemos estar condenados a ser um País de emigrantes, em que a nossa juventude se vê forçada a emigrar! Gerações e gerações! O programa da CDU aponta importantes caminhos para fixar os seus quadros qualificados e que tanta falta fazem. Médicos, enfermeiros, professores, engenheiros, investigadores, pedreiros, serralheiros, carpinteiros e tantos, tantos outros.
Cap Magellan: De que maneiras pretende apoiar os jovens portugueses que se encontram no estrangeiro à procura de melhores oportunidades?
Joana Carvalho, Coligação Democrática Unitária: A vida dos jovens portugueses a residir no estrangeiro será mais fácil se as propostas da CDU forem para a frente, já referidas mas que resumimos nos seguintes pontos que são centrais: Cultura, Língua e Educação, Rede Consular. Permita-me referir um outro ponto que é muitas vezes referido como resposta aos problemas enfrentados pelos jovens que decidiram emigrar e que querem voltar a Portugal… Certamente não será feito com programas como o “Regressar”… Não são programas desta natureza que irão facilitar o regresso desejado por muitos. Falemos sim de medidas que resultem em melhorias no acesso à habitação, ao emprego, e ao emprego com direitos, a salários dignos! Essas sim, são medidas necessárias e urgentes ao nosso país, que se quer desenvolvido e com futuro! É por este país que o PCP e a CDU lutam todos os dias!
Língua portuguesa e movimento associativo
Cap Magellan: Que medidas propõe para promover a aprendizagem da língua portuguesa no mundo? E Em França?
Joana Carvalho, Coligação Democrática Unitária: Uma vez mais remetemos para o nosso Programa Eleitoral e as propostas já apresentadas da AR – Uma política de Língua que promova a preservação e expansão do Português enquanto língua materna aos portugueses luso-descendentes. Uma política educativa que reforce a rede do Ensino do Português no Estrangeiro nos níveis de ensino Pré-escolar, Básico e Secundário, nomeadamente com a contratação de mais professores, a gratuitidade dos manuais escolares e a eliminação da propina.
Cap Magellan: As dificuldades do movimento associativo são crescentes, e ainda a sofrer muito do pós-covid. Os apoios do Estado ficam muito aquém do que deveriam ser. As associações são, paradoxalmente, um dos meios para os políticos e os deputados eleitos pelo Círculo Europa, chegarem aos Portugueses da Diáspora. Não é contraditório? Como apoiar mais o movimento associativo ?
Joana Carvalho, Coligação Democrática Unitária: Sabemos desta realidade, que muito nos preocupa. As nossas colectividades e associações são entidades promotoras e divulgadoras da cultura e da língua portuguesa, e que por isso devem ser devidamente apoiadas para que possam funcionar em pleno. Foi exactamente por isso que o PCP propôs apoios extraordinários durante a pandemia. Estas propostas foram chumbadas na AR. Mas aqui estamos, aqui continuaremos, para lutar por estas e outras medidas justas e urgentes para os portugueses e luso-descendentes!
Joana Carvalho
Coligação Democrática Unitária