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5 janvier 2022Quando se ouve as palavras de campo de concentração, a primeira coisa que nos vem à mente são os campos de concentração nazistas. Quando focamos na história de Portugal e suas colónias, já ouvimos falar do campo do Tarrafal, Chão Bom ou também do campo da morte lenta em Cabo Verde na ilha de Santiago.
Este campo está profundamente enraizado na memória dos portugueses, angolanos, cabo-verdianos e guineenses, entre outros. Foi criado em 1936, e funcionou até 1956 como “colónia penal de Tarrafal”, depois passou a “campo de trabalho”.
Na primeira fase, o campo acolheu todos aqueles que se opuseram corajosamente à ordem política e social do Novo Estado de Salazar, incluindo os comunistas e os antifascistas portugueses. Entre eles, Bento Gonçalves e Mário Castelhano, líderes do PCP (partido comunista português) e da CGT (confederação Geral dos trabalhadores) que morreram no campo.
A sua segunda fase vai de 1962 até ao seu encerramento em 1974, após a Revolução dos Cravos no dia 25 de abril de mesmo ano. Durante esta segunda fase o campo destinava-se principalmente aos anticolonialistas cabo-verdianos, mas principalmente aos anticolonialistas deportados de Angola e de Guiné após o início da guerra colonial portuguesa que começou em 1961.
Neste campo de concentração português, a morte, a tortura e as práticas desumanas esperavam pelos prisioneiros durante a ditadura de Salazar com o apoio da polícia política portuguesa, a PIDE. Estes crimes odiosos e hediondos deixaram muitas cicatrizes físicas e psicológicas nos sobreviventes e nas famílias, uma vez que mais de 500 pessoas morreram no campo de Tarrafal. O campo foi construído em parte com o trabalho forçado dos primeiros prisioneiros.
O campo está localizado numa área árida, isolada e inabitável, o que impedia a comunicação com o mundo exterior e também desencorajava a fuga dos prisioneiros.
CONDIÇÕES DE VIDA DOS PRISIONEIROS
As condições do incarceramento eram de isolamento, humilhação, trabalho forçado, tortura (como a “frigideira”, uma pequena cela sem ventilação e muito quente; tortura do sono, a estátua, violência física), má nutrição, água insalubre, doenças (como o paludismo, tuberculose etc.) e cuidados médicos quase inexistentes.
MEMÓRIA
Este campo representa o passado obscuro do regime de Salazar, mas é igualmente o símbolo da resistência contra a política ditatorial. É um
doloroso sítio de memória que testemunha o preço da liberdade, sendo um testemunho único de um acontecimento internacional, este campo ilustra um dos períodos, mais obscuro ou significante da história do Portugal, Cabo-verde, Angola, Guiné etc.
O campo é hoje reconhecido como Património cultural nacional Cabo-verdiano e abriga atualmente o museu da Resistência, que foi inaugurado em 2016. É, também, candidato para ser um património da humanidade.
Amílton da Graça Soares Valentim
Étudiant à l’Université Lumière Lyon 2
capmag@capmagellan.org