Brésil : Des élections scrutées
8 novembre 2022Pobreza, Portugal tem maior agravamento na UE
10 novembre 2022A equipa da Tempestade 2.1, programa da Cap Magellan na Rádio Alfa, teve a oportunidade de entrevistar Diogo Piçarra. Este grande artista passará pela emblemática sala La Cigale em Paris, no dia 12 de Novembro. Aproveitamos para refazer o seu percurso musical.
Olá a todos! É com grande gosto que estou aqui com vocês pela primeira vez!
Tempestade 2.1: Obrigado por teres aceite o convite! Vamos rever a tua carreira nesta entrevista. Começando pelo início: quando é que começaste a cantar?
Diogo Piçarra : Lembro-me de começar a cantar muito tarde para cantor. Normalmente as pessoas quando cantam dizem que começaram logo que nasceram ou quando tinham 2 ou 3 anos de idade. Lembro-me que primeiro quis aprender guitarra aos meus 16 anos, ou seja, já um pouco mais tarde do que o habitual. Só um pouco antes dos meus 18 anos é que comecei a experimentar a cantar por cima da guitarra, no entanto, não era nada um desejo meu ser cantor. Lembro-me bem de ouvir música e ter começado a ter um gosto musical mais forte em termos de estilo musical assim mais Rock. Comecei a ter um desejo de aprender um instrumento por causa de bandas como o Linkin Park, Limp Bizkit…
Tempestade 2.1: Quando é que soubeste que querias ser cantor profissional?
Diogo Piçarra : Acho que nunca fui cantor profissional até ao momento em que ganhei o Ídolos, um programa em Portugal, em 2012. Até lá, tinha tido bandas, tentava nos bares, tinha alguns covers no Youtube, mas nunca me considerei um cantor profissional. Acho que quando ganhei o Ídolos, quando tive o prémio de ir para Londres, estudar música e depois ter um contrato com uma editora, foi aí que percebi que realmente tinha de dar a prioridade, fazer as minhas próprias canções e finalmente mostrá-las ao mundo.
Tempestade 2.1: O teu álbum Espelho em 2015 atingiu o primeiro lugar logo na primeira semana. Foi aí que viste a tua carreira evoluir?
Diogo Piçarra : Claro, acho que foi a partir do primeiro disco. Lembro-me de ter lançado o primeiro single “Tu e Eu”, uns meses antes, e ainda assim continuava a trabalhar na Vodafone, num call center, ou seja, até com o primeiro single cá fora ainda não confiava se ia correr bem ou mal. Acho que ainda estava de pé atrás, à espera, se ia correr bem, se ia ter concerto esse ano. Muitas dúvidas até porque era raro um cantor sair de um programa de talentos e ter feito uma carreira. Estava com muitas dúvidas, porque se acontecesse ia ser o primeiro, ia ser a única exceção. Felizmente, depois de 2012, muitas pessoas conseguiram, mas até lá eu era a única pessoa que tinha conseguido e ainda estava com dúvidas depois do álbum sair.
Tempestade 2.1: Atingiste o álbum de platina em 2017. Parece então que tudo correu bem no início da tua carreira?
Diogo Piçarra : Claro, sem dúvida. Até hoje, não me posso queixar nada. Só me posso queixar dos dois anos de paragem, mas isso foi culpa da covid, não foi de carreia. Desde de 2015, não me lembro de ter parado de tocar, de lançar músicas, de fazer colaborações… Por isso só tenho que agradecer ao público e a toda a gente que me têm acompanhado nesta viagem. Estamos quase a fazer dez anos desde o primeiro disco e só me posso sentir muito orgulhoso e muito agradecido.
Tempestade 2.1: Falas de paragem durante a covid. Sabemos que foi complicado para muitos artistas. Como é que decorreu o confinamento para ti?
Diogo Piçarra : Foi com uma menina, uma bebé. Nasceu em março de 2020, ou seja, logo no início da pandemia. Tudo fechou e eu e a Mel fomos pais durante dois anos nessa paragem. Foi estar com uma bebé 24 horas por dia. Por um lado foi bom: vivi tudo da paternidade, todoo o início. Se tivesse tido uma Tour nesse ano, não teria estado tão presente.
Tempestade 2.1: E em termos de música, conseguiste ser produtivo? Lançaste um novo álbum em 2021 se não me engano.
Diogo Piçarra : Em 2021, só lancei uns singles. Sinto que com o covid não havia pressa de fazer música, porque não sabíamos quando é que ia acabar, quando é que íamos voltar, quando é que íamos regressar às estradas, ter uma Tour novamente. Por isso, desliguei-me, fui pai simplesmente. Também tive uma capa de uma revista da Men’s Health. Ainda fiz esse desafio, mas em relação à música fui muito mais relaxado, menos produtivo. Só no início de 2021 é que comecei a preocupar-me mais e a fazer algumas maquetas. Finalmente comecei uma Tour neste ano que acabou em grande com um concerto no Altice Arena, a maior sala do país. Foi quase o ano todo a pensar nisso. Agora vou me concentrar nestes concertos que começam em Londres e passo por Paris no dia 12. Estou mesmo muito ansioso!
Tempestade 2.1: Se tivesses que escolher o momento mais memorável que tiveste em palco, qual seria?
Diogo Piçarra : Foi agora, no Altice Arena, há cerca de um mês, no dia 1 de outubro. Foi a maior sala na qual já toquei, quase 16.000 pessoas. Foi a maior produção, levei tudo o que queria: um ecrã gigante, fogo de artifício, efeitos especiais… Foi um concerto à internacional! Foi a minha primeira vez assim. É pena todos os concertos não serem assim, mas foi um momento arrepiante. Foi ainda mais emocionante porque este concerto era suposto ocorrer antes da pandemia, ou seja, antes da minha filha nascer, e deu o concerto com ela a assistir, com dois anos de idade. Foi ainda melhor!
Tempestade 2.1: Além de seres cantor, também és compositor. Onde é que encontras a inspiração?
Diogo Piçarra : Deixo-me levar. Simplesmente agarro na guitarra, no piano, e no meu computador… Faço isso todos os dias. A inspiração encontra-me a trabalhar. Se eu não trabalhar, se não tocar nenhum instrumento ou uma melodia, um verso, uma letra, uma ideia de uma letra, acho que não vou fazer nada. Tento que tocar todos os dias. Por mais que não me saia nada, ao menos tentei. Mas é verdade que o mais normal é não sair nada de jeito. Em trinta músicas, se calhar só sai uma da qual me orgulho.
Tempestade 2.1: Em cada música tens uma mensagem. Há um tema que sai mais do que os outros?
Diogo Piçarra : É claro que 90% das minhas letras são relacionadas com amor e com as relações pessoais. Os outros 10% são um pouco sobre a vida: tenho escrito muito sobre a depressão, as incertezas do futuro… Acho que as pessoas cada vez mais se identificam graças àquela fase que passamos durante estes dois últimos anos, por isso vou me dedicar um pouco mais a este tipo de letras também. Mas é claro que a maior parte é tudo muito mais amor, seja coisas boas ou menos boas.
Tempestade 2.1: Desde o início da tua carreira, tens colaborado com vários artistas. Qual foi a colaboração mais surpreendente?
Diogo Piçarra : Não posso escolher, porque depois vão ficar todos chateados! Mas há dois que eu não esperava, um deles foi o Vitor Kley. Lembro-me que veio a Portugal e foi a uma rádio. Nessa rádio, disse que gostava de trabalhar comigo, porque uma vez estava a ver televisão em Portugal e viu um rapaz, gostou dele e era eu! Nunca esperei isso! Passado exatamente um ano, tínhamos a música lançada. Foi uma boa amizade e ainda hoje nos falamos. Foi um irmão que a música me deu. Outra pessoa foi um rapper, que é o Bispo. É das últimas músicas que lancei, “Monarquia”. Com Vitor Kley era “Nada é para sempre”. Não foi planeado. Estava no estúdio com o Bispo e com mais dois produtores e só estávamos a falar, mostrar músicas e beber um copo de vinho. De repente mostrei a maqueta, porque estava com dúvidas. Com a covid fiquei meio inseguro, fiz tantas músicas e já não acreditava nelas. Mostrei essa música e de repente disseram “Está muito bom! Tens que lançar isso!”. Como já tinha ouvido tantas vezes, já não acreditava na música. Afinal foi talvez das melhores músicas que já tive. Ainda hoje é um momento alto no concerto, é uma das músicas mais esperadas. Espero que corra bem em La Cigale, em Paris. Mas sim, foi uma enorme surpresa. Acho que se não estivesse nesse dia nesse estúdio, até tinha deitado a música fora, nem a tinha lançado.
Tempestade 2.1: Quais são os teus projetos futuros?
Diogo Piçarra : Agora estou no The Voice. Ainda temos uns meses com as galas em direto, vai acabar em Janeiro. Espero ganhar este ano pela primeira vez. Vou estar em Londres no dia 9, em La Cigale no dia 12 e dia 13 no Luxemburgo. Depois desses três concertos vou focar-me no meu próximo disco. Já tenho algumas maquetas, mas não estou completamente satisfeito. Ainda estou a escolher o estilo, acho que tenho de rever muitas músicas. Só quando tiver dez músicas que se relacionam bem umas com as outras, aí é que vou sentir que tenho um bom disco e já posso pensar numa Tour. Por enquanto, ainda está um embrulho, ainda sinto que não tenho um disco terminado.
Tempestade 2.1: Tens alguns conselhos para os jovens que querem ser cantores?
Diogo Piçarra : Participar no The Voice é sempre o meu conselho. Não tenham preconceitos. Há muitos anos tinha esse preconceito dos concursos de talentos no qual só ia quem queria que as coisas fossem fáceis. Realmente um programa não é nada disso. Não quer dizer que a pessoa não tenha talento e não seja trabalhadora. Vejo isso de perto com os meus concorrentes e as pessoas com quem trabalho no The Voice. Por isso o meu melhor conselho é: vão! Arrisquem e se não passarem, não faz mal, é uma boa experiência, aprenderam a estar em palco, em frente a umas câmaras, conheceram pessoas maravilhosas e uma boa produção. Fora isso, é muito trabalho. A sorte trabalha-se e eu tenho trabalhado a minha, não aparece de mão beijada. Quando se participa num concurso como esse, estamos a trabalhar a sorte, a ir à procura da sorte. É preciso escolher uma boa canção, um bom estilo musical.
Tempestade 2.1: E o que chamas “bom estilo musical”? Encontraste o teu?
Diogo Piçarra : É muito complicado. Demorei muito tempo e ainda hoje estou à procura. Acho que estou sempre a atualizar o meu estilo musical. Para quem não sabe, acho que o estilo musical é sempre aquele em que a nossa voz sai mais, brilha mais. Isto é o mais difícil de encontrar. Temos que saber quais são os nossos limites, mas também quais são os nossos pontos fortes. É o meu melhor conselho. Sei onde é que estão os meus pontos fortes, mas acima de tudo sei onde é que estão os meus pontos mais fracos. Isso é o mais importante: saber onde é que somos bons e onde é que somos menos bons.
Tempestade 2.1: Relembramos: o encontro marcado para dia 12 de Novembro em La Cigale, em Paris.
Diogo Piçarra : Exatamente, pela primeira vez em La Cigale, mas a segunda vez em Paris! Estive há uns anos em Créteil, que é perto de Paris. Para mim era Paris! Agora é em La Cigale e estou mesmo muito ansioso.
Tempestade 2.1: Guardas boas recordações do povo francês?
Diogo Piçarra : Sim, sim. Na maioria eram portugueses, ou já nascidos em França. Guardo muitas boas recordações. Lembro que foi assim um choque. Não estava nada à espera dessa multidão! Aproveitei e gravei um vídeoclipe da música “Só Existo Contigo”. Começo no palco, acaba no concerto, visto-me e ando pelas ruas de Paris até a um café, onde encontro a minha “namorada”. Por isso aproveitei toda a magia, todo o ambiente. É das nossas cidades preferidas, minha e da Mel. Adoramos Paris. A minha namorada já esteve oito ou nove vezes e está sempre a querer levar-me mais vezes. Também adoro, só não vou por falta de tempo.
Tempestade 2.1: Como sempre durante a entrevista, a Julia tem uma pergunta:
É um pouco pessoal, porque sou da Covilhã em Portugal e vi que eras o artista de honra da Feira de São Tiago este ano. Como foi? Tens uma anedota?
Diogo Piçarra : Lembro-me muito bem do concerto na Covilhã, até porque o hotel estava bem perto do palco. Fomos um dia antes para poder aproveitar melhor a Covilhã, porque uma pessoa da minha equipa é de lá perto. Ficámos no hotel e o palco estava tão perto que quase não conseguimos dormir com o barulho que fez na noite anterior. Foi uma noite em que me disseram que tinha batido os recordes daquela Feira, que conta com muitos anos de existência. Lembro-me que foi uma noite cheia, cheia, cheia, tanta gente! Acabei o concerto, ainda estavam pessoas a entrar, ou seja, nem viram o concerto. Foi tão bom que tirei fotos com as pessoas. Já não tenho por hábito tirar e já não tirava há algum tempo, então foi quase o meu agradecimento a toda a gente. A bebé também foi, estava lá atrás. Foi uma noite memorável! Lembro-me muito bem da Covilhã. Queria dizer o nome da terra onde fui na noite anterior, acho que é Ferro, mas não quero estar a errar. Foi a única vez neste Verão que pude descansar um dia antes do concerto e escolhi ir para a Covilhã. Foi muito bom, um grande concerto, uma ótima Feira! Não pude ver a cidade, como sempre, nunca tenho tempo para ver a cidade. É sempre a correr só dá tempo para chegar, montar, cantar e ir embora. Mas tenho que lá voltar. Foi dos melhores concertos deste ano 2022, sem dúvida!
Um grande obrigado e abraço ao Diogo Piçarra de toda a equipa da Tempestade 2.1 (Antonin André, Léa Araújo Sanches, Julie Carvalho e Toni Valente). Esperamos que venham todos no dia 12 de Novembro em La Cigale! A equipa vai obviamente lá estar!
A entrevista foi gravada e passou em direto no programa no dia 5 de Novembro. Aqui podem encontrar a emissão
Poderão igualmente ver a entrevista integralmente nas nossas redes sociais @tempestade2.1 no Instagram e no Facebook!
Julie Carvalho