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14 novembre 2024Carolina Deslandes deu um concerto na região parisiense pela primeira vez na sala Les Passerelles em Pontault-Combault, em colaboração com a APSC (Association Portugaise Culturelle et Sociale) de Pontault-Combault. A Cap Magellan esteve presente pela equipa da Tempestade 2.1 que obteve uma entrevista exclusiva.
Cap Magellan: Olá, Carolina Deslandes! Obrigada por nos receber. Estamos na sala Les Passerelles, em Pontault-Combault. Acabaste de dar o teu primeiro concerto em França. O que achaste do público?
Carolina Deslandes: Muito queridos, todos a cantar. A forma como aplaudiam e davam palavras de força entre as canções. Já senti isso mesmo antes de entrar no palco. A maneira como as pessoas nos receberam até chegar ao momento do concerto foi muito carinhosa. Foi uma forma muito calorenta e estou muito contente.
CM: A tua música é uma mistura entre tradição e modernidade. Tem uns ares de fado, de pop. O que significa esta mistura para ti?
CD: Sabe que durante algum tempo da minha vida eu queria ser como os americanos e os ingleses. Achava que lá fora é que o mundo acontecia. Depois fui viver para a Inglaterra durante um ano e meio e tive muitas saudades de casa. Quando voltei, tentei encontrar uma música que refletisse o quanto eu gosto de pop music, o quanto eu gosto de fado, de cante, de Zeca Afonso, de Sérgio Godinho e de Jorge Palma, e o quanto eu gosto da palavra e da língua. Por isso acaba por ser uma junção de diversas coisas que eu gosto.
Acho que nós, quando gostamos de muitas coisas, desde pequeninos somos muito chamados à atenção para escolher uma. Acho que isso nos limita muito. Eu não gosto de uma, eu gosto de 20 e dessas 20 fiz nascer uma coisa que é minha. Eu acho que essa é a beleza de poder fazer arte: é poder ir buscar influências em tudo aquilo que te estimula e fazer uma coisa nova.
CM: Publicas muita poesia nas redes sociais. A tua música também é muito literária. Será que escrever música é suficiente? Ou já pensaste em escrever um livro?
CD: Amo ler e os livros são o meu grande ponto de equilíbrio. Eu acho que quando estou numa vida em que estou constantemente a ir de um sítio para outro, por estranho que pareça se eu estiver em três sítios em três dias, mas estiver com um livro na mão, eu sinto que o livro me vai dando um lugar para onde eu posso fugir. Tenho muito respeito pelos livros e pelos autores que eu leio e ainda não me sinto preparada. Gostava muito e digo sempre que é para o ano, mas acho que tinha mesmo que tirar um ano da minha vida e dedicar a isso.
CM: Para acabar, tens uma mensagem para os jovens lusodescendentes?
CD: Acho muito bonito a maneira como se mantém as tradições vivas aqui: os pastéis de nata, a música, que se continua a falar português e sei que há associações que têm cursos para que não se perca a língua. Acho isso muito, muito, muito bonito. Acho que é muito bonito termos o futuro à nossa frente e avançarmos para ele, mas também sabermos de onde é que vimos. E não só nós, mas os nossos pais e os nossos avós. Acho que é muito bonito saber uma história na totalidade para sabermos o que é que nos originou. Estou muito encantada com isso.
CM: Obrigada Carolina! Parabéns mais uma vez pelo teu primeiro show em França!
Entrevista realizada pela Julie Carvalho,
de Os Cadernos da Julie, e a Laura Padrão
para a Tempestade 2.1 e a Cap Magellan.