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18 juillet 2025No último dia 28 de junho, o cantor Ivandro atuou no palco do Festival do Emigrante em Herblay. A equipa do Tempestade 2.1, o programa semanal da Cap Magellan, estava presente e obteve uma entrevista exclusiva.
Cap Magellan: Boa tarde Ivandro, espero que esteja tudo bem contigo. Vais atuar no palco do Festival do Emigrante em Herblay. Sentes uma diferença entre o público de Portugal e o público de fora?
Ivandro: Claramente diria que sim, mas tenho tido sorte de ser sempre bem recebido e principalmente quando é lá fora. Acho que é também devido ao facto de eu não ir tantas vezes. As pessoas recebem-nos com amor infinito.
CM: Se tivesses que descrever a tua música para alguém que não a conheça, o que dirias?
Ivandro: Acho que para descrever a minha música, para quem não a conheça, falaria de poesia. Sinto que tento sempre fazer um poema quando escrevo as minhas músicas. Também a verdade: tento pôr a verdade da minha vida nas canções, sempre, e ser o mais atento possível.
CM: Qual é a tua canção que te descreve melhor para alguém que não conhece a tua música?
Ivandro: Acho que é difícil escolher uma canção apenas para me definir. Bebo um bocadinho de muitos estilos e acho que acaba por ser difícil escolher uma canção só. No entanto acho que a Lua é uma boa candidata a isso. Também é a preferida do público.
CM: Como é que preparas um concerto em geral?
Ivandro: Requer muito trabalho na verdade. Acho que as pessoas não têm a noção mas é muito trabalho: toda a preparação de converter as canções que as pessoas já conhecem e ouvem no Spotify em versões tocadas por banda. Isto leva todo um trabalho porque fora a versão que já saiu, que é a versão de estúdio, passamos por várias versões ao vivo que a gente testa em ensaio, vemos se está bom, se não está, a gente grava os ensaios, depois ouvimos o ensaio, depois reparamos que se calhar podia ficar mais bonito e também tentamos perceber onde é que podemos encaixar momentos para cantar com o pessoal, etc. Queremos que as pessoas também façam parte do espetáculo em si, para o espetáculo não ser só algo que as pessoas estão lá e vêm, mas sim algo que possam viver connosco mesmo. Passa pela parte do áudio como também pela parte visual em si: o que é que eu vou vestir, como é que eu vou estar em palco, o que é que vai passar no led wall e mesmo também às vezes pensar um bocadinho como é que eu posso levá-las nessa viagem que é o concerto.
CM: Quando estás no palco, o que é que procuras transmitir ao público? Emoção, força, autenticidade?
Ivandro: Tento… Quando estou ali no palco é sempre uma viagem. Tentar passar às pessoas o sentimento que está em cada canção, que não é o mesmo e são várias que a gente toca. O que eu tento fazer é entregar o melhor possível, ou seja, tentar às vezes mesmo superar a versão que elas já conhecem, porque as pessoas vão lá e já conhecem a versão de estúdio que eu lancei, são músicas que elas já adoram. Tenta ali, naquele dia, com a performance em si, trazer algo mais para elas agarrarem-se ainda mais e entregar-lhes ainda melhor a mensagem.
CM: Voltando sobre a tua carreira, nasceste em Angola e cresceste em Portugal. Como é que esta dupla cultura influencia hoje a tua música?
Ivandro: Diria que imenso. Acho que nota-se pelas canções. Penso que as minhas maiores canções têm sempre um bocadinho de África nelas. Mas, claro, ter crescido cá também traz aqui muito da cultura portuguesa nas minhas canções. Acho que, com o tempo também, fui perdendo um bocadinho do sotaque de Angola. O fato de ter familiares e gente aqui que me traz isso de volta fica aqui uma simbiose diferente que acho que toda a gente gosta de ouvir.
CM: Achas que há um momento chave que mudou tudo na tua carreira?
Ivandro: Sem dúvida. Acho que ali em 2019, se não me engano, quando me juntei à mentalidade de free, comecei a trabalhar com o Bispo e comecei a trabalhar com o Simão, que é o meu manager, a partir daí as coisas tornaram-se a sério e passado alguns anos tivemos aquele conhecimento do público.
CM: Hoje continuas a trabalhar com as mesmas pessoas?
Ivandro: Sim, hoje continuo a trabalhar com as mesmas pessoas. O que aconteceu foi que a equipa cresceu imenso, porque a carreira em si também cresceu, então precisamos de mais pessoal para cada coisa nova que vai aparecendo para ser feita. Tenho que agradecer também ao pessoal que esteve comigo e continuo sempre a trabalhar com as mesmas pessoas.
CM: Já fizeste muitos featurings memoráveis. Agora qual seria a tua colaboração de sonho?
Ivandro: Existem várias colaborações de sonho. Algumas que são impossíveis de acontecer, porque os artistas já se foram embora, não estão aqui no nosso panorama de existência. Mas assim, featuring de sonho… Seu Jorge, adorava cantar com ele. Vou deixar só esse.
CM: Na tua carreira, o que é o mais difícil para ti?
Ivandro: A minha carreira cruza-se com a minha vida, não só na parte artística, porque eu gosto de falar da minha vida, mas também nessa questão das expectativas, de conseguir mostrar trabalho às pessoas. Como eu estava a dizer, a equipa cresceu, já não é bem só eu. Acho que tenho estado a aprender a lidar. Agora sou pai, tenho uma filha e estou aqui à espera de mais uma filha. Por isso as coisas claramente mudaram, as dinâmicas, e estou a voltar a aprender a gerir tudo. Já tive uma altura em que acho que percebi como é que eu podia fazer isso, como é que conseguia ser produtivo, como é que conseguia gerir essa questão das expectativas. Hoje em dia, também nesta fase de infectividade, ainda estou aprendendo.
CM: Já que falaste um pouco da tua vida, do teu papel de pai, lançaste um novo single no dia 25 de junho chamado Crescer. Podes falar-nos um pouco sobre isso?
Ivandro: A música Crescer é uma música que é para a minha filha e é um desabafo de um pai que está também a crescer e está também a olhar para a vida e a perceber que cada coisa tem o seu preço: tenho que trabalhar e trabalhar envolve muitas vezes não conseguir estar presente. Tentei ao mesmo tempo ter sempre a oportunidade de viver cada momento com a minha filha, com a minha mulher. Pensei no refrão enquanto estava a adormecê-la e a cantarolar. Primeiro veio a melodia e pensei na letra depois e cantei para ela. Passou a ser uma das canções que eu cantava para ela para embalar e fez todo sentido entrar neste projeto.
CM: Estás a preparar novas músicas, colaborações, álbuns?
Ivandro: Tenho estado a trabalhar imenso, tenho estado a fazer música. Como eu estava a dizer, estou a aprender a lidar com esta rotina, a aprender a voltar a ser criativo, tão criativo como era antes, porque agora tenho que gerir o tempo de outra maneira. Já estou a conseguir, por isso é que tenho estado a lançar tanta música. Lançamos o Beijo Roubado, o Olhar e agora também o Crescer. Tenho estado a conseguir, acredito. Acho que as músicas estão com imensa qualidade e mais surpresas vão surgir.
CM: Como é que trabalhas quando fazes, por exemplo, colaborações? Como é que funciona?
Ivandro: O processo criativo em si, quando vou fazer uma colaboração, é sempre diferente, depende da pessoa, depende do artista. Eu sou uma pessoa que gosta de se pôr a jeito, por assim dizer, para a música acontecer. Estou sempre a ir ao estúdio, a falar com as pessoas, a trocar ideias, a trocar experiências de vida. Normalmente, pelo menos as canções que até hoje lancei, vêm desse convívio. No momento em que as pessoas se conectam, a gente encontra qual é que é o ponto em comum que temos um com o outro e de repente nasce uma canção. São músicas mesmo muito humanas, finalmente, espontânea, cheia de sentimento, reais assim.
CM: Para acabar, a pergunta que faço sempre no final das entrevistas: tens uma mensagem para os jovens lusodescendentes?
Ivandro: Acredito que todos esses jovens têm sonhos a concretizar. Estão todos a correr atrás de alguma coisa. A mensagem que lhes posso deixar é que sonhar compensa arriscar também. É preciso ter juízo, claro, mas não há melhor sensação do que viver o teu sonho. Por isso acho que deixava essa mensagem para eles: para arriscarem e viverem os seus sonhos.
CM: Muito obrigada Ivandro!
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Entrevista realizada pela Julie Carvalho,
de Os Cadernos da Julie, e
a Laura Padrão, de Tempestade 2.1.




