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24 octobre 2023No mês de outubro irão estrear em França os filmes Mal Viver/Viver Mal de João Canijo.
A ação do díptico Mal viver/Viver mal situa-se num hotel de luxo na costa norte de Portugal, onde se deslocam turistas ricos, por vezes famosos. A primeira vertente retrata a vida da dinastia de mulheres, proprietárias do hotel e que dele se ocupam. A chegada surpresa de sua filha mais nova aumenta a tensão e inverte o status quo do gineceu. A segunda parte (Viver Mal) investe o mesmo ‘continuum’, mas desta vez do ponto de vista dos clientes: casal doente de influenciadores alienados, mães abusivas ou vampíricas, filhos dilacerados ou desautorizados. A ação central do primeiro painel torna-se o fundo do segundo e vice-versa. A Cap Magellan quis mais informações sobre estas longas-metragens paralelas e o realizador aceitou a entrevista.
Cap Magellan: Olá João! Esta semana estiveste em França para a apresentação dos teus filmes Mal Viver/Viver Mal. Como é que correu?
João Canijo: Pareceu-me que foi bem! As pessoas que estavam nas pré-estreias gostaram muito. Agora vamos ver como é que corre.
Cap Magellan: Estes filmes foram gravados durante o início da pandemia do covid. Como é que foi?
João Canijo: Foi uma benção de Deus, nosso Senhor! Os filmes passam-se num hotel e, como estávamos lá confinados, estava toda a gente super concentrada nos filmes. Correu muitíssimo bem! Não foi uma desvantagem, foi mesmo uma grande vantagem.
Cap Magellan: Como é que escolheram o hotel?
João Canijo: Um hotel era necessário. Havia bastantes hotéis. Este foi o último que vimos, porque eu tinha medo que o hotel não estivesse como o conhecia. É um hotel da minha infância! Havia poucas piscinas públicas quando era pequeno e o hotel fica relativamente perto do Porto. Os meus pais levavam-nos muitos fins de semanas àquela piscina. Portanto sabia que o hotel existia. Quando lá cheguei, tinha muito medo que já não existisse como o conheci. Afinal, quando lá chegamos, estava igual! É então aquele hotel maravilhoso que se vê nos filmes. Mas há uma razão pela qual ainda está igual: o dono do hotel é arquiteto, que é o filho do arquiteto que fez o hotel. Desta maneira foi totalmente preservado.
Cap Magellan: Porquê fazer uma história só num hotel?
João Canijo: A história precisava de um sítio onde as personagens estivessem presas. O hotel era o modo de vida delas, viviam do hotel. Por viverem dele, era uma boa desculpa para não saírem dali. Um hotel era um ótimo sítio! Poderia eventualmente ter sido uma quinta, mas um hotel é melhor. As personagens tinham que ficar presas.
Cap Magellan: A ideia de fazer dois filmes em paralelo veio logo em primeiro ou só depois?
João Canijo: A ideia veio logo em primeiro, mas a concretização veio só depois. Não sabíamos se íamos ter dinheiro para o hotel poder ter clientes. O hotel poderia funcionar vazio, mas é mais interessante se funcionar com pessoas, porque significa que a solidão das donas do hotel era uma solidão vigiada, o que é mais interessante. A partir do momento em que tivemos um financiamento para o hotel poder ter clientes, foi imediatamente, como já era antes, a ideia dos dois filmes. As personagens que só vislumbram num dos filmes, que são só fantasmas que te deixam curioso, são os protagonistas no outro.
Cap Magellan: Porque é que decidiste centrar as histórias nas relações entre mãe e filha?
João Canijo: O desenvolvimento do projeto partiu muito do Augusto Strinberg, o dramaturgo. Li e reli grande parte da obra dele. Achei que fazia todo o sentido se o primeiro filme fosse sobre relações entre mães e filhas e o segundo também. Também fazia sentido que as histórias dos clientes fossem adaptações de peças do Strinberg, embora em Mal Viver não seja o caso.
Cap Magellan: Como escolheste os títulos?
João Canijo: O título vem da expressão francesa Mal de vivre que traduzi por Mal Viver. O título francês é o título certo! O Mal de vivre na minha interpretação é o viver em ansiedade e portanto não conseguir viver.
Cap Magellan: Porque é que devemos ir ver estes filmes?
João Canijo: Porque são filmes sobre um tema que interessa a toda a gente: são filmes sobre as mães e sobre como é difícil ser mãe e como é difícil ser filha. É um bom filme para ir ver com a mãe, no dia da mãe!
Cap Magellan: Vamos passar a mensagem! Já realizaste muitos filmes deste 1985. Qual é o tema com o qual mais gostas brincar nos teus filmes?
João Canijo: Até ao filme anterior, que é o Fátima, eu gostava de brincar com Portugal. Por exemplo, fiz um filme com os teus avós. É um filme que se chama Ganhar a Vida e que se passa no meio da emigração portuguesa em França. Foi feito em 2000. Tens que o ver, acho que vais gostar! É em grande parte falado em frantuguês.
Cap Magellan: E já estás a preparar outros filmes?
João Canijo: Claro! Parar é morrer! Estou a preparar um filme sobre os ensaios de uma peça de teatro. É como se fosse um making-off de uma peça de teatro, de uma mise en scène.
Cap Magellan: Tenho uma última pergunta, que é a pergunta que faço sempre: tens uma mensagem para os jovens lusodescendentes?
João Canijo: Em 2000, quando realizei o Ganhar a Vida, passei dois anos a viver em Paris, no meio da comunidade portuguesa emigrante. A Cap Magellan foi uma grande ajuda, com o Hermano Sanches que me ajudou muito. A mensagem para os jovens é simples: não desistam da vida! Não desistam dos sonhos que têm, sejam teimosos.
Cap Magellan: Muito obrigada João! Esperamos ver-te de novo em França rapidamente.
Convidamos toda a gente a ir visualizar os novos filmes de João Canijo, tal como a totalidade das suas obras cinematográficas!
Entrevista realizada pela Julie Carvalho,
Voluntária na Cap Magellan, Membro da equipa da Tempestade 2.1, Estudante na escola ISMaPP