Un Noël pas cher, oui c’est possible !
28 novembre 2018Les 12 lauréats des bourses Cap Magellan – Império 2018 sont …
28 novembre 2018Mariza nasceu em Lourenço Marques, em Moçambique, a 16 de dezembro de 1973. Tem uma voz excecional, com uma virtuosidade e potência rara. A comparação com Amália Rodrigues é uma constante. Estará em concerto em França, dia 8 de março, na Salle Pleyel em Paris
Cap Magellan: A Mariza faz concertos pelo mundo inteiro, em grandes salas prestigiosas como este que se vai realizar na Salle Pleyel em Paris. Tem saudades dos tempos em que cantava nas pequenas casas de fado? Ainda lá volta por vezes, seja como intérprete seja como espectadora?
Mariza: Nunca deixei de voltar às casas de fado. Não consigo ficar muito tempo sem cantar, e quando tenho algum tempo livre acabo por voltar a algumas casas de fado, não só para ver e ouvir mas também para cantar.
CM: Já não é a primeira vez que vem a Paris. Qual é a sua relação com o público francês?
Mariza: Os concertos que faço fora de Portugal são uma celebração da música que tenho feito e também da língua portuguesa. França recebe-me sempre muito bem, é sempre bom saber que também cá continuam atentos à minha música. Deixa-me muito feliz.
CM: Tem uma capacidade vocal que atinge níveis de virtuosidade dificilmente igualados, não é por acaso que a comparam com a Amália. São vozes raras tais como a de Ricardo Ribeiro que aparecem talvez uma por geração. Trabalha esse dom? Tem cuidados especiais, como ficar dias sem falar ou exercícios quotidianos de voz, etc.?
Mariza: Na verdade não, apenas tento repousar o máximo possível.
CM: Para além de intérprete, a Mariza participa também na escrita, composição ou produção dos álbuns ou ainda na realização dos concertos? Gosta de acompanhar todo esse processo ou deixa autonomia total aos profissionais que colaboram consigo?
Mariza: Participo em todos os momentos, desde a gravação aos espetáculos ao vivo, mas tenho uma equipa de profissionais em quem confio absolutamente que me ajuda em todos estes processos.
CM: Quando era mais jovem escondia que cantava fado por ter vergonha, pois era de facto considerado como um estilo de música datado, entretanto assumiu plenamente esse estilo, permitiu que o fado fosse de novo reconhecido mundialmente e inspirou toda uma nova geração de fadistas. Que balanço faz desse caminho e qual é a sua visão desta geração, no fundo já não assim tão nova, porque como podemos constatar não é só uma moda pois parece ter ressurgido para ficar?
Mariza: Nos tempos de criança ninguém gostava de fado, hoje temos um Museu do Fado, temos escolas de guitarra portuguesa, temos uma Escola Superior de Guitarra portuguesa em castelo Branco, feita pelo Custódio Castelo. Temos cada vez mais sítios onde se pode ir cantar, dantes eram muito poucos e confinados. Agradeço o facto de nunca terem fechado as portas e terem aguentado aquela época em que as pessoas estavam mais viradas para outros géneros. E sinto que existe cada vez mais gente nova a ouvir fado.
CM: A Mariza já foi Embaixadora da Boa Vontade da UNICEF, participou no álbum “Mujeres de Mar” dedicado às mulheres iranianas perseguidas, designadamente por cantarem em público, sabemos que apoia a Casa do Artista, como neste seu último álbum com a canção “Trigueirinha”, em colaboração com vozes como Jorge Palma ou Mafalda Veiga. Considera que enquanto artista tem uma responsabilidade acrescida enquanto cidadã, devido à sua exposição mediática, que vai para além da atividade artística?
Mariza: Acho que todos podemos contribuir para melhorar o que nos rodeia e sempre que posso ajudo. Neste último disco decidi apoiar A Casa do Artista e chamar para a atenção da instituição que neste momento mais faz pelos artistas e não são só, também dos maquilhadores, do senhor que sobe a escada e põe a iluminação, do cabeleireiro, da costureira, de todas as pessoas que envolvidas no meio artístico e que muitas vezes são esquecidas. A Casa do Artista acolhe todos, é pequena, precisa de mais ajudas e de ficar maior, porque cada vez mais há artistas a precisar, infelizmente.
A Cap Magellan agradece a Mariza por ter respondido às nossas perguntas e aconselha todas as nossas leitoras e leitores a assistir ao concerto parisiense.
Luísa Semedo
CAPMag – capmag@capmagellan.org