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10 décembre 2021Construído na Serra da Barriga no final do século XVI por Zumba, escravo fugitivo, o Quilombo dos Palmares vai se tornar o maior quilombo do continente americano. Lugar despovoado, com matas densas e longe do litoral, ele garantia a segurança dos quilombolas. Graças à presença dos holandeses e a falta de atenção dos colonos, outros escravos fogem ao longo das décadas e vão se refugiar no Quilombo dos Palmares.
Assim, o Quilombo dos Palmares vai se tornar um lugar de resistência contra a escravidão durante mais de um século, acolhendo ao todo 20 000 escravos fugitivos.
A vida no quilombo era bem organizada. Os antigos escravos se dividiram em uma dezena de aldeias, chamadas mocambos, cada uma com seu chefe.
Lugar heterogêneo, conviviam no quilombo escravos, indígenas e brancos marginalizados. O português era misturado com dialetos de origem banto e palavras indígenas. O catolicismo estava praticado junto às tradições africanas.
Os quilombolas aproveitavam todas as riquezas da terra: cultivavam milho, feijão, goiaba e banana, pescavam e caçavam. Criaram móveis e utensílios domésticos que vendiam para as aldeias portuguesas próximas.
Mas o quilombo, mesmo sendo lugar de liberdade, era regido por regras. A organização política era tal como na África: um oligarca que governava, assistido pelos chefes dos mocambos. Nasceu daí então uma certa forma de seleção e escravidão no quilombo: os recém-chegados trabalhavam mais e os libertados por incursos de guerrilha eram desconsiderados e indicados para os trabalhos mais pesados.
Em 1678, o líder Ganga Zumba recebe uma oferta de paz pelo governador da Capitania de Pernambuco. Zumba aceitou a proposta garantindo então a liberdade dos nascidos no quilombo, mas obrigando os escravos fugitivos a se entregarem e a voltar a trabalhar para seus antigos donos. Esse acordo dividiu os quilombolas, divisão que resultou na morte de Zumba e a chegada do novo chefe, Zumbi dos Palmares.
Zumbi nasceu em 1655 no Quilombo dos Palmares. Jovem, foi capturado e oferecido ao Padre Antônio Melo, que o batizou de Francisco e lhe ensinou português e latim. Em 1670, Zumbi foge da paróquia e retorna ao quilombo, onde se torna um verdadeiro líder.
Ao voltar, ele reforça a segurança do quilombo com três entradas guarnecidas cada uma por 200 guerreiros, armadilhas com buracos e o reforço da sentinela com pedras. Ele também atacava os engenhos e liberava escravos, roubava armas e munições.
Após a expulsão dos holandeses, os colonos se voltaram ao cultivo do açúcar e tentaram recuperar os escravos nos quilombos, sinônimos de mão de obra gratuita.
Para isso, capturaram Antônio Soares que divulgou o esconderijo de Zumbi. Depois de números ataques, o bandeirante Domingos Jorge Velho, junto a 9 000 homens bombardeou as defesas do quilombo com poderosos canhões. O Quilombo dos Palmares foi destruído em 1694 e seu líder, Zumbi, morreu em 20 de novembro de 1695, em uma emboscada. Sua cabeça foi decepada e exposta em praça pública em Recife, para dissuadir os escravos a fugir. Com a morte de Zumbi, o quilombo não sobreviveu.
Hoje, o dia 20 de novembro é consagrado ao Dia Nacional da Consciência Negra, em homenagem a Zumbi. Cada ano são realizadas festas, apresentações folclóricas e comemorações, homenageando os que morreram lutando pela liberdade do povo negro.
A cidade Vila Nova Imperatriz, local do quilombo, foi denominada União dos Palmares em 1944 e em 2007 foi inaugurado o Parque Memorial do Quilombo.
Outros quilombos existiram no Brasil, mas, séculos depois, Zumbi, herói negro, continua sendo considerado como o maior símbolo de luta pela liberdade e pela resistência à escravidão.
Laura Rivera
Foto : Mapa da Capitania de Pernambuco, com representação do Quilombo dos Palmares (1667)