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20 avril 2019#CrónicasdoLiceu : No cimo das águas
1 mai 2019O Leiriense João Cardoso, licenciado em Economia pela Universidade Nova de Lisboa é o fundador da Lovys. A paixão pelos projetos dos quais fez e faz parte sente-se em cada palavra que profere. Senhor de um sorriso fácil e de um trato simples, o CEO da Lovys contou o seu percurso pessoal e profissional até chegar a França.
Cap Magellan: João, com trinta e sete anos, viveste já em 6 países. O que motivou tantas mudanças?
João Cardoso: Eu sempre quis estar nos locais que fossem o “epicentro” onde poderia atingir os objetivos que tinha naquele momento. Por exemplo, quando, no último ano de Economia decidi ir estudar para Bruxelas, era um apaixonado por ciência política. Ora, para mim, Bruxelas é a capital política da Europa daí meu interesse e a minha partida. Depois, quando acabei o curso e decidi que tinha de começar a trabalhar no mercado financeiro, era óbvio para mim que Portugal não era o meu destino. Fui para Londres porque é aí a praça financeira da Europa. Podemos fazer um paralelismo com um jogador de futebol. Se ele quiser estar ao melhor nível internacional, tem de jogar nas melhores ligas do mundo. Da mesma forma, nós, para darmos e tirarmos o melhor de nós próprios, temos de estar nos locais certos para crescermos e para nos tornarmos os melhores na nossa profissão.
Cap Magellan: És Licenciado em Economia e começaste a tua carreira profissional na área da finança. Conta-nos como foi esse início.
João Cardoso: Em 2005 quando comecei a trabalhar, foi um ano com imensas fusões e aquisições de empresas. Estando eu numa equipa especial que só fazia “live deals”, andava de um país para o outro sem parar. Eram muitas noites sem dormir. Estive seis anos ligado à finança no Reino Unido.
Cap Magellan: Deduzo que seja então essa base da finança que te dá depois toda a “bagagem” para os projetos que se seguiram.
João Cardoso: Trabalhei 6 anos em Finança, de 2005 a 2011, numa primeira fase em fusões e aquisições e numa segunda fase em investimentos, onde aí se via muito mais o dia-a-dia dos negócios. No entanto o trabalho que aí desenvolvia é muito diferente daquele que é o trabalho de um CEO, sobretudo de uma start-up.
Cap Magellan: Indica-nos então qual é o trabalho que consideras ser o do CEO de uma start-up.
João Cardoso: O trabalho de CEO compreende 4 actividades chaves:
1.º – Pessoas – Criar equipa, cultura da empresa; É a parte humana da empresa;
2.º – Estratégia – Quais os produtos que vamos comercializar, parceiros que teremos;
3.º – Execução – Ter a certeza que estamos a cumprir o “Time-Line” e avançar nos prazos certos;
4.º – Gestão da própria empresa.
No entanto enquanto fundador de uma startup, não existem só estas dimensões a ter em conta. Existem muitas outras coisas a fazer. Por exemplo, se não houver papel cabe-me a mim comprá-lo, ou fazer fotocópias também. Pelo que eu diria que divido o meu tempo entre estas 4 funções que são “chave”, que quase só eu próprio posso fazer, com actividades operacionais. É no fundo trabalhar as quatro áreas primordiais e preencher as lacunas que naturalmente existem no lançamento de uma Start-up.
Cap Magellan: Voltando ao teu trajeto, um dia pegaste nas malas e foste para o Brasil. O que te levou a fazê-lo?
João Cardoso: Passados 6 anos em Londres, na Morgan Stanley, uma Banca de Investimento “pura e dura” decidi que era tempo de sair e fui para o Brasil para criar o primeiro site comparador de seguros. Se vir para França montar a Lovys é uma aventura, ter ido para o Brasil naquele momento foi algo louco. Cheguei ao Brasil, eu e duas malas e “cá vamos nós”.
Cap Magellan: Porquê o Brasil?
João Cardoso: Na altura tínhamos como ideia lançar seguros na internet e no Brasil não havia rigorosamente nada deste género. Era um mercado completamente novo. Um mercado com duzentos milhões de pessoas em que ninguém vendia seguros pela internet. Seduziu-me começar um projeto novo em algo inovador para o Brasil.
Cap Magellan: Qual foi o impacto?
João Cardoso: Quando lá cheguei, diziam-me que era completamente impossível lançar um projeto desses, porque no Brasil só existiam, à data, os corretores de seguros tradicionais. Em 2011, os seguros eram vendidos pela Banca e pelos corretores tradicionais e mais ninguém vendia nada de outra forma…
Cap Magellan: E viste aí uma oportunidade de negócio?
João Cardoso: Fomos os primeiros a vender seguros automóvel na Internet. Mas mais que uma oportunidade de carreira e negócios, foi o desafio em si e o impacto positivo sobre a sociedade que me seduziu. Tínhamos, na equipa, o ideal de marcar a diferença e de fazer algo que tivesse um impacto positivo na sociedade. E conseguimos.
Cap Magellan: Como se chama a empresa e como correu?
João Cardoso: A empresa ficou com o nome de “TACERTO”, mas o nome que originalmente tínhamos escolhido era “TACLARO”. Fomos obrigados a alterar por causa da operadora “CLARO”. Mas a razão de termos escolhido “TACLARO”, tem a ver com a falta de transparência do mercado. Porque não havia qualquer comparação de preço dos seguros. A ideia era pôr “a claro”, o que até agora não era transparente. Temos uma história engraçada no Brasil: Aquando de uma reunião com uma grande empresa do sector, foi-nos dito que tudo fariam para travar o nosso projeto. Não queriam de forma alguma que entrássemos no mercado, porque esta falta de transparência era o que garantia as margens de lucro dessa e de outras empresas do ramo.
Cap Magellan: Mas conseguiram avançar com o projeto?
João Cardoso: A empresa começou comigo e com mais duas pessoas. No final de 2014 eram já mais de 170 pessoas. Era então o maior comparador de seguros existente no Brasil.
Cap Magellan: Ainda existe essa empresa?
João Cardoso: Continua a existir no Brasil e continua a crescer.
Cap Magellan: Em 2016 decidiste deixar o Brasil e voltar à Europa, como é que isso aconteceu?
João Cardoso: Antes de voltar para a Europa estive ainda seis meses nos EUA. Aconteceu porque pensamos que era o momento de sair do Brasil. Com todos os problemas que corroem o Brasil, com a corrupção à cabeça, o Brasil entrou em crise em 2014, numa altura em que nada o fazia prever e a conjuntura internacional era favorável, então decidimos fechar o nosso ciclo lá, deixar a empresa a trabalhar e voltar para a Europa.
Cap Magellan: A França foi a escolha óbvia?
João Cardoso: Na minha leitura e visão pessoal, acho que para criar uma start-up só existem três países possíveis na Europa, devido ao grande mercado interno que possuem – França, Alemanha e Reino Unido. Todos os outros mercados são pequenos. Analisei o Reino Unido, passei seis meses a estudar a opção, mas com todas as questões ligadas ao “BREXIT”, consideramos que não era o momento de nos instalarmos lá.
Cap Magellan: É obrigatório que a instalação de uma start-up se faça num desses três países?
João Cardoso: Não. Nós próprios temos uma equipa considerável em Portugal e não impede que a instalação se faça noutro país. O mercado alvo de uma start-up é que tem de ser bastante grande. Tomemos o exemplo da Suécia, que é um pequeno país, mas tem uma quantidade de multinacionais enorme – IKEA, GANT, SPOTIFY… Isto acontece porque os empreendedores Suecos não têm como mercado alvo o mercado interno, mas sim o mercado internacional, fazendo um produto que se adapte ao mercado internacional.
Cap Magellan: Depois da criação e sucesso no Brasil, decidiste replicar em França, com a Lovys?
João Cardoso: A Lovys é um conceito diferente. Diferente de tudo o que havíamos feito até aqui. Ao contrário do que fizemos no Brasil onde somos um comparador de seguros, dando uma resposta de transparência e de facilidade de acesso ao produto, o desafio na Europa, não é o mesmo, não é dar acesso ao produto, maximizar a escolha. Actualmente a escolha é de tal forma grande, que as pessoas têm demasiado por onde escolher e sentem-se perdidas. O desafio na Europa é a indicação/auxílio às pessoas na escolha do produto que elas precisam, a um preço justo e adaptado às suas necessidades.
Cap Magellan: Passando então à Lovys, explica em que consiste.
João Cardoso: A criação do conceito da Lovys advém de uma constatação muito simples: Nós já vendemos milhares de euros em seguros, mas todos nós estamos mal protegidos. E porque é que isso acontece? Qual seria o seguro ideal para nós? E quando pensamos nisso tornou-se evidente que os seguros são um conjunto de problemas. Comprar o seguro, gerir, tudo isso é complicado e ninguém sabe se está bem ou mal protegido. Para além disso, actualmente as pessoas associam determinadas categorias a um fornecedor. A título de exemplo, se pensarmos em música, pensamos em Spotify, filmes em Netflix. Nós estamos a tentar reinventar toda esta categoria que é a proteção, para que as pessoas associem protecção à Lovys.
Cap Magellan: De que problemas falas quando dizes que os seguros são um conjunto de problemas?
João Cardoso: Diria que são três problemas/desafios: A parte de compra não é ideal. Não é óbvio o que se está a comprar, não se sabe quais as garantias que estás a comprar; A parte de gestão. Se te perguntarem, por exemplo quanto custa, quais sãos as garantias dos seguros que tens, não sabes responder com exatidão. Por fim, quando há um sinistro, estamos sempre com medo de não estarmos bem protegidos, de haver alguma falha, do tempo que vai demorar o reembolso.
Cap Magellan: E em que medida a Lovys se propõe a resolver esses problemas?
João Cardoso: Nós começamos a questionar se não haveria uma maneira diferente de gerir e pensar a proteção. O que seria a gestão de proteção nos dias de hoje. E ficou claro que teríamos de dar uma resposta que possibilitasse no mesmo produto:
1.º – Ter todas as proteções necessárias num único produto;
2.º – O produto deve ser flexível, porque contratos anuais não fazem sentido para nós enquanto geração.
3.º – Um produto pessoal, ou seja não “estandardizado”.
Cap Magellan: O que queres dizer com contratos pessoais, não “estandardizados”?
João Cardoso: Os contratos de seguro tal como os conhecemos não foram feitos para responder às necessidades dos particulares. Foram sim, ”estandardizados” para serem vendidos com as mesmas garantias, em dezenas de milhares de pontos de venda. Quando assim é, não é possível criar um produto à medida das necessidades de cada indivíduo. O formato “pacote” do produto veio dar resposta não às nossas necessidades, mas à forma como o produto estava a ser vendido. Só com uma distribuição digital será possível fugir a esta forma de venda “standard” e distribuir um produto que responda a todas as nossas necessidades individuais, que seja flexível e adaptado a cada um de nós.
Cap Magellan: E os atores tradicionais, as companhias de seguros e os corretores, não estão já eles a fazer o mesmo?
João Cardoso: Atualmente existe muita inovação na área dos seguros, da parte desses actores. Mas não é uma inovação na essência do produto. Alteram um pouco, sem mexer no produto em si e continua a ser impessoal na venda.
Cap Magellan: Consegues dar um exemplo da dita inovação que a Lovys traz a este mercado?
João Cardoso: O que estamos a fazer é responder, por exemplo, a quem necessita de proteger o carro, a casa, o telemóvel e em vez de ter uma constelação de seguros para o efeito, ter apenas um único seguro, um único pagamento mensal para todas as necessidades de proteção. E isto de uma forma simples, tendo acesso à sua conta, sabendo do que está protegido, não protegido e tudo de uma forma digital.
Cap Magellan: Quem quiser comprar através do vosso site, já o pode fazer?
João Cardoso: Temos já disponível o seguro para smartphones e seguro habitação. Em breve teremos o seguro automóvel.
Cap Magellan: Na área dos seguros existe muito a necessidade de os clientes serem acompanhados por um conselheiro que ajude na subscrição, na gestão e nos sinistros. Sendo uma plataforma online conseguirão responder a estas necessidades?
João Cardoso: Teremos de encontrar um equilíbrio entre o digital e a parte humana. Isto porque as necessidades variam muito com a faixa etária e com o estilo de pessoa. Porque, se de um lado podemos dizer que as pessoas não querem perder um dia para irem fisicamente subscrever o seguro, compreendo que uma experiência 100% digital não é a ideal. Temos de encontrar o melhor caminho para que o comprador sinta que tem o melhor dos dois mundos. É facto também que a parte física é realmente muito cara e, de forma a podermos oferecer um preço acessível, temos de evitar a sua existência ao estritamente necessária.
Cap Magellan: Para finalizar e voltando ao teu percurso pessoal, diz-me dos locais onde estiveste, onde viveste, onde trabalhaste, qual foi aquele onde te verias a viver toda a tua vida?
João Cardoso: Vivi coisas fantásticas em cada sítio onde estive. Cada um à sua maneira, com as suas virtudes e defeitos. Não conseguiria determinar um só.
Cap Magellan: Vamos ter o João por cá, ou já estás a pensar dar um salto para outro país, outro projeto?
João Cardoso: Espero estar por cá muito tempo, seria bom sinal. Não tenho, no imediato, qualquer projeto que me leve para outro país. Há diferentes momentos na vida e acho que estamos para ficar na França, onde deveremos tirar o potencial máximo deste projeto.
A Cap Magellan agradece a disponibilidade e o encontro com o João Cardoso.
Consultar o seu site www.lovys.fr
Publicado no 02/04/2019