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14 février 2024Na terça-feira dia 30 de Janeiro de 2024, o professor Fernando Rosas encontrava-se na Fundação Calouste Gulbenkian de Paris, para a apresentação do seu último livro Ensaios de Abril. A Cap Magellan estava presente e teve a sorte de fazer-lhe algumas perguntas.
Cap Magellan: Boa tarde professor Fernando Rosas, espero que esteja tudo bem consigo. Durante a apresentação que acabamos de ouvir, falou da importância dos estudantes durante a Revolução e o processo revolucionário. Acha que, ainda hoje, os jovens têm ou podem ter um tal papel?
Fernando Rosas: Os jovens têm sempre uma grande importância, porque são jovens e porque o futuro os diz mais diretamente respeito a eles do que a qualquer outro grupo da população. O que acho é que hoje, na juventude, há um problema de despolitização, ou pelo menos de politização artificial. Acho que a influência das redes sociais, a manipulação informativa, a tentativa de instrumentalização que a extrema-direita faz, relativamente aos setores juvenis, têm tido resultados, no sentido de desmobilizar, de criar bases de apoio para essas ideias, etc. Portanto, é preciso travar uma luta pedagógica e política junto dos jovens. Tem também a ver com a situação do mundo de hoje: é impossível um jovem ficar indiferente ao que se está a passar. Tudo isso puxa a juventude a ter um papel importante, porque é o futuro dela!
Cap Magellan: Na sua opinião, os 50 anos do 25 de abril podem contribuir a explicar aos jovens que devem votar, politizar-se? O seu livro também pode ajudar?
Fernando Rosas: Claro, sobretudo agora que é uma data redonda, 50 anos. É uma boa oportunidade para organizar discussões e debates sobre todos os problemas da situação atual, no país e no mundo. Nesse sentido, acho que comemorar verdadeiramente o 25 de abril não é só fazer a festa: é debater as ideias, é discutir, é chamar atenção para os problemas. Naturalmente, esse trabalho deve ser em grande parte dirigido para os jovens, que são uma camada decisiva para decidir o que se vai fazer no futuro.
Cap Magellan: Hoje éramos poucos jovens. Como incentivá-los mais e levá-los até conferências como esta?
Fernando Rosas: Mais até que chegar a estas conferências, é os jovens fazerem eles-próprios as suas conferências, ou seja reunirem-se para discutir as coisas que são importantes: as questões do racismo, da imigração, da guerra e da paz, da justiça social, do clima, etc. São questões pelas quais os jovens devem se organizar entre eles. Não é preciso nenhum guru de fora para explicar o que devem fazer. Têm que ter a iniciativa de organizar-se e de pôr as suas questões, etc. Foi isso que se fez nas universidades na altura do 25 de abril! As pessoas juntaram-se, nas associações de estudantes e fora, para lutar contra a guerra e pela democracia, contra a ditadura. Não houve nenhum Deus supremo que lhes disse o que deviam fazer: fizeram. Agora é a mesma coisa. É preciso ir ao encontro dos problemas que os jovens têm: ter habitação, um clima seguro, um salário decente, etc. É preciso começar por aí: é preciso começar por falar aos jovens nos problemas que têm. Sobre os seus problemas vão falar de certeza e vão discutir sobre melhores soluções.
Cap Magellan: Para acabar, tem uma mensagem para os jovens lusodescendentes?
Fernando Rosas: Os jovens lusodescendentes, que são portugueses, que têm direito a voto, devem votar. Devem esclarecer-se, discutir e votar. A melhor forma de não fazer nada, de permitir o desastre, é ficar à parte. O voto tem a ver connosco e com o futuro. Ter 18 anos significa ter o dever de contribuir para formar a vontade do povo. Portanto: informem-se, discutam, reúnem-se, votem.
Cap Magellan: Obrigada professor pelo seu tempo! Eu vou votar e espero que todos os jovens lusodescendentes também.
Relembramos o quanto é importante votar durante as eleições que estão a chegar. O papel dos jovens é importante ainda hoje. A Cap Magellan está aqui para ajudá-los a ter acesso às informações necessárias para poderem construir as suas próprias opiniões e também para terem acesso ao voto, mesmo sendo residentes no estrangeiro.
Entrevista realizada pela Julie Carvalho