Interview avec Jorge Afonso Rapazote l’auteur du livre “C’est où chez moi”
5 avril 2024Interview avec Madeleine Pereira auteur de la BD Borboleta
9 avril 2024A batalha de la Lys teve lugar entre os dias 9 e 29 de abril de 1918 , e foi uma ofensiva militar alemã focada ao norte da fronteira franco-belga, na região das Flandres, durante a Primeira Grande Guerra. Esta ofensiva, também conhecida como a operação Georgette, foi planeada pelo general Erich Ludendorff com planos de tomar de vez a região de Ypres e expulsar os britânicos dos portos belgas.
A partir de 1916, Portugal entra na guerra como Aliado, o que o levou a participar na batalha de la Lys. Para ajudar os aliados, Portugal mandou duas divisões, mas foi a 2.ª divisão que estava
presente na frente de combate junto do 11.º Corpo Britânico no dia 9 de abril 1918. A 2.ª divisão do Corpo Expedicionário Português (CEP) era constituída por cerca de 20 000 homens e comandada pelo general Gomes da Costa.
Na madrugada do dia 9 de abril de 1918, a ofensiva alemã lançou obus entre La Bassée et Armentières, onde estavam baseados os britânicos. A seguir, às 8 da manhã, o 6.º exército alemão, comandado pelo general von Quast, atacaram de surpresa as 55º 40º e 34º divisões britânicas e a 2ª divisão portuguesa que se encontrava entre o canal de La Bassée et la Lys.
Depois deste ataque, a 2.ª divisão portuguesa ficou quase destruída e, pela mesma razão, decidiram recuar, o que levou também ao recuo de várias divisões do 1º exército britânico. Durante a noite deste mesmo dia, as tropas alemãs passaram la Lys e la Lawe, incendiaram Estaires e avançaram de 10 quilómetros na zona aliada, capturando assim 10 000 soldados.
A participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial ficou nas memórias como um evento negativo por causa desta batalha que é considerada como o maior desastre militar português depois da batalha de Alcácer-Quibir em 1578. As tropas portuguesas deploraram, no final da batalha, 1 341 mortos, 4 626 feridos, 1 932 desaparecidos e 7 440 prisioneiros. Estes números foram contestados em vários estudos por historiadores.
Nesta batalha, a 2.ª divisão do CEP perdeu muitas vidas, mas também houve soldados que se distinguiram. Entre esses soldados, um ficou na história: o soldado Milhões. Este soldado chamava-se Aníbal Augusto Milhais e era natural de Valongo em Murça. Aníbal ficou na sua trincheira sozinho com uma metralhadora Lewis, conhecida pelos combatentes lusos como a Luisa. Sozinho e com
a sua coragem, enfrentou as colunas alemãs através do seu caminho.
Ao cabo de quatro dias, o soldado Milhões encontrou um major escocês que estava afogando-se num pântano e salvou-o. Esta mesma pessoa foi a que deu conta ao exército aliado das proezas do soldado. Depois de todos os eventos, o soldado Milhões regressou a um acampamento português onde um comandante acolheu-o dizendolhe “Tu és Milhais, mas vales Milhões”. Albino Augusto Milhais foi o único soldado português da Primeira Guerra Mundial a ser condecorado com o colar da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. Esta condecoração é a mais alta existente no país.
Este ano festejamos os 106 anos da batalha de La Lys. Assim, haverá várias cerimónias para honrar a memória dos combatentes portugueses presentes na batalha.
Helena Florindo, étudiante en LEA à l’Université Paris-VIII
Foto: © Wikimedia