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    Era mais um dia normal. Pedro sentado em sua cama, pacientemente esperaria seu café da manhã, seus alívios, sua rotina. Longe dali seria uma quarta-feira, porém, enclausurados os dias adquiriam a normalidade de seus viventes.

    As ordens foram subvertidas, cada qual possuía sua semana, seus dias, suas horas. Para uns a semana, três dias; para outros, oito; para alguns, seis. E por mais ilógico que possa parecer, todas as semanas tinham seus domingos. E todos os domingos caiam no mesmo dia. O mesmo domingo que seria longe dali.

    Para Pedro, a semana era curta. Seus longos três dias foram subvertidos e renomeados. Suas feiras mudaram-se para Sertralina, Paroxetina, Fluoxetina. Mas seus domingos mantêm-se os mesmos. Os mesmos que longe dali.

    E seus três dias se revezavam com mesma tranquilidade e ordem com que Pedro calmamente levantava-se, caminhava até o refeitório, sorvia seu café, sua torrada, e seu alívio. Pedro resumia a estranha incompreensão sobre o local e seus freqüentadores.

    Longe dali faziam-lhe correr nu pelos corredores, aos berros, aos urros, aos ganidos; rasgavam-lhe a roupa, arrancavam-lhe seus parcos cabelos, amarravam-lhe camisas, mas Pedro permanecia recluso a sua tranqüilidade.

    Na verdade, os que com ele conviviam assistiam aos seus passeios, ao seu lento caminhar, à sua feição simples e sempre plácida. Nunca o viram como aqueles insanos longe dali que o faziam cometer atrocidades e os mais hediondos atos.

    Pedro calmamente levanta-se, despe-se o pijama, cobre-se com panos ordinários e desgastados, e direciona-se ao corredor. Nu.

    Nu está o corredor. O refeitório vazio. O café ausente.

    Pedro caminha. As portas abertas, as camas desarrumadas. O branco imaculado. Tudo sempre em ordem. Menos as pessoas. As pessoas nunca estão em ordem. Exceto Pedro.

    Foram as pessoas que extirparam a ordem de Pedro…

    Era mais um dia normal. Pedro sentado em sua cama, pacientemente esperaria seu café da manhã, seu alívio, sua rotina. Longe dali seria uma quarta-feira…

    Pedro caminha, tudo abandonado. Os portões abertos, seus bons dias sem respostas. Sua xícara vazia, seu prato vazio, seu alívio. Mas Pedro persiste. Percorre seu caminho habitual, senta ao mesmo canto de mesa, gasta o mesmo tempo.

    Retorna ao mesmo quarto. Apruma-se. Senta-se na mesma posição à cama. E aguarda. Pelo mesmo tempo. Mas o silêncio anunciava-se estranhamente. O silêncio sempre a quebrar os espelhos da rotina. E Pedro ainda aguardava. Agora com a extraordinária ausência em seu estômago, e com a angustiante quietude do lugar.

    De tanto aguardar o dia cansou-se de Pedro. Quedou-se. Pedro dormiu.

    Era mais um dia normal. Pedro sentado em sua cama, pacientemente esperaria seu café da manhã, seu alívio, sua rotina. Longe dali seria uma quarta, ou melhor, uma quinta-feira…

    Pedro agora acorda. Levanta-se. Percorre calmamente o silencioso e frio corredor. O mesmo canto de mesa o aguarda. A velha xícara, o desgastado prato. Pedro come o nada, sorve o vazio. Gasta o mesmo tempo. Caminha, retorna ao quarto. Arruma-se para a visita diária. E aguarda.

    Aguarda a visita que não vem. Aguarda o homem de branco, que não vem. Aguarda.

    Era mais um dia e Pedro já desconfia de não tão normal. Pedro sentado em sua cama, pacientemente esperaria seu café da manhã, seu alívio, sua rotina. Longe dali seria uma quarta, ou melhor, uma quinta-feira, já na sexta-feira…

    Pedro ainda persiste. Percorre o mesmo périplo. Sorve o café inexistente, saboreia as torradas imaginárias. Apruma-se na cama, e aguarda.

    Era mais um dia…

    Pedro ainda…

    Era mais um…

    Pedro…

    Longe dali agora era domingo. Longe dali sorrisos se esboçam ao analisarem os vídeos (re)produzidos pelas câmeras de vigilância do manicômio. Era domingo, e Pedro finalmente ficara louco.

     

    Fernando Floriani Petry
    Série de Tribunes écrites par les étudiants de l’Université Lumière Lyon 2
    capmag@capmagellan.org

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