Cap Magellan – #Agitateur Lusophone depuis 1991 – LogoCap Magellan – #Agitateur Lusophone depuis 1991 – LogoCap Magellan – #Agitateur Lusophone depuis 1991 – LogoCap Magellan – #Agitateur Lusophone depuis 1991 – Logo
  • Qui Sommes-Nous ?
    • Nos Missions
    • Equip(ag)e
    • 30 ans d’Histoire
  • Nos Actions
    • Nos Campagnes
      • Sécur’Été – Verão em Portugal : 2022
      • Quota 7% pour les lusodescendants – étudier au Portugal
      • Etats Généraux de la Lusodescendance
    • Citoyenneté
    • Culture
    • Infos et Langue Portugaise
    • Emploi
  • Actus Luso
    • Agenda Luso
    • Eco & Co
    • Culture
    • Tourisme
    • Sport
    • Interviews
    • Les Actus du Citoyen
    • Tribune d’Opinion
  • Jeunes Futés
    • Études et Financements
      • Valorise tes compétences
      • Garde ta tirelire
      • Passe à l’international
      • Trouve un job
      • Et pense au reste!
      • Guide pratique pour s’installer et vivre en France
    • Portraits Futés
  • Galerie
  • Publications
    • CAPMag
    • Guide de l’été
    • CAPMag Junior
    • Jeux
    • Guide LusoSup
    • Guide pratique pour s’installer en France
  • Presse
    • Communiqués de Presse
    • Tout le monde en parle
✕

Ricardo Ribeiro, o fadista filósofo

  • Home
  • Actualités Actualités-Interview
  • Ricardo Ribeiro, o fadista filósofo
São Martinho à Paris
6 décembre 2016
Une fin d’année solidaire
7 décembre 2016
Published by editeur on 6 décembre 2016
Categories
  • Actualités-Interview
Tags

 

Ricardo Ribeiro nasceu em Lisboa, a 19 de agosto de 1981. Tem uma voz inconfundível, com um timbre de uma exemplar riqueza e com uma potência que faz lembrar os maiores cantores de ópera. O seu quinto álbum a solo saiu este ano em abril e intitula-se “Hoje é assim, amanhã não sei”, e estará em concerto em França dia 10 de novembro em Epinay-sur-Seine, dia 20 de janeiro de 2017 em Rouen, dia 21 no Théâtre de la Ville em Paris e dia 22 em Beauvais.

 

 

CAPMag: Para o Portugueses em França que ainda teriam a infelicidade de não conhecer o Ricardo Ribeiro, pode-nos contar um pouco da sua história. Começou a cantar muito cedo, e disse várias vezes que nasceu para o fado, nunca pensou enveredar por outro caminho?

Ricardo Ribeiro: Tive muitas hesitações, sim, umas vezes tive desejo de ser padre outras de ser veterinário, mas a música falou sempre mais alto, e nomeadamente o fado falou sempre mais alto. E a minha história… comecei a cantar muito cedo, desde pequenino, no início cantava para a família e amigos e estreei-me em público aos doze anos numa coletividade de cultura e recreio. Eu acredito no destino, e a vida obrigou-me sempre a vir por aqui.

 

CM: O Ricardo já possui uma carreira sólida tanto em Portugal como no estrangeiro. Nota diferenças no público? Quando canta em Portugal, em França ou em Marrocos por exemplo?

RR: O público é diferente, claro, as culturas são diferentes, cada povo tem a sua maneira de expressar, mas quando o público sente a verdade do artista, as barreiras linguísticas, por exemplo, são ultrapassadas. Quando se percebe a letra, o acesso é mais fácil, o recetor percebe logo a mensagem através da letra, mas mesmo aqueles que não compreendem, percebem a verdade do artista. A música foi a primeira forma de comunicar sem partilharmos a mesma língua, a mesma cultura, a mesma forma de ser e de estar. A verdade na música é universal.

 

CM: Quando olho para as atuações do Ricardo, penso muitas vezes na ópera, e em como o cantor tem de ser também ator, tem de encarnar um personagem. Sente que o fadista tem de ser este artista completo?

RR: Sim, sem dúvida, temos de ser atores, de encarnar personagens consoante as letras das músicas. Por vezes a história não tem bem a ver connosco, e nós então encarnamos um personagem. Mas pessoalmente prefiro que tenha a ver comigo, com a minha vida, que haja verdade, que as letras tenham a ver com minha experiência, com algo que tenha vivido ou com algo com o qual me identifique.

 

 

CM: Quando se lê as suas entrevistas, ressente-se uma busca prática, mas igualmente teórica sobre a sua arte. Ou seja, o Ricardo é não somente um artista, mas igualmente um filósofo do fado. O que é para si o fado, e qual é o elemento que o distingue de todos os outros géneros de música?

RR: Obrigado pelo elogio de filósofo, mas isso é muito arriscado, gostava de ser, mas não sou. O fado é muito terra-a-terra, a orgânica, o seu modo de fazer, é simples, mas provoca um efeito profundo até nos próprios músicos e fadistas e não só no público. O fado é uma cantiga profunda muito rica poeticamente, e precisa de ser considerada com profundidade e não com ligeireza. Depois evidentemente, existem fados mais ligeiros, mais alegres claro, mas o fado é isso mesmo, canta a vida e a vida tem de tudo.

 

CM: Disse em algumas entrevistas que ambicionava ser mais do que um mensageiro, que gostaria de chegar a um ponto em que seria a mensagem. Pode-nos falar mais sobre isso?

RR: O que importa é a mensagem e não o mensageiro. Então, talvez um dia eu consiga vir a ser a própria mensagem. Evidentemente que é um bocadinho uma prepotência da minha parte, de alguma maneira é uma arrogância, mas é o objetivo de qualquer artista que a sua obra sobreviva de tal maneira mais do que ele próprio, evidentemente que a obra está ligada ao artista. Até aqui sou o mensageiro, repito, talvez um dia tenha capacidade para ser a mensagem. Mas isso não sou eu que vou definir, é o tempo, e aquilo que o tempo me deixar fazer em termos de obra. E depois quando eu desaparecer deste mundo, se a minha obra sobreviver, e se aquilo que eu fiz e deixar for lembrado e perpetuado, então aí sim deixarei de ser o mensageiro para ser a mensagem.

 

 

CM: Desde há alguns anos que se põe a questão da inovação no fado. O Ricardo tem este dom de conseguir inovar, de fazer diferente guardando a essência. Qual é o seu segredo? E essa é uma preocupação sua?

RR: Eu não tenho nenhuma bandeira, nem sou curador de museu para achar que faço melhor que o outro e não tenho autoridade para dizer que este está mal ou está bem, ou que eu tento é preservar determinadas características incutindo a minha marca pessoal, a minha sensibilidade. No fundo é cozinhar no caldeirão chamado Ricardo Ribeiro, cozinhar tudo aquilo que está aqui por dentro e tentar que venha algo para fora. Um dos maiores elogios que me fizeram na vida, foi “você canta como um velho, como um velho novo”. E isso tem a ver com a maturidade, tem a ver com uma questão de linguajar. E o fado tem o seu linguajar. Mas o fado nunca foi uma cantiga que se prestasse a estar estática, sem mudar, sem novas ideias, foi precisamente o contrário, sempre viveu de novas componentes.

 

CM: Podia-nos falar um pouco do seu novo álbum “Hoje é assim, amanhã não sei”. O título tem algo de aceitação do destino, é um pouco fatalista. O Ricardo acha que o que nos acontece já estava escrito ou que somos nós que fazemos o nosso destino?

RR: Quando me fazem essa pergunta gosto sempre de responder com uma frase de Schopenhauer que dizia “O destino baralha as cartas e a gente joga” e ainda do professor Agostinho da Silva que dizia “Tento ao máximo não fazer planos para a vida para não estragar os planos que a vida possa ter para mim.”

 

CM: “Hoje é assim amanhã, não sei”, na verdade não é pessimista, é uma aceitação realista…

RR: Sim, exatamente é uma aceitação porque quer seja aceitar a tristeza quer seja aceitar a alegria, já é um passo para se viver lucidamente. Quando se aceita a alegria, sabe-se que mais tarde ou mais cedo virá a tristeza, quando se aceita a tristeza sabe-se que mais tarde ou mais cedo, vem a alegria. Porque tudo muda, nada é estático, nada é parado.

 

CM: É quase uma espécie de curiosidade, deixa cá ver o que o destino nos reserva, deixa cá ver o que nos vai acontecer hoje…

RR: Exatamente, a cartas foram baralhadas, uma foi jogada, a outra foi deitada fora, outra foi guardada agora vamos a ver o que vai dar esta jogada. Não é um jogo mas quase.

 

 

CM: Qual é o sonho artístico do Ricardo. Onde gostaria ainda de chegar, o que gostaria ainda de fazer?

RR: Eu não tenho um sonho artístico, porque a minha vida já é um sonho artístico. O que tenho é um ideal estético, um ideal de beleza para construir uma obra.

 

CM: Mas já atingiu esse ideal estético ou ainda está à procura? Acha que é sempre um trabalho ainda em progresso…

RR: É isso, é sempre um trabalho constante. Considero a vida que levo e como a vou vivendo como um sonho, porque uma pessoa, que vai fazendo bem aos outros através daquilo que canta e vai conseguindo passo a passo construir alguma coisa já é um sonho, sobretudo nos dias que correm.

 

CM: Imagino que por vezes chega a um momento em que olha para si de fora, e pensa “olha o rapaz que eu sou agora, a pessoa em que me tornei”…

RR: Sim, muitas vezes. Por vezes fico muito danado com certos disparates que faço. Sabe que eu tenho 35 anos mas às vezes sou muito infantil.

 

CM: Se calhar é importante guardar essa faceta…

RR: Sim, olho de fora e digo mais um disparate, não deverias ter feito. Mas como diria Nietzsche, um homem só chega à maturidade quando brincar com seriedade com os brinquedos que brincava na infância, eu vou tentando, mas não consigo todos os dias.

 

A CAPMag agradece a disponibilidade, o bom humor e a partilha de sabedoria do Ricardo Ribeiro.

 

Luisa Semedo

Share
0
editeur
editeur

Related posts

Alma Viva de Cristèle Alves Meira / Tandem

27 mars 2023

Rencontre avec Cristèle Alves Meira, réalisatrice du film Alma Viva


Read more
3 février 2023

Vagabom’dia : Rendez-vous au 4L Trophy


Read more

Photo : L'histoire du Portugal dans mon assiette de Tiago Martins, éditions Cadamoste

24 novembre 2022

Quand l’histoire du Portugal s’invite à nos tables !


Read more

Retrouvez l'association Cap Magellan sur :
Facebook - Instagram - twitter - TikTok - Linkedin - Youtube

Conditions Générales d'Utilisation

Contacts:

E-mail : info@capmagellan.org
Tel : +331 79 35 11 00

Adresse : 7, Avenue de la Porte de Vanves – 75014 Paris

Recherche

✕
© Cap Magellan 2022