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#CrónicasdoLiceu : Os filhos do vento

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À conversa com a Teresa Villaverde
1 juin 2019
#CrónicasdoLiceu : Um pequeno cabo da Ásia?
1 juin 2019
Published by editeur on 1 juin 2019
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Os Ciganos constituem a mais antiga minoria étnica presente no continente europeu. Contudo, este povo continua estranho para muitos, suscitando sentimentos ambivalentes que se perdem entre cativantes fantasias envoltas de mistérios e representações xenófobas e racistas. Para muito contribuiu o facto da tradição oral ser o veículo privilegiado do seu património cultural. Os estudos sobre a memória cigana são escassos e quase sempre fruto do trabalho de investigadores alheios à comunidade.

A sua história e os fundamentos da sua cultura têm sido exarados por outros. As primeiras narrações são confusas e em grande parte ficcionadas. Confundem ciganos com aventureiros, missionários ou ainda viajantes, contribuindo para a visão deturpada que chegou até nós. Não será difícil entender os erros de apreciação, as generalizações defeituosas, os julgamentos oblíquos que daí advieram. Assim se criou um imaginário social em larga medida discriminatório e preconceituoso que, para além da nossa incultura, explica em parte a situação atual.

A presença dos Ciganos na Península Ibérica e no mundo lusófono tem mais de seis séculos. É em Portugal e no Brasil que se encontram as populações mais numerosas, sendo o Brasil, a seguir à Roménia, o país com a maior comunidade no mundo. São há muito tempo cidadãos da Nação e parte integrante das histórias nacionais. E de pleno direito. São elementos enriquecedores das culturas dos países em que vivem. Mas a história da presença cigana fez-se de exclusão e perseguição, numa tensão permanente. Vejamos.

Nos finais do século XIV, populações oriundas dos Balcãs, e da Grécia em particular, refugiam-se no sul de Itália perante o avanço otomano. As ilhas da Sicília e da Sardenha encontravam-se, nessa altura, sob domínio da Coroa de Aragão. Entre os povos refugiados contava-se uma importante comunidade cigana que, por serem originários da Grécia, são chamados de “gregos”. Em 1492 e 1496 respetivamente, os monarcas de Espanha e Portugal decretam a expulsão dos Judeus dos seus territórios. A falta de gente qualificada em certas profissões leva à necessidade de recrutar mesteirais. É desta forma que chegam à Península Ibérica os primeiros ciganos. A Farsa das Ciganas, de Gil Vicente, representada pela primeira vez, em 1525, perante o rei D. João III, atesta da presença em terras lusas. Porém, o mesmo monarca ordena a expulsão dos Ciganos de Portugal no ano seguinte. Iniciava-se a perseguição em terras portuguesas. Mas a medida é de difícil aplicação. É face à necessidade de povoar com gente suficiente as novas terras ocupadas em África e no Brasil, que D. João III legisla novamente, em 1538. Assim, condena os “gregos” ao degredo nas colónias. Chegam ao continente americano pessoas que se tinham especializado no tratamento dos animais, em particular tratadores e amestradores de cavalos. O primeiro documento atestando dessa chegada data de 1563 e diz respeito a um indivíduo cigano, João de Torres, que é degredado para o Brasil durante quatro anos. É no contexto da economia de plantação da cana-de-açúcar, e da organização esclavagista que lhe é inerente, que os Ciganos se instalam no Brasil. São requisitados em grande número para cuidar dos cavalos e das pessoas escravizadas. Alguns orientar-se-ão mais tarde para uma atividade mais lucrativa, o tráfico negreiro. No século XVII, chega-se a sugerir uma deportação definitiva dos Ciganos para o Brasil e Angola, porém, os Ciganos tornaram-se indispensáveis nas armadas reais, em particular durante as guerras da Restauração, assim como na reconstrução de Lisboa após o terramoto de 1755. Mas a ascensão do Marquês de Pombal marca um novo período de segregação, como o atestam documentos de lei que visam especificamente a comunidade cigana: o tórrido calor equatorial de São Tomé e Príncipe passava a ser o destino dos ciganos que transgredissem a lei. No século XIX, por altura do exílio da corte portuguesa no Rio de Janeiro, os relatos da presença cigana no Brasil multiplicam-se. Frequentemente racistas, denunciam nos Ciganos a suposta falta de moralidade, o espírito perverso, a ociosidade e o gosto desmedido pelos festejos. Durante a segunda metade do século XIX, a imigração europeia intensifica-se em direção ao continente americano. Chegam assim ao Brasil novos grupos de Ciganos, sobretudo oriundos da Europa Central, com o intuito de suprir a falta de mão de obra. Entre eles, os antepassados de Juscelino Kubitschek, futuro presidente da República e um dos grandes responsáveis pelo surgimento da nova capital, Brasília.

            A história dos “filhos do vento”, como são por vezes chamados, é longa e singular. Muito contribuiu a velha Europa para os frequentes episódios de ódio que sofreram. O genocídio pelo regime nazi, elemento da história da 2a Guerra Mundial frequentemente esquecido, é sem dúvida um dos acontecimentos mais trágicos. Hoje, a “ciganofobia” continua bem presente. O reconhecimento da história, da cultura, da contribuição deste povo para o património mundial é o primeiro passo para quebrar a ignorância e o preconceito que muitos nutrem.

 

Miguel Guerra
Professor de História
SIP – Liceu Internacional deSaint-Germain-en-Laye
SIP – Liceu Alexandre Dumas de Saint-Cloud
capmag@capmagellan.org

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