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27 février 2019#CrónicasdoLiceu : Cada homem é uma raça
1 mars 2019Como anunciado, às 21 horas de dia 19 de fevereiro a cantora Mayra Andrade subiu ao palco da sala de concertos parisiense La Cigale. A sala La Cigale existe desde 1887 e já por lá passaram artistas de renome nacional e internacional como Johnny Hallyday, Prince, Red Hot Chili Peppers, David Bowie, Iggy Pop ou Led Zeppelin.
Acompanhada dos seus quatro músicos (percussão, guitarra, baixo, teclas) a cantora, que festejou os seus trinta e quatro anos poucos dias antes, no dia 13 de fevereiro, trouxe a festa para o palco da La Cigale e apresentou o seu novo álbum, intitulado “Manga”.
O álbum, lançado em fevereiro, cinco anos depois de «Lovely Difficult», é já um álbum de referência com uma nova sonoridade, uma música ao mesmo tempo mais contemporânea e voltada para o continente africano, uma mistura saborosa e autêntica entre o Afrobeat, a música urbana e a música tradicional de Cabo Verde. Mayra Andrade defende no seu site internet “nunca ter estado tão perto de seu tempo e de si mesma com este novo álbum de raiz cantado em crioulo cabo-verdiano e português”. Gravada entre Paris e Abidjan, Mayra explora mais uma vez um novo território musical, colaborando com o seu amigo e músico Kim Alves e dois jovens beatmakers promissores: 2B e Akatché, originários da cena musical urbana de Abidjan e Dakar (próximos de Sidiki Diabate, Wizkid e Mr Eazy), e ainda 2B Romain Bilharz (Stromae, Ayo, Feist, …) que assegura a realização do álbum. «Afeto», o primeiro single extraído do disco é anunciado como a síntese perfeita entre os tons musicais orgânicos e a produção moderna nigeriana que o acompanha.
Apesar do álbum “Manga” ser uma novidade, o público, numa sala com lotação esgotada, conhecia de cor todas as canções e acompanhava como uma coral, como uma segunda voz, a intérprete. Era visível o contentamento da artista e dos seus músicos face ao acolhimento caloroso dos presentes.
Mayra Andrade navegou não somente nas canções, mas também nas suas intervenções faladas, coloridas de muito humor, entre o português, o crioulo, o francês e o inglês.
A artista nasceu em 1985 em Havana de pais cabo-verdianos tendo adquirido a nacionalidade cubana, passou o início da sua infância na cidade da Praia, em Cabo Verde e aos seis anos, viajou com a sua mãe e o padrasto diplomata, para o Senegal, Angola e a Alemanha. Começou a cantar quando regressou a Cabo Verde aos quatorze anos.
Em 2006, a cantora lançou finalmente o seu primeiro álbum – intitulado “Navega” que foi gravado em Paris, Brasil e Cuba, e andou em digressão com uma banda de oito músicos para apresentar as suas músicas. Lançou em 2009 o albúm “Stória, Stória”. Em seguida, gravou com um trio concertos para a rádio FIP e a gravação serviu de base ao álbum seguinte, “Studio 105” editado em 2010. Em 2013 gravou “Lovely Difficult” que a cantora descreve como um paradoxo, pois “trata-se de um álbum mais diversificado e pessoal. Sou uma mulher do meu tempo, afetada por inúmeras influências. Nunca compus ou cantei em tantos idiomas.”
Ao finalizar o concerto, e já no seu segundo encore, Mayra brincou dizendo que ia cantar uma cantiga de embalar para acalmar os ânimos. A canção escolhida foi “Guardar mais”, uma bonita balada cantada em português e que garante que “não há crise que resista para sempre”.
Mayra Andrade vai continuar a sua tournée internacional por Portugal, Angola, Cabo Verde, Turquia, Reino Unido, Holanda e Itália voltando, entretanto, a França com várias datas em março e abril.
Luísa Semedo
capmag@capmagellan.org